Embora a filiação partidária seja um tema clássico da agenda de ciência política, segue essa sendo relativamente pouco estudada. Igualmente, as ferramentas teórico-analíticas presentes na literatura estão muito centradas no contexto europeu, associadas geralmente ao contexto histórico da chamada crise de representação política. Propomos uma forma alternativa de se compreender a filiação: o ciclo da filiação partidária. Definimos a filiação como sendo composta de três elementos interdependentes: o recrutamento partidário, a ação partidária e o desligamento partidário. Em um primeiro momento, voltamo-nos à literatura internacional, buscando entender seus avanços a partir da óptica de nosso conceito de ciclo da filiação. Em seguida, analisamos cada etapa do ciclo a partir do contexto brasileiro. Utilizamos para tal a base pública de dados de filiação do TSE. Em linhas gerais, podemos concluir que cada etapa do ciclo de filiação possui forte relação com o ciclo eleitoral brasileiro. Além disso, temos indícios de que políticos profissionais e membros-base comportam-se de maneira distinta dentro dos partidos. Por fim, que as mudanças institucionais realizadas ao longo do período democrático têm impacto profundo na organização partidária de maneira geral.

Although party membership is a classic theme in political science, it still is a relatively understudied subject. Moreover, theoretical-analytical tools present in the literature are too much focused on the European context, while at the same time being associated with the historical context of the so-called crisis of political representation. We propose an alternative way of understanding party membership: the cycle of party membership. We define party membership as being composed of three interdependent elements: party recruitment, party participation, and party departure. At first, we turn to the international literature, trying to understand its advances from the perspective of our concept of membership cycle. Next, we analyze each stage of the cycle from the Brazilian context, using the public database of party membership provided by the TSE. In general terms, we can conclude that each stage of the party membership cycle in Brazil has a strong relationship with the electoral cycle. Furthermore, we have indications that professional politicians and base members behave differently within parties. Finally, institutional changes throughout the Brazilian democratic period seems to have a profound impact on party organization in general.