O ponto de partida deste estudo é o núcleo conceitual específico da teoria política moderna, composto por alguns conceitos com raízes na filosofia política do século XVIII, tais como "Esclarecimento", "emancipação", "individualismo", "legitimidade", "indivíduo" e "Estado", bem como por conceitos pertencents à teoria política contemporânea, especificamente, "social-democracia" e "Estado de bem-estar". Nesse arcabouço conceitual, a filosofia política moderna se organizou de forma a assegurar legitimidade política ao Estado moderno perante o indivíduo, no contexto do projeto iluminista de emancipação do homem. Nesse contexto, individualismo e liberalismo estavam fundidos. Inspirado pela historiografia conceitual (Koselleck), a legitimidade política se torna então um permanente e insolúvel problema - devido à dialética entre moral e política, o Iluminismo iniciou um processo contínuo de crítica e crise do poder político. Isso significa que as críticas ao Estado de bem-estar e à social-democracia não serão vistas simplesmente no pano de fundo da "crise fiscal", mas como a versão contemporânea da dinâmica aporética da filosofia política moderna, como o ponto culminante do inacabado projeto do Esclarecimento. Nessa perspectiva, a apresentação das críticas à social-democracia e ao Estado de bem-estar mostra como a idéia de individualismo, valor típico do liberalismo clássico, foi reconstruída pela nova direita, de um lado; traduzida e incorporada em uma versão muito peculiar pela nova esquerda, de outro. Essa discussão, finalmente, recupera a dialética do Esclarecimento e a crise do indivíduo; e permite formular algumas perguntas sobre o futuro da teoria política em relação a seu problema central: legitimidade política e emancipação

The point of departure for this study is the conceptual kernel specific to the modern political theory composed by some concepts which find its roots in the 18th century political philosophy, such as "Enlightenment", "emancipation", "individualism", "legitimacy", "individual" and "State", as well as by concepts belonging to the contemporary political theory, namelly "social democracy" and "welfare State". Within this conceptual framework the political philosophy of modernity organized itself to provide political legitimacy to the modern State before the individual, in the context of a project of Enlightenment and emancipation of man. In this context, individualism and liberalism were fused together. Inspired by conceptual historiography (Koselleck), the political legitimacy turns then into a permanent and insolvable problem - due to the dialectics of moral and politics, the Enlightenment triggered a continuous process of critic and crises of political power. This means that the critics against the welfare State and the social democracy will not be seen simply in the background of a "fiscal crises", but as the contemporary fashion of the aporetic dynamics of modern political philosophy, as the culminating point of the unfinished project of Enlightenment. In this perspective, the presentation of the critics to social democracy and to the welfare State shows how an idea of individualism, typical value of classical liberalism, was rebuilt by the new right on the one hand; translated and incorporated in a very peculiar fashion by the new left on the other hand. This discussion recovers finally the dialectics of Enlightenment and the crises of the individual and allows asking some questions about the future of political theory concerning its main problem: political legitimacy and emancipation