A teoria do voto econômico alcançou um estágio de seu desenvolvimento em que os pesquisadores estão interessados em testar se os eleitores levam expectativas em consideração ao avaliar políticos, em contraste com percepções retrospectivas. Essa dicotomia foi nomeada, de maneira muito hábil por MacKuen, Erikson e Stimson (1992), como uma entre camponesas e banqueiros; as primeiras avaliariam somente o bem-estar passado e presente, enquanto os segundos estariam primariamente interessados na economia futura. Testamos esses efeitos para o contexto brasileiro, empregando o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) disponível a partir dos anos 1990, logo após a adoção do Real como moeda oficial do Brasil, até o presente momento. Os achados apontam para um ligeiro, porém significante efeito, tanto das expectativas quanto das avaliações retrospectivas, sobre a popularidade do presidente. Mais ainda, o efeito positivo das taxas de inflação sobre aprovação é consistente através de diferentes especificações. Estes resultados sugerem que, apesar da (falta de) clareza institucional, alguma racionalidade pode ser encontrada em outros eleitorados, para além do americano. Além disso, as conclusões indicam que a economia política do presidencialismo brasileiro é mediada principalmente pelas taxas de inflação nas décadas recentes, como já foi sugerido por trabalhos anteriores.

Economic voting theory has reached a stage in its development where researchers are interested in testing whether voters consider expectations when evaluating politicians, in contrast to retrospective perceptions. This dichotomy has been cleverly named by MacKuen, Erikson, and Stimson (1992) as one between peasants and bankers; the former would solely evaluate past and present well-being, whereas the latter would be interested primarily in the future economy. We test these effects for the Brazilian context, employing an Index of Consumer Confidence (ICC) available starting in the 1990s, right after the real was adopted as Brazil's official currency and up until the present day. The findings point to a mild yet significant effect of both expectations and retrospections on presidential popularity. Moreover, the positive effect of inflation rates on approval is consistent across different specifications. These results suggest that, regardless of institutional clarity, rationality can be found in electorates of different polities besides the U.S. Additionally, they imply that the political economy of Brazilian presidentialism is mediated mainly by inflation rates in the recent decades, as already suggested by previous works.