Introdução: infecções relacionadas à assistência à saúde são um problema de saúde pública, especialmente devido à emergência das bactérias multirresistentes. A transmissão de doenças em serviços de saúde pode ser evitada por meio da adoção de um conjunto de medidas, denominadas precauções padrão e precauções específicas. Porém existem relatos na literatura sobre eventos adversos relacionados às precauções específicas. A fim de minimizar a ocorrência destes eventos, em estudo anterior foi elaborado um protocolo que objetivou instrumentalizar profissionais de saúde na elaboração de ações educativas para indivíduos em precauções específicas, denominado Com-Efe. O Com-Efe foi desenvolvido e validado tendo como referência teórica o conceito de vulnerabilidade, o qual possibilita identificar potenciais condições e fatores para o enfrentamento da questão da vulnerabilidade de indivíduos a determinados agravos. Para implementar o protocolo Com-Efe, visando converter as evidências em práticas, foram utilizadas estratégias baseadas na ciência da implementação. Objetivo: implementar protocolo Com-Efe para comunicação efetiva em indivíduos em precauções específicas e avaliar a estratégia de implementação. Métodos: trata-se de pesquisa de implementação, com abordagem qualitativa. Foi aplicado em quatro fases sequenciais: 1)observação não participante, com o objetivo de avaliar o contexto; 2)desenho e proposta de implementação do protocolo, baseada nos resultados obtidos na fase anterior; 3)adaptação da estratégia de implementação do protocolo, por meio de oficinas com enfermeiros; 4)avaliação dos resultados da implementação, por meio de entrevistas semiestruturadas com enfermeiros participantes do processo. O estudo foi desenvolvido em um hospital universitário público de nível assistencial secundário. Foi utilizado o quadro consolidado para pesquisa de implementaçãoe seus respectivos constructos para analisar os conteúdos emergentes em cada fase do estudo. Resultados: 1)a observação focou na interação de profissionais de saúde e pacientes; o cenário interno demonstrou que há disponibilidade de boa estrutura para dar suporte às medidas de prevenção de transmissão de doenças. Foram identificadas adesão parcial àsmedidas preventivas preconizadas insuficiente comunicação efetiva entre os indivíduos, falta de planejamento sistemático da educação do paciente e ausência de alertas comportamentais nos casos de não adesão às precauções; 2)os principais elementos de implementação foram baseados na fase um e incluíram a realização de treinamentos online e presencial para os participantes das unidades envolvidas, bem como entrega de material complementar impresso; 3)após a análise das oficinas, foram desenvolvidas ações para adaptar a estratégia de implementação. Entre essas, elaboração de vídeo para mídias sociais e livreto para ser utilizado a beira-leito com o paciente; 4)a análise de conteúdo das entrevistas apontou como principais fatores que poderiam ter facilitado a adesão ao protocolo as crenças e a percepção de vantagem no uso do Com-Efe. Entre as barreiras que emergiram da análise de conteúdo e que podem ter contribuído para a falha da implementação foram o clima organizacional e o comprometimento individual e da liderança. Conclusão: o contexto se revelou de alta complexidade, com interferências do cenário externo e interno, ao longo da estratégia de implementação. Os fatores que podem ter influenciado a falha da implementação foram relacionados, principalmente, aos constructos de prioridade relativa, clima de aprendizagem, necessidades do paciente, compromisso da liderança, execução e líderes de opinião.

Introduction: healthcare-associated infections are a public health problem, especially due to the emergence of multidrug-resistant bacteria. The transmission of diseases in healthcare services can be avoided through the adoption of a set of measures, called standard precautions and transmission-based precautions. However, there are reports in the literature on adverse events related to transmission-based precautions. In order to minimize the occurrence of these events, in a previous study, a protocol was developed, which aimed to capacitate healthcare professionals in the elaboration of educational measures for individuals facing transmission-based precautions, called Com-Efe. The Com-Efe was elaborated and validated having as theoretical reference the concept of vulnerability, which makes it possible to identify potential conditions and factors to face the issue of vulnerability of individuals to certain distress. Intending to implement the Com-Efe protocol, converting evidence into practice, science-based implementation strategies were used. Objective: to implement Com-Efe protocol for effective communication in transmission-based precaution individuals and to evaluate the implementation strategy. Methods: this is an implementation research, with a qualitative approach. It was applied in four sequential phases: 1) non-participant observation in two inpatient units, in order to assess the context; 2) design and implementation proposal of the protocol, based on previous phase results; 3) adaptation of the protocol implementation strategy, through workshops with nurses; and 4) evaluation of the results of implementation, through semi-structured interviews with participating nurses. The study was developed in a public and university hospital, of secondary-level complexity. The Consolidated Framework for Implementation Research was used to analyze data on emerging dimensions in each phase of the study. Results: 1) the observation focused on healthcare professionals and patients interaction, the internal scenario showed that there is a good structure available to support measures to prevent diseases transmission. Partial adherence to the recommended preventive measures, insufficient effective communication between individuals, lack of systematic planning in patient education and absence of behavioral alerts, in cases non-adherence to precautions were identified; 2) the main implementation elements were based on phase one and included online and in-person training for all healthcare professionals in the units involved, in addition to complementary printed material delivered; 3) after analyzing the workshops, tools were developed to adapt the implementation strategy. Among these, a video for social media and a booklet to be used at bedside with the patient were developed; and 4) in the content analysis of the interviews, the main factors that could have facilitated adherence were the beliefs and perception of advantage in the use of Com-Efe. However, the barriers that emerged from the categorization, and that may have contributed to the failure of implementation, were the environment and individual and leadership commitment. Conclusion: the context was shown to be highly complex, with interference from the external and internal scenario, throughout the implementation strategy. The factors that may have influenced the implementation failure were mainly related to the constructs of relative priority, learning environment, patient needs, leadership commitment, execution and opinion leaders.