Introdução: A tuberculose (TB) ainda apresenta alta incidência em âmbito mundial, taxas de abandono do tratamento acima da média preconizada e dificuldade de se alcançar a cura. Ao longo do tempo a doença tem acometido, proporcionalmente, mais homens do que mulheres. No entanto, das doenças infecciosas, a TB é a que mais tem levado mulheres ao óbito. Entre os desafios para a melhoria desse quadro epidemiológico, sobressai a adesão ao tratamento e o gênero parece ser um dos condicionantes que contribuem para dificultá-la. Objetivo: Analisar a influência da categoria gênero na adesão ao tratamento da tuberculose no município de Campina Grande-PB. Metodologia: O estudo é do tipo transversal, de tendência temporal, descritivo-exploratório, com abordagem quanti-qualitativa. A pesquisa foi realizada no município de Campina Grande-PB. A primeira etapa contemplou a parte quantitativa com descrição do perfil epidemiológico da tuberculose no período 2001-2016, com um total de 2.228 casos. A segunda parte foi qualitativa, tendo sido realizadas entrevistas com os doentes por tuberculose, residentes nessa mesma localidade e notificados no ano de 2016. A amostra foi de 63 sujeitos. A análise dos dados quantitativos contemplou frequências simples e cruzamentos de variáveis, tendo sido aplicado o teste de Qui-quadrado. A análise qualitativa foi realizada segundo a Teoria de Geração de Sentido. O projeto foi submetido a Comitê de Ética. Resultados: O perfil dos entrevistados revela as mulheres, com 27,6% na faixa etária 41 a 52, 25% ensino fundamental completo, 86,2% tem uma crença religiosa, 60% são católicas, 42,9% são solteiras, 65,5% tem filhos, 33,3% estão trabalhando, 78,6% possui remuneração pela ocupação. Já o grupo dos homens apresentaram 23,5% na faixa etária de 41 a 52, 60,6% analfabetos, 67,6% tem religião, 60,9% são católicos, o estado civil apresentou o mesmo resultado 38,2% disseram ser solteiros e 38,2% referiram ser casados, 67,6% tem filhos, 68,6% estão trabalhando, 100% possui remuneração pela ocupação. Da análise dos depoimentos emergiram três categorias: Gênero e TB, Processo saúde-doença e Elementos que condicionam o tratamento. Identificou-se maior participação dos homens como chefes de família e sua presença preponderante em atividades extra-domicílio, enquanto as mulheres tiveram presença preponderante como donas de casa, destacando-se menor conhecimento desse grupo em relação à doença. Os depoimentos dos homens revelam traços de masculinidade historicamente formada no espaço social onde foi desenvolvido o estudo, as mulheres em seu processo de tratamento, enfrentam o processo saúde-doença e o tratamento dando continuidade à sua participação na família. Os sujeitos de ambos os grupos relataram sentimentos negativos sobre a TB, tendo enfrentado dificuldades, principalmente de acesso, na trajetória até a descoberta da enfermidade. Os homens identificaram como principal barreira para a adesão ao tratamento as questões financeiras e as mulheres, a mudança da rotina nas atividades domésticas e no cuidado com os familiares. Conclusão: Confirma-se que a adesão não se reduz a um ato de volição individual, mas está relacionada ao processo de reprodução social, e, sendo a categoria gênero cultural e socialmente determinada, foi possível identificar sua influência na adesão ao tratamento.

Background: Tuberculosis (TB) still presenting high incidence worldwide, default rates above the recommended average, and difficulty in achieving the cure. Over time, the disease has proportionally affected more men than women. However, among infectious diseases, TB is the one that has most lead women to death. Among the challenges for the improvement of this epidemiological picture, is highlighted that adherence to treatment and gender seem to be one of the elements that contribute to hinder it. Aim: To analyze the influence of gender on adherence to TB treatment in the city of Campina Grande-PB. Methodology: The study is a cross-sectional, descriptive-exploratory, and temporal trend with quantitative-qualitative approach. The research was placed in the city of Campina Grande-PB. The first stage included the quantitative part with description of the epidemiological profile of TB between 2001-2016, with 2,228 cases. The second part was qualitative through interviews with TB patients who were living in the same area and notified in 2016. The sample consisted on 63 individuals. The analysis of quantitative data includes simple frequencies and crossing variables, and the Chi-square test was applied. The qualitative analysis was performed according to the Theory of Generation of Sense. The project was submitted to the Ethics Committee. Results: The profile of the interviewees reveals women with 27.6% in the age group 41 to 52 years, 25% complete elementary school, 86.2% have a religious belief, 60% are Catholic, 42.9% are single, 65, 5% have children, 33.3% are working, 78.6% had paying occupation. The male group had 23.5% in the age group from 41 to 52 years, 60.6% were illiterate, 67.6% had religion, 60.9% were Catholic, the civil status had the same result, 38.2% were single, 38.2% were married, 67.6% had children, 68.6% were working, 100% had paying occupation. From the analysis of testimonies, emerged three categories: Gender and TB, Health-disease process and Treatment mediators. It was identified a larger participation of men as heads of families and their preponderant presence in extra-domicile activities, while women had a predominant presence as housewives, highlighting the lower knowledge of this group in relation to the disease. The testimonies of men reveal evidences of masculinity historically formed in the social space where the study was developed, women in their treatment process face the health-disease process and treatment, continuing their participation in the family. Individuals in both groups reported negative feelings about TB, having faced difficulties, mainly about access, in the trajectory until the discovery of the disease. Men identified financial issues as the main barrier to adherence to treatment, and women changing routine in domestic activities and in caring for family members. Conclusion: It is confirmed that adherence is not reduced to an individual act of volition, but it is related to the process of social reproduction and, since gender category is culturally and socially determined, it was possible to identify its influence on adherence to treatment.