Sabe-se que as fissuras labiopalatinas (FLP) e a anemia ferropriva constituem importantes problemas de saúde pública envolvendo a população pediátrica. O estado nutricional deficitário e o baixo nível socioeconômico são aspectos comuns envolvidos nestas duas patologias, muito prevalentes mundialmente. Considerando que os indivíduos portadores de fissuras de palato representam um grupo possivelmente mais vulnerável à deficiência de ferro e à anemia ferropriva (devido às suas dificuldades alimentares peculiares) e que, ainda, sofrerão procedimento(s) cirúrgico(s) corretivo(s) com perdas sanguíneas, o objetivo do presente estudo foi apontar a prevalência da deficiência de ferro e da anemia ferropriva no momento do pré-operatório de crianças submetidas a palatoplastia primária, bem como a diminuição de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht) após a cirurgia, correlacionando os resultados a outros aspectos como, por exemplo, uso de ferro profilático e tipo de técnica cirúrgica envolvida. Para tal análise, foram selecionadas, conforme critérios previamente estabelecidos, 52 crianças, entre 06 meses e 03 anos de idade, sem síndromes ou outras anomalias associadas, portadoras de fissuras palatinas (incluindo fissuras pós forame incisivo completas ou incompletas e fissuras transforame incisivo unilaterais ou bilaterais), atendidas no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, da Universidade de São Paulo (HRAC USP), campus de Bauru (SP - Brasil), durante suas consultas ambulatoriais para programação cirúrgica da palatoplastia primária. Os resultados revelaram que 73,1% das crianças apresentavam baixa reserva de ferro (em alguma de suas fases), no pré-operatório, sendo que 59,6% tinham apenas a deficiência de ferro (ainda sem anemia), enquanto que 13,5% já estavam anêmicas pela falta de ferro. De um total de 45 crianças sem anemia no pré-cirúrgico, 68,9% já tinham diagnóstico de deficiência de ferro e 66,7% apresentaram anemia após a palatoplastia. Dentre os 30 pacientes não anêmicos no pré-operatório e que desenvolveram anemia no pós operatório, 22 (70,9%) já apresentavam a deficiência de ferro. Não houve diferençaestatisticamente relevante entre suplementação de ferro profilático e a presença de anemia ou deficiência de ferro, no pré-operatório; bem como entre o tipo de técnica cirúrgica (Sommerlad ou Von Langenbeck modificada) e/ou uso de incisão liberadora na palatoplastia e o desenvolvimento de anemia, no pós operatório.

Cleft lip & palate (CLP) and iron-shortage anemia are known to be relevant public health issues involving the pediatric population. Poor nutritional status and low socioeconomic status are common aspects involved in these two pathologies significantly prevalent worldwide. Considering that individuals with cleft palates constitute a group possibly more vulnerable to iron deficiency and iron-shortage anemia (due to their unique eating difficulties) and that they will also undergo corrective surgical procedure(s) with blood loss, this study aimed at 1) pointing out the prevalence of iron deficiency and iron-shortage anemia in the preoperative period of children undergoing primary palatoplasty as well as any decrease in their hemoglibin (hb) and hematocrit (Ht) after surgery; and 2) correlating these findings to other aspects such as the use of prophylactic ferrous sulfate and the type of surgical technique involved. According to previously established criteria, 52 children between 6 months and 3 years of age, without syndromes or other associated anomalies, with cleft palate (including complete or incomplete post-incisive foramen cleft and unilateral or bilateral cleft lip and palate) were selected for such study among those seen at the Craniofacial Anomaly Rehabilitation Hospital of University of São Paulo (HRAC USP), Bauru campus (SP Brazil), during their outpatient visits for a primary palatoplasty surgery scheduling. The results showed that 73.1% of the children had low iron stores (to any degree) preoperatively, and 59.6% had only iron deficiency (without anemia), while 13.5% was already anemic due to a lack of iron. Out of 45 children without preoperative anemia, 68.9% had already been diagnosed with iron deficiency and 66.7% had anemia after palatoplasty. Of the 30 preoperative non-anemic patients who developed postoperative anemia, 22 (70.9%) already had iron deficiency. There was no statistically significant difference between prophylactic iron supplementation and the presence of anemia or iron deficiency preoperatively; likewise, no statistically significant difference was found between the type of surgicaltechnique (modified Sommerlad or Von Langenbeck) and/or the use of a liberating incision in the palatoplasty and the development of postoperative anemia