A doença de Chagas afeta hoje, aproximadamente, sete milhões de pessoas em todo o mundo. Causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (T. cruzi), a patologia compreende os estágios agudo e crônico. As manifestações em órgãos-alvo, como coração e trato digestivo, são consequência da persistência parasitária nos tecidos deflagrando uma intensa resposta inflamatória com consequente aumento do estresse oxidativo. Atualmente, o tratamento se baseia no uso de dois compostos nitroheterocíclicos, benznidazol (BZ) e nifurtimox, estando apenas o primeiro disponível no Brasil. Estudos recentes demonstraram que o BZ reduz a carga parasitária, mas falha em, de fato, curar a infecção ou combater danos teciduais previamente instaurados. Com isso, a demanda por novas opções terapêuticas torna-se essencial e considerando as décadas em que o desenvolvimento de novas moléculas vêm falhando, a pesquisa com BZ em novos protocolos terapêuticos (regimes drug-sparing), associados ou não a outras substâncias, parece promissora. Nesse estudo, foi avaliado o papel tripanocida e antioxidante bem como os possíveis efeitos tóxicos de uma baixa dose de BZ (25mg/kg/dia) associada a duas doses de ácido ascórbico (aa =7,14 mg/kg/dia e AA=88,1 mg/kg/dia). Camundongos Swiss fêmeas e a cepa Y de T. cruzi foram usadas em modelos agudo e crônico de infecção. Os resultados demonstraram que, de modo geral, usar uma baixa dose de BZ pode reduzir alguns efeitos tóxicos da terapia e o tratamento combinado com o antioxidante trouxe melhorias em ambas as fases da doença, seja aumentando a atividade tripanocida ou melhorando o controle redox. Em especial durante a fase crônica, as terapias associadas promoveram também a redução nos títulos de anticorpos, o que pode indicar benefícios em longo prazo. Juntos, esses achados reforçam a necessidade de se explorar variações nos protocolos terapêuticos empregando BZ e que o ácido ascórbico poderia atuar como um adjuvante no tratamento da infecção chagásica, provendo melhorias nas fases aguda e crônica da doença.

Chagas disease affects approximately seven million people worldwide. The pathology is caused by the protozoan Trypanosoma cruzi (T. cruzi) and comprises the acute and chronic stages. Manifestations in target organs, such as the heart and digestive tract, are a consequence of parasite persistence in tissues, triggering an intense inflammatory response and an increase in oxidative stress. The treatment is based on two nitroheterocyclic compounds, benznidazole (BZ) and nifurtimox, with only the first being available in Brazil. Recent studies have shown that BZ reduces the parasite load, but fails to cure the infection or reverse the established tissue damage. In this sense, the demand for new therapeutic options becomes essential, especially because there are some decades in which the development of new molecules has been failing and the research using BZ in new therapeutic protocols (drug-sparing regimens), associated or not with other substances, seems promising. In this study, the trypanocidal and antioxidant roles as well as the possible toxic effects of a low dose of BZ (25mg/kg/day) associated with two doses of ascorbic acid (aa = 7.14 mg/kg/day and AA= 88.1 mg/kg/day) were evaluated. Female Swiss mice and the Y strain of T.cruzi were used in acute and chronic models of infection. The results showed that a low dose of BZ can reduce some toxic effects of the therapy and the combined treatment with the antioxidant brought improvements in both stages of the Chagas disease, either by increasing trypanocidal activity or improving redox control. During the chronic phase, combined therapies also promoted a decrease in antibody titers, a data that may indicate long-term benefits. Taken together, these findings reinforce the need to explore alternatives in therapeutic protocols using BZ and ascorbic acid could act as an adjuvant in the treatment of T.cruzi infection, providing improvements in the acute and chronic phases of the disease.