Esta dissertação analisa perspectivas sobre diferentes significados que o campo pode produzir dentro - e para além - da área da saúde, a partir de experiências vividas por pessoas trans e/ou travestis profissionais de saúde. Entre a constituição do campo da saúde e as influências nas práticas profissionais e na transmissão de conhecimento, passando pelas ameaças que o campo pode provocar até os deslocamentos produzidos neste, este trabalho é um esforço de multiplicar as vozes de pessoas trans e/ou travestis enquanto sujeitas de conhecimento no campo científico e da saúde. Dessa maneira, através de um encontro entre a metodologia da história oral temática e a etnografia, em 2021 executei entrevistas informais com três pessoas trans profissionais de saúde, parte do trabalho de campo. Além disso, acompanhei eventos que tinham como objetivo tratar de questões relativas a gênero e sexualidade, que foram descritos de forma etnográfica. O trabalho de campo possibilitou visualizar como se corporificam as práticas e o cuidado em saúde voltados às pessoas trans e/ou travestis e as relações destas com os campos de atuação, enquanto profissionais de saúde. Ainda, este trabalho busca compreender como as conexões que se estabelecem e se expandem nesses locais através de alianças e redes de apoio - esta pesquisa incluída, bem como meu trabalho como pesquisador -, ampliam as noções de saúde, modificam espaços e percepções e visualizam possibilidades de mudanças e reparação dos efeitos do cistema.

This dissertation analyzes perspectives on different meanings that the field can produce inside - and beyond - the health area, from the experiences lived by trans and/or travesti people that are also healthcare professionals. Between the health field establishment and the influences in the professionals practices and knowledge transmission, passing through threats that the field can provoke, until the displacements produced on the field, this work is an effort on multiplying the voices of trans and/or travesti people as subjects of knowledge in the scientific and health fields. Thus, through a meeting between the thematic oral history methodology and ethnography, in 2021 three informal interviews with three people, trans and healthcare professionals were performed, part of the work field. Beyond that, I attended events where the goal was to talk about questions related to gender and sexuality, that were described in an ethnographic way. The field work enabled us to visualize how the practices and the health care of trans and/or travesti people are embodied, and their relationships with their field works, as healthcare professionals. Also, how the connections that are established and expanded in these places, through support networks and alliances, amplify the meanings of health, modify spaces and perceptions and visualize possibilities of changing and repairing the effects of the (cis)system.