O modelo vigente de atenção à saúde mental no Brasil prevê a inserção dos familiares como fundamental para que ocorra de fato a inclusão social dos sujeitos portadores de transtornos psíquicos graves e persistentes. Essa parceria entre profissionais e familiares se torna ainda mais evidente no caso de crianças e adolescentes. Os CAPSi são dispositivos estratégicos da atenção pública em saúde mental e visam suprir uma lacuna histórica de políticas públicas eficazes a população infanto-juvenil. Crianças e adolescentes ficavam a mercê de ações filantrópicas, sem a fiscalização do campo da saúde mental. Além disso, modelos adultocêntricos eram repassados a infância e adolescência sem que suas peculiaridades fossem de fato consideradas, e por isso não se pode negar que a institucionalização foi medida comum à criança abandonada, delinqüente ou doente mental. Grandes desafios são postos aos profissionais que lidam com essa população e suas famílias. O presente estudo teve objetivo identificar, descrever e analisar formas e estratégias de inserção familiar que se produzem nas práticas de saúde mental dos profissionais que atuam no novo modelo de atenção à saúde mental de crianças e adolescentes. Além disso, identificar e descrever concepções que os profissionais de saúde mental têm a respeito da inserção da família nas suas práticas e identificar e compreender dificuldades e facilidades (limites e possibilidades) de inserção da família nessas práticas segundo os profissionais nesse processo. Para tanto foram realizadas entrevistas semi-dirigidas com 23 profissionais de nível superior que trabalham nos CAPSi da região metropolitana de São Paulo, as quais foram submetidas à análise temática de conteúdo. Os resultados e a conclusão mostram que as famílias estão inseridas predominantemente em ações de cunho terapêutico dentro dos projetos terapêuticos de seus filhos. As modalidades variam desde grupos de orientação, informação e visitas domiciliares e, em alguns casos, atendimentos individuais de um membro da família ou atendimentos nucleares. Já formas de controle social e empoderamento são incipientes e não se mostram atuantes nos serviços pesquisados. Outra forma de inserção de familiares nas práticas que ocorrem nos serviços de saúde mental foi a responsabilização de familiares como parceiros na atenção oferecida ao público infanto-juvenil. As atividades intersetoriais com escolas, equipes de saúde e abrigos depreenderam-se do conjunto de dados e configuram arranjos de trabalho importantes para inserção de familiares no âmbito das práticas de saúde mental voltadas ao público infanto-juvenil. Falta de capacitação, formação ou supervisão, além de questões da organização do trabalho como tempo e espaço, bem como a medicalização foram apontados como dificuldades no processo de inserção das famílias nas práticas de saúde mental.

The actual model of mental health attention in Brazil considers the family's insertion as fundamental in order to secure the effective occurrence of social inclusion of people with persistent and severe mental disorders. The partnership between relatives and professionals becomes even more evident when considering children and adolescents. Psychosocial Care Centers (CAPSi are strategic devices of mental health public attention that aim to supply an historical gap of efficient public politics for children and adolescents. Children and adolescents used to be taken care by philanthropic institutions, without the supervision of mental health public politics. Moreover, adult-centered models were passed to infancy and adolescence without considering their peculiarities and for this reason the institutionalization was a common measure applied to abandoned, delinquent or mental affected children. Great challenges are faced by professionals who deal with this population and its families. The objective of the present study was to identify, describe and analyze forms and strategies of relatives insertion that are produced in mental health practices of professionals who act in the new model mental health attention for children and adolescents. Besides that, other objectives were to identify and describe conceptions that the professionals of mental health have, regarding the insertion of the families in their practices and to identify and understand difficulties and easiness (limits and possibilities) of family insertion in these practices according to professionals involved at this process. In order to reach the objectives of the study, half-directed interviews were made with 23 university levei professionals who work at CAPSi in the city of São Paulo, which had been submitted to content and thematic analysis. The results and conclusion of the study show that the families are inserted mainly in therapeutic actions in their children therapeutic projects. The modalities vary from orientation groups, information groups, home visits and, in some cases, individual interventions of a family member or core intervention. Social Control and empowerment are incipient and they do not reveal to be performing in the services analyzed. Another form of relatives' insertion in the practices that occur in the mental health services was the responsibility of relatives as partners in the offered attention to children and adolescents. Intersection activities with schools, health teams and shelters had been released from the data set and configure important arrangements of work for insertion of relatives in the scope of mental health practices to children and adolescents population. Lack of qualification, specific educational programs or supervision, besides work organization matters, such as lack of time and room, as well as the medicalization, had been pointed as difficulties in the process of family insertion in mental health practices.