Introdução. O risco de uma gravidez em pacientes cardiopata é alto e requer atenção multidisciplinar. A Endocardite Infecciosa (EI) é uma morbidade rara que, durante o ciclo gravídico puerperal, eleva a taxa de mortalidade do binômio materno/fetal. A presença de bacteremia bucal pode ocasionar a manifestação da EI por Streptococcus Viridans. Assim, para as cardiopatas com risco de EI, a manutenção da saúde bucal adquire elevado grau de importância. Objetivo. O objetivo foi avaliar as condições periodontais em gestantes saudáveis comparadas às das cardiopatas. Casuística e Método. A população constituiu-se de 37 gestantes saudáveis, assistidas no Centro de Saúde Geraldo de Paula Souza (FSPUSP) e 37 gestantes cardiopatas em acompanhamento no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Instituto do Coração (INCOR); todas as gestantes foram pré-selecionadas no segundo trimestre de gravidez. A condição periodontal foi avaliada empregando-se índice de sangramento, profundidade clínica de sondagem, nível clínico de inserção, grau de mobilidade e comprometimento de furca. Testes de associação (Qui-quadrado e Fischer) e razão de chances (Odds Ratio) foram calculados para avaliar relação entre a presença da doença e variáveis qualitativas. Teste não paramétrico de Mann-Whitney foi usado para comparar as distribuições de NCI, SS/IS% entre doentes e não doentes; e para comparar as médias de idade materna, idade gestacional e PCS foi usado o teste de t-Student. Cada associação foi testada ao nível de significância de 5%. Resultados. Foi analisada a profundidade clínica de sondagem, sendo encontrado valor médio de 1,40mm para gestantes saudáveis e 1,47mm para cardiopatas; quanto ao nível clínico de inserção, valor mínimo de 1,08mm e máximo 3,38mm para saudáveis e 1,09mm e 2,85mm para cardiopatas respectivamente. Obteve-se um índice de sangramento cujo valor médio foi de 3,3mm, com desvio padrão de 4,2mm para o grupo de gestantes saudáveis e 1,9mm com desvio padrão 2,3mm para as cardiopatas. Conclusão. Mesmo realizando com maior rigor e constância avaliações clínica e obstétrica, no grupo de gestantes cardiopatas, não constatamos melhorias mensuráveis da condição periodontal, comparado ao das gestantes saudáveis. Dado o baixo conhecimento sobre importância da saúde bucal em relação à cardiopatia evidencia-se que deve haver maior inter-relação entre a equipe da saúde bucal e a equipe multidisciplinar para disseminação das informações.

Introduction. The risk of pregnancy in women suffering from heart disease is high and needs multidisciplinary attention. Infectious Endocarditis (IE) is a rare disease, which, during pregnancy increases mortality rates of the maternal/ fetal binomial. The presence of buccal bacteremia may cause manifestation of IE for Streptococcus viridans. Consequently, for pregnant women under the risk of Infectious Endocarditis, the support oral health is translated into a high degree of importance. Objective. The main goal was to evaluate the periodontal condition in physiologically healthy pregnant women compared to pregnant women suffering from heart disease. Methodology. The population is constituted of 37 physiologically healthy pregnant women being assisted at the Centro de Saúde Geraldo de Paula (Public Health University) and 37 pregnant women suffering from heart disease being assisted at the Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia and INCOR (Heart Institute); all pregnant women were previously selected for being at the second trimester. The periodontal condition was evaluated using bleeding rate (BR), pocket depth (PD), clinical attachment level (CAL), degree of mobility and furcation involvement, Tests of association (Chi-square and Fischer) and Odds Ratio were calculated to evaluate the relation between the presence of the disease and the qualitative variables. The non-parametric Mann-Whitney test was used to compare the distribution of the values of CAL, bleeding on probe over bleeding rate percentage among pregnant women suffering from heart disease and physiologically healthy pregnant women; and to compare the averages of maternal age, pregnancy status and pocket depth, the T-Student test was used. Each association was tested at the 5% significance level. Results. The pocket depth was analyzed and we obtained an average value of 1.40 mm for healthy pregnant women and 1.47 mm for pregnant women suffering from heart disease, as to the clinical attachment level we obtained a minimum value of 1.08 mm and a maximum value of 3.38 mm for healthy pregnant women and 1.09 mm and 2.85 mm for pregnant women suffering from heart disease, respectively. The bleeding on probe findings were at an average value of 3.3 mm with a standard deviation of 4.2 mm for the group of healthy pregnant women and, 1.9 mm with a standard deviation of 2.3 mm for the group of pregnant women suffering from heart disease. Conclusions. Even strictly performing constant clinical and obstetrics evaluations for the group of pregnant women suffering from heart disease, we could not ascertain any significant improvement of the periodontal condition if compared to the group of physiologically healthy pregnant women. Given the poor overall knowledge about the importance of oral health care in cardiopathies, it became clear to us that there should be a greater interrelationship between the oral health care team and the multidisciplinary team to share and make known the information gathered through this study.