Introdução - A depressão e a baixa auto-estima na adolescência tem sido objeto de crescente preocupação entre clínicos, professores e hebiatras, visto que seu reconhecimento vem aumentando ao longo dos anos. Objetivo - Investigar os fatores associados à depressão e à baixa auto-estima em estudantes do ensino médio, com idades de 14 a 18 anos de uma escola pública da cidade de São Paulo. Métodos - Estudo anterior em estudantes do ensino médio em uma escola pública, não discutiu especificamente a depressão e a auto-estima na adolescência O banco de dados criado em 2001 por Fischer et al (2003 a) com base em questionários sobre condições de vida, saúde e trabalho foi reexaminado focalizando os fatores associados à depressão e baixa auto-estima através de escalas de depressão e de autoestima de Spitzer (1999), e aplicando-se análises de regressão logística múltipla. Resultados - Sintomas depressivos foram observados em 7 ,5% dos estudantes deste estudo. As taxas encontradas dentre os alunos do sexo masculino e feminino foram de 4,3% (15/345) e 10,3% (39/379), respectivamente. As taxas quanto à situação ocupacional foram de 6,0%, 7,4% e 9,6% dentre os estudantes não trabalhadores, trabalhadores e desempregados, respectivamente. A regressão logística mostrou que os fatores associados aos distúrbios depressivos são: baixo escore na auto-avaliação da saúde (odds ratio [OR] = 5,78), ser do sexo feminino (OR=2,45) e consumo de bebidas alcoólicas (OR=2,35). Observou-se alta prevalência de baixa auto-estima: em 38,7% dos adolescentes, com taxas de 34,8% (120/345) e 42,2% (160/379) dentre os alunos do sexo masculino e feminino respectivamente; as taxas de baixa autoestima quanto à situação ocupacional foram de 40,6%, 34,9°/o e 43,4% dentre os alunos não trabalhadores, trabalhadores e desempregados, respectivamente. Os fatores associados à baixa auto-estima foram: problemas na família (OR=l,49); problemas na escola (OR=1,53); tabagismo (OR=1,72); consumo de álcool (OR=1,40); dificuldade de concentração na escola algumas vezes (OR= 1,91) ou sempre (OR= 3,17); não praticar atividade tisica (OR= 1,61); problemas financeiros, alguns (OR= 1,56) ou muitos (OR= 1,47). O fato do estudante ser trabalhador mostrou-se um fator protetor. Conclusões - As taxas de prevalência de depressão e baixa auto-estima observadas neste estudo coincidem com aquelas da literatura. Este estudo transversal examinou dados das condições sociodemográficas, de estilo de vida e trabalho. Os fatores associados à depressão foram o baixo escore na autoavaliação da saúde, ser do sexo feminino e o consumo de álcool. Os fatores associados à baixa auto-estima foram os problemas familiares, problemas na escola, tabagismo, consumo de álcool, dificuldade de concentração no estudo, não praticar atividade tisica e problemas financeiros. Uma melhor compreensão destes fatores auxiliaria na implementação de intervenções na família e escola destes jovens. Estes achados sugerem que é importante contar-se com profissionais de saúde mental em escolas de ensino médio, para efetuar rastreios capazes de reconhecer precocemente problemas mentais e fornecer aconselhamento aos estudantes, seus pais e professores. Estudos longitudinais possibilitariam determinar as associações causa-efeito da depressão, baixa auto-estima e de outros transtornos de saúde mental, bem como propiciariam oportunidades para efetuar as intervenções necessárias nesta população.

Introduction - Depression and low self-esteem in the adolescence have become issues of increasing concern for teachers, clinicians, and adolescent medicine (ephebiatrics) physicians, as their understanding grows over time. Objective - To investigate the factors associated with depression and low self-esteem in students aged 14-18 years of a public high school in São Paulo city, Brazil. Methods - Previous study performed in 2001 by Fischer et al (2003 a) in a public school did not discuss specially depression and self-esteem in the students. The database resulting from questionnaires on lifestyle, health, and work condition was reexamined focusing the factors associated to depression and low self-esteem. Depression and self-esteem were evaluated through Spitzer (1999) scales and multiple logistic regression analyses. Results - The overall depression prevalence rate was 7.5% in the studied population and the rates according to gender were 10.3% (39/379) among females and 4.3% (15/345) among males. Multiple logistic regression analysis showed that factors associated with depressive disorders were: poor self-perception of health (odds ratio - OR = 5.78), being female (OR = 2.45), and alcohol consumption (OR=2.35). High prevalence of low self-esteem has been observed: an overall rate of 38.7% and rates of 34.8% among males and 42.2% among females. Factors associated with low self-esteem were: family problems (OR=1.49); problems at school (OR=1.53); smoking (OR=1.72); alcohol consumption (OR=1.40); difficulty to concentrate at school, sometimes (OR= 1.91) or always (OR= 3.17); lack of physical activity (OR= 1.61); financial problems, some (OR= 1.56) or a lot of (OR= 1.47). Conclusions -Depression and low self-esteem prevalence rates found in this study are consistent with the literature. This cross-sectional school-based study has examined data on sociodemographic, health school, and work conditions of high school students. Associated factors with depression include poor self-perception of health being female, and alcohol consumption. Factors associated with low self-esteem were family problems, problems at school, smoking, alcohol consumption, difficulty to concentrate at school, lack of physical activities, and financial problems. Better understanding of these factors will help in providing both familial and school-based interventions. These findings suggest that it is important to count on mental health professionals in high schools to conduct screenings able to early recognize mental problems and to provide counseling for students, as well as for their parents and teachers. Longitudinal studies would provide a basis to determine causal-effect associations to depression and other mental health disturbances, as well as the opportunity to perform effective interventions among this youth population.