Considerando que os estudiosos de diversas áreas do conhecimento apresentam a fadiga como um fenômeno complexo e de difícil definição, realizou-se um estudo visando analisar a presença do estado de sensação de fadiga em um grupo de trabalhadores de uma indústria gráfica da região metropolitana de São Paulo. Utilizou-se três abordagens nesta pesquisa: uma quantitativa e duas qualitativas. O grupo foi composto por 200 trabalhadores. Na abordagem quantitativa aplicou-se um questionário amplamente usado em estudos sobre fadiga. Na abordagem qualitativa optou-se pela realização de uma investigação, não exaustiva, sobre o trabalho e as condições de trabalho, utilizando-se a observação livre do posto de trabalho e uma avaliação da fadiga a partir do discurso dos trabalhadores. No total dos trabalhadores analisados; 145 (72,5%) eram homens e 55 (27,5%) mulheres. No grupo, a taxa de prevalência de fadiga profunda foi 37,5%. A prevalência para os homens foi de 35,9% e para as mulheres foi de 41,8%. A análise da fadiga por estado civil e sexo apresentou um índice de fadiga com freqüência maior para as mulheres casadas (73,9%, 17) do que para as solteiras (26,1%, 6). Essa diferença é estatisticamente significativa (χ² = 5,98; p = 0,01). A prevalência de fadiga crônica foi de 7,0%, com 5,5% para os homens e 10,9% para as mulheres. Na abordagem qualitativa, entrevistou-se 23 trabalhadores, sendo 8 com fadiga e 15 sem fadiga, segundo a Escala de Fadiga aplicada. No discurso dos trabalhadores com fadiga estes se sentiam cansados (as) mentalmente e fisicamente, expressando-se como sem ânimo, irritados (as), com estresse, além de relatarem dores nos ombros, nas mãos e nas pernas. Segundo eles, ficar cansado é pior que ficar doente. O enfretamento da situação de fadiga passa por estar sempre recuperando as energias, descansando ou estando com a alma (mente) preparada para poder suportar aquele instante. A observação do trabalho nos postos dos setores estudados apontou a presença de fatores associados à determinação de fadiga. Por exemplo, uma produção que ocorria em condições de velocidade alta com repetição de movimentos em ciclos curtos de trabalho, exigência de atenção e concentração e um trabalho realizado sob pressão externa e interna. A fadiga mostrou-se como uma condição presente nos indivíduos e de difícil definição, devido, provavelmente, à sua característica complexa. Esta pesquisa apontou uma alta prevalência de fadiga para o conjunto de trabalhadores estudados e uma maior prevalência em mulheres do que em homens, com um maior acometimento em mulheres casadas. A abordagem quantitativa do fenômeno fadiga restringiu-se a sinais e sintomas pré-determinados. Na abordagem qualitativa a fadiga mostrou ser um fenômeno que depende, em parte, da maneira como o indivíduo cria estratégias de enfrentamento diante da situação de trabalho. O papel da estratégia de enfrentamento parece ser importante e estar associado à determinação da ocorrência da fadiga. Esta pesquisa mostra que um caminho para a compreensão da fadiga é uma concepção mais abrangente do fenômeno.

Considering that several authors of different areas of knowledge view fatigue as a complex phenomenon and the difficulties to define the concept of fatigue, this study analyzes the presence of the sensation of the fatigue state in a group of workers of a graphic industry of the metropolitan area of São Paulo. Three approaches were used in this research: a quantitative one and two qualitative. Participated in the study a group of 200 workers. The quantitative approach consisted in the application of a questionnaire widely used in studies about fatigue. The qualitative approach was accomplished by an investigation, not exhaustive, about the work and the working conditions using free observations of the working stations and an evaluation of the worker's fatigue using the a method of discourse analyses. Of the total of workers, 145 (72,5%) were men and 55 (27,5%) women. The prevalence of profound fatigue in the group was 37,5%. The prevalence in the men's group was 35,9% and in the women's group was 41,8%. The analysis of fatigue taking into consideration the marital status and sex showed a greater rate of fatigue among married women (73,9%, 17) when than for unmarried women (26,1%, 6). This difference has significance statistical (χ² = 5,98; p = 0,01). The prevalence of chronic fatigue was 7,0%, 5,5% in the men's group and 10,9% in the women's group. In the qualitative approach, 23 workers were interviewed, being 8 with fatigue and 15 without according to the Scale of Fatigue applied initially. The discourse of the fatigued workers showed that they felt tired mentally and physically, expressing a lack of enthusiasm, irritation, stress, besides that, they complained of shoulder, hands and legs pains. According to them, being tired is worse than being sick. The coping strategies adopted to deal with the fatigue situation consisted of being always recovering energies, resting or preparing the soul (mind) to stand the situation. The work observations of the stations studied pointed to the presence of factors associated to the determination of fatigue, as, for example, a high rate of production, repetition and short work cycles, a high level of attention and concentration and a work accomplished under external and internal pressure. The results showed that fatigue was a condition present in the individuals and of difficult definition, due, probably, to its complexity. This research showed a high prevalence of fatigue among the workers studied and a greater prevalence in women than in men, affecting mainly married women. The quantitative approach of the fatigue phenomenon is restricted to pre-defined signals and symptoms. The qualitative approach showed that the fatigue phenomenon is dependent, in part, of the coping strategies that the individual creates to face his (her) working situation. The role of the coping strategies seems to be important and a factor associated to the determination of the occurrence of fatigue. This research showed that a way for the understanding of the fatigue concept is a broader approach of the phenomenon.