Tese de Doutorado
DOI
https://doi.org/10.11606/T.6.2018.tde-05022018-143142
Documento
Autor
Nome completo
Ana Isabel Bruzzi Bezerra Paraguay
E-mail
Unidade da USP
Área do Conhecimento
Data de Defesa
Imprenta
São Paulo, 1995
Orientador
Banca examinadora
Fischer, Frida Marina (Presidente)
Assunção, João Vicente de
Gomes, Jorge da Rocha
Silva, Edith Seligmann
Sznelwar, Laerte Idal
Título em português
Exigências e organização do trabalho em sala de controle de processo com automação microeletrônica
Palavras-chave em português
Organização do Trabalho
Resumo em português
Esta tese propõe-se a analisar o trabalho prescrito e o trabalho real de controle de processos com SDCD - Sistema Digital de Controle Distribuído, em uma refinaria paulista. As indústrias de processo caracterizam-se pela continuidade do processo produtivo e por serem altamente capital intensivas, automatizadas e integradas; e pelas matérias-primas, processos de produção, equipamentos utilizados, critérios de produtividade, que são específicos deste tipo de indústria e circunscrevem processos de trabalho também específicos. A caracterização teórica do trabalho em sala de controle de processos é feita a partir da variabilidade da atividade dos operadores, os longos períodos de supervisão do processo sem necessidade de intervenção, o trabalhador e o trabalho coletivo, a incerteza permanente e o perigo, inerentes ao processo de produção. As fontes de variabilidade podem ser próprias ao trabalhador (e particularmente ligadas ao trabalho em turnos alternantes) e ao processo (instabilidade dos processos físico-químicos), e ambas influenciam a atividade real de controle de processo (estratégias operatórias, interdependência de operadores de sala de controle-área, complexidade da elaboração de uma representação do estado real do processo e exigência de atualização contínua desta). Os métodos e técnicas de coleta e análise de dados utilizados foram: apresentação da pesquisa/pesquisadora; entrevistas individuais assistemáticas e sistemáticas; visitas às duas áreas de processamento; caracterização da população (refinaria, turnos, operação, operadores da sala de controle nova); observação assistemática e sistemática em sala de controle, com filmagens e gravação de períodos da atividade em situação real de trabalho; questionário individual auto-aplicado; consolidação dos dados. Os operadores pesquisados (de 2 Unidades de processamento completamente instaladas na nova sala de controle) caracterizavam-se por: alta estabilidade no emprego; faixa etária jovem; escolaridade de 3° grau completo ou colégio técnico completo; tempo de trabalho em turnos (TT) acompanhando o tempo de empresa; perfil hipotético de ausentismo-doença deste sub-grupo dado pelas doenças dos grupos de CID III, VII, IX e XIII, que apresentaram em TT percentual de dias perdidos, em 1993, igual ou superior ao dobro do horário administrativo; tendência evolutiva estimada de se aposentarem cada vez mais velhos, embora com idades que ainda variam de 40-54 anos. A avaliação qualitativa das vantagens e desvantagens da nova sala de controle apontou diferenças entre os operadores das 2 Unidades nela instaladas. A Unidade de Craqueamento apresentou maior valorização geral positiva da sala, em relação à Unidade de Destilação e ambas convergiram na valorização de dois atributos: "mais moderna" e "mudança de ambiente sala-área". Os itens negativos consensuais (com percentual de respostas inferior aos positivos) foram: exigências de maior atenção, por falta de pessoal; comunicação ruim, insuficiente, sobretudo em emergências; fadiga visual; muita responsabilidade, por estar sozinho; perda de contato com área. O trabalho real de controle de processo é descrito e analisado a partir de cinco categorias gerais: supervisão do processo (acompanhar, antecipar e controlar anomalias e desvios das especificações, corrigir desvios); centralização do controle de processos; indícios e representações do processamento e da área; alarmes e situações de emergências; o que muda na nova sala de controle; riscos, medo. A atividade é analisada mais finamente a partir da conceituação de planos de ação básicos: rendição do turno, papel da supervisão, "não precisa nem entrar na sala para saber", em que se evidenciou tanto atividades de rotina (prescritas e reais) e respectivas exigências cognitivas (verificar, diagnosticar, conhecer e antecipar a rotina e disponibilidade da equipe), dentro de uma hierarquia de informações disponíveis ou procuradas e de uma iniciativa e responsabilidade coletivas, como parte destes conhecimentos serem de natureza implícita, tácita, oriundos de experiências nem sempre verbalizadas ou passíveis de verbalização. Confirma-se a evolução do papel dos operadores em sala de controle com SCDC para o de integração e não somente regulação do sistema de produção, e, como tal, altamente dependente do contexto sócio-técnico em que se dá. Neste sentido, retoma-se o conceito de distribuição móvel de funções (em oposição ao de posto fixo), a importância dos locais e espaços de trabalho e a integração social decorrente e inseparável da atividade de trabalho propriamente dita, e, portanto das repercussões sobre a saúde, a médio e longo prazo, que não se dissociam do trabalho em turnos e também configuram traços no conteúdo da vida no trabalho e fora do trabalho.
Título em inglês
Requirements and work organization in process control room with microelectronic automation
Palavras-chave em inglês
Work Organization
Resumo em inglês
This thesis proposes to analyze the process control operation with a numerically controlled system. Process industries are characterized by continuous productive processes being highly investment intensive, automated and integrated, as well as by raw materials, productive processes, type of equipments, productivity criteria, that are specific to such industry, which requires specific control processes. Theoretically, control process is demonstrated by variability of operators' actions, long periods of time without operators' interventions, the operators as a work group, uncertainty and danger inherent in the production process. Sources of variability can be isolated to the operators (and particularly connected with shiftwork) and the process itself (instability of physical-chemical reactions); both influence the actual activity of process control (operating strategies, interdependence of process control operators, complexity of modelling the actual state of the process ant the work demands of continuous process itself). The methods and techniques of data collection and analysis were: visiting and introducing the researcher to the field, systematic and non systematic interviews, visits to two process areas, characterization of the actual population (shifts, operation, new control room operators); systematic and non systematic observation of the new control room operation activities with films and recordings of periods of activity in actual work situations, individual self- questionaries, data consolidation. The new control room operators (from two production units completely installed there) are characterized by high employment stability, young age, upper-middle level of education, years of service similar to years in shiftwork, occupational sickness absentism categories (digestive troubles) in percentage equal to the double of the highest day workers categories, retiremente ages forecast for 40-50 years old. A qualitative evaluation of the new control room's advantages and disadvantages points to differences between the operators from the two units (Destilação e Craqueamento). The latter generally had a greater appreciation of the control room, regarding the Distillation unit and both agreed in the value of the two atributes: "more modem" and "better environment". The negative common items (with a lower percentage of negative versus positive responses) were: attention demands, for lack of personnel; insufficient communication, especially during emergencies; visual fatigue; sense of reponsability, for being alone; lost of direct contact with the field areas. The actual work of process control is described and analyzed in five general categories: supervisory control, follow up, anticipation and controlling anomalies and variance from specifications, correcting variances; centralization of process control; traits and mental representation of the process; alarms and emergency situations: what changes in the new control room; risk, fear. The activity is analyzed in greater detail through a model of basic work action plans: shift change, supervisory role, "one does not have to enter the control room in order to know". These are evidenced by many routine activities (forecast and actual) and respective cognitive requirements (verify, diagnosis, learn and anticipate the schedule and availability of equipment), given an information hierarchy available and obtained by individual initiative and collective responsability. Part of this knowledge is implicit by nature, tacit, based upon experience not always verbalized or even possibly verbalized. The role of such new control room operators is becoming an integration role, not only by reducing variation of the production process, but highly dependent of the social- technical context that it provides. In this sense, cross-training (the opposite of a fixed position) and the importance of location, work and social space and consequent social interaction are not dissociated. Furthermore, there are health implications, in the medium and long term that one cannot separate from shiftwork, and rather confirms traces in the quality of the workers' life.
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Data de Publicação
2018-02-05