Objetivos. Estimar a associação entre condições de saúde bucal e higiene oral e câncer oral. Métodos. Neste estudo caso-controle de base hospitalar, conduzido entre Novembro de 1998 e Março de 2002, foram levantados casos de câncer oral e controles em sete hospitais da cidade de São Paulo. Um total de 309 casos de câncer de boca e orofaringe, do tipo espinocelular, e 468 controles pareados por freqüência segundo sexo e idade, foram recrutados. A razão de chances (Odds ratio-OR) e o intervalo de confiança de 95%(IC95%) para o câncer oral associado com saúde bucal e higiene oral e ajustados por sexo, idade, tabagismo e consumo de álcool, foram calculados por regressão logística. Resultados. Língua foi a localização mais freqüente (37,5%). A maioria dos casos eram homens (85,1%). Os controles apresentaram nível educacional discretamente elevado em relação aos casos, mas sem significância estatística. O risco entre aqueles que relataram consumir álcool no passado (OR=5,9; IC95%=3,4-10,2) foi menor em relação àqueles que ainda bebem (OR=9,2; IC95 %=5,3-15,9). O risco dos atuais fumantes foi 13,4 (IC95%=7,5-24,0) e para os ex-fumantes 3,1 (IC95%=1,7-5,9). Pacientes que utilizam uma ou mais vezes ao dia algum tipo de enxagüatório bucal apresentam risco maior do que aqueles que nunca fizeram uso (OR=4,2; IC95 %=2,2-8,0). Pacientes que relataram ir ao dentista menos do que uma vez ao ano apresentaram excesso de risco de câncer oral (OR=2,0; IC95 %=1,1-3,6), porém para aqueles que nunca procuraram assistência odontológica o risco mostrou-se ainda maior (OR=4,0; IC95 %=2,1-7,6). Outros hábitos relacionados à higiene oral, como escovação dentária e sangramento gengival também mostraram excesso de risco para o câncer oral, porém não estatisticamente significativos. Conclusões. O uso de antissépticos líquidos orais regularmente e baixa freqüência de visitas ao cirurgião-dentista representam risco para câncer oral.

Objectives. Estimate the association of oral health care and hygiene with oral cancer. Methods. In this hospital-based case-control study, conducted from November 1998 to March 2002, cases and controls were recruited from seven hospitals in the city of São Paulo. A total of 309 patients with mouth and oropharyngeal squamous cell carcinoma and 468 controls, frequency-matched to cases by sex and age, were recruited. Odds ratio (OR) and 95% confidence interval (95%CI) of oral cancer associated with oral health care and hygiene, and adjusted by sex, age, smoking and alcohol, were calculated by logistic regression. Results. Tongue was the main tumor site (37.5%). Most of cases were males (85.1%). Controls presented a slightly higher educational level than cases, but not significant statistically. Risk among those reporting to consume alcohol in the past (OR 5.9; 95%CI 3.4-10.2) was lower than among those who still drink (OR 9.2; 95%CI 5.3- 15.9). Risk of currently tobacco smokers was 13.4 (95%CI 7.5-24.0) and for ex-smokers 3.1 (95%CI 1.7-5.9). Subjects that used mouthwashes once or more times a day had higher risk of oral cancer than those that never used (OR 4.2; 95%CI 2.2- 8.0). Patients that reported going to dentist less than one time a year had an excess of oral cancer risk (OR 2.0; 95%CI 1.1-3.6), whereas for those who never visited dental clinics the risk was higher (OR 4.0; 95%CI 2.1-7.6). Other habits related to oral health care, such as tooth brushing and gum bleeding also showed some risk excess, but not statistically significant. Conclusion. Regular use of mouthwashes and low frequency of visits to dental doctor were associated with a higher risk for oral cancer.