O comportamento das características socioeconômicas e como estas relacionam-se direta ou indiretamente com outros fatores de risco para mortalidade neonatal precoce (características reprodutivas e biológicas maternas, condições da gestação, acesso e qualidade dos serviços de saúde e características do recém nascido) tem sido discutido na literatura científica. Objetivo: Identificar características socioeconômicas que fazem parte dos fatores de risco da mortalidade neonatal precoce na região sul do município de São Paulo. Metodologia: Estudo tipo caso controle, onde 146 casos são os óbitos neonatais precoces e 313 controles tendo como região de estudo a zona sul do município de São Paulo no período de agosto de 2000 e fevereiro de 2001. Os dados foram obtidos pelo projeto de pesquisa "Mortalidade perinatal na região sul do município de São Paulo: um estudo caso controle de base populacional". As variáveis do estudo foram agrupadas em 5 blocos, representando diferentes níveis de hierarquia: características socioeconômicas; características psicosociais maternas; características biológicas e história reprodutiva materna, características do parto e características do recém nascido. Foi realizada análise univariada para obtenção dos valores das razões de odds e seu nível descritivo (p). Posteriormente foi realizada regressão para cada bloco para ajuste de possíveis variáveis de confusão ou modificadoras de efeito e por último a regressão multivarada entre os blocos, considerou-se associação estatisticamente significante com o risco de óbito neonatal precoce nas variáveis que apresentaram valor preditivo de p<0,05. Resultados: Encontrou-se associação estatisticamente significante entre a mortalidade neonatal precoce e baixa escolaridade do chefe da família (OR=1,6;p=0,03), residência em região de favela (OR=2,0;p=0,01)e número reduzido de cômodos (OR=2,2;p=0,02) (nível1): união recente (OR=2,0;p=0,05) ou ausente (OR=1,8;p=0,03) e presença de violência doméstica (OR=2,7;p=0,03) (nível2); intercorrências durante a gravidez (OR=8,2;p=0,00), inadequação (OR=2,1;p=0,01) ou não realização (OR=16,1;p=0,04) de pré-natal e mães que tiveram filhos anteriores de baixo peso ao nascer (OR=2,4;p=0,01) (níve13); problemas durante o parto (OR=2,9;p=0,00) e meio de transporte utilizado para ir ao hospital (OR=3,8;p=0,01) (nível4) nascimentos de baixo peso (OR=17,3;p=0,00) e de pré-termo (OR=8,7;p=0,00) (nível5). Conclusões: Na região sul do município de São Paulo, observou-se que fatores socioeconômicos das famílias e das mães estão associados ao risco óbito neonatal precoce e ao efeito das variáveis referentes às características psicosociais das mães e às características biológicas e história reprodutiva materna à exceção das características do parto e do recém nascido que se constituem em fatores de risco mais proximais ao desfecho.

Introduction: The pathway of the socioeconomics characteristics of mother and families on early beonatal mortality is not clear. These variables may act directly or indirectly with others risk. Objective: To identify the role socioeconomic characteristics on neonatal mortality in the south region of the city of São Paulo. Metodology: This is a population-based case-control study carried out in south region of São Paulo, Brazil in the period of August of 2000 and February of 2001. It is part of a perinatal mortality research project: "Mortalidade perinatal na região sul do município de São Paulo: um estudo caso controle de base populacional". Cases were 146 neonatal deaths (<7 days) and controls were 313 survival new borns. A causal framework was defined including 5 blocks of variables: socioeconomic characteristcs (block 1), psicosocial characteristcs (block 2), obstetrical history and biological characteristcs of mother (block 3), delivery characteristcs (block 4) and new born characteristcs (block 5). The data were modelled by hierarchical mutiple logistic regression. The variables were adjusted within each block, wich were added subsequently. Results: The final hierarchical model presents the fllowing variables were: low education level of the cheaf of fàmily (OR=1,6;p=0,03), home located in area of slum quarter (OR=2,0;p=0,01), reduced number of room in the home (OR=2,2;p=0,02) (block 1); recent union (OR=2,0;p=0,05), unmarried mothers (OR=1,8;p=0,03), presence of domestic violence (OR=2,7;p=0,03) (block 2); presence of unfavorable clinical conditions during the pregnancy (OR=8,2;p=0,00), inadequate pre natal care (OR=2,1;p=0,0l), absence ofpre-natal care (OR=16,1;p=0,04), mothers with previous children low birth weight (OR=2,4;p=0,01) (block 3); presence of clinical problems during delivery (OR=2,9;p=0,00), transport to the hospital by ambulance (OR=3,8;p=0,01) (block 4); low birth weight (OR=17,3;p=0,00) prematurity (OR=8,7;p=0,00) (block 5). Conclusion: Although the highest values of association with early neonatal death were from the proximal variables, like low birth weight, prematurity and clinical conditions; the socioeconomic characteristics of maothers and fàmilies are part of the chain of events wich leads to early neonatal deaths. Some variables remans in the final model (low education level of the chief of family, home was located in area of slum quarter, reduced number of room in the home) Others variables seems to work through the variables of inermediate block (, such us pre-natal care. The social conditions might work mainly trought the conditions of pregnancy development.