A aprendizagem da linguagem escrita é essencial para a inserção de sujeitos em sociedades letradas como a nossa, pois diz respeito à um terreno que além de envolver relações desiguais de poder, também diz respeito ao desenvolvimento de habilidades várias (ex.: fonéticas, cognitivas, motoras) que estão sujeitas ao erro e à ambiguidade. Com base em nossa perspectiva teórica, entendemos a linguagem como espaço para o equívoco, a falha, a falta, e, o sujeito, cindido, heterogêneo. Por esses motivos, consideramos importante escutar os alunos para interpretar os sentidos de aprendizagem da linguagem escrita e da produção subjetiva que a permeia. O objetivo do trabalho foi investigar, por meio do discurso oral e também materializado em forma escrita, os sentidos que alunos do 5º ano da Educação Básica de uma escola pública de Ribeirão Preto - SP, dão à linguagem escrita, especificamente, à produção textual que possibilita a polissemia e a autoria, que envolve o desenvolvimento de cartas, poemas e narrativas diversas. Foram realizados encontros (gravados e transcritos) para conversar com os sujeitos-alunos sobre suas relações com a produção textual escrita e com a escola. Contamos com a mediação do documentário Pro dia nascer feliz, de João Jardim, com o livro De carta em carta, de Ana Maria Machado e com o poema O apanhador de desperdícios, de Manoel de Barros. Além das rodas de conversa, eles produziram textos ao final de cada encontro; no último encontro a produção textual teve um tema: "Eu, a escola e a escrita". A Análise de Discurso pecheuxtiana norteou a análise por meio de conceitos como subjetividade, discurso, ideologia, memória discursiva e autoria. Os resultados apontam que os discursos produzidos pelos alunos sobre a escrita, muitas vezes, apoiam-se nos discursos dominantes que circulam na sociedade; quando se apoiam em suas próprias subjetividades, aproximam-se mais da polissemia e da criatividade.

The learning of written language is essential for the insertion of subjects in the social environment because it involves the development of several skills (example: phonetic, cognitive) that are subject to error and ambiguity; it also envolves unequal power relations. However, based on our theoretical perspective, we understand language as a space for misunderstanding, failure, lack, and the split, heterogeneous subject. For these reasons, we consider it important to listen to the students to interpret the meanings of learning the written language and the subjective production that permeates it. The objective of this work was to investigate, through oral discourse and also materialized in written form, the meanings that students of the 5th year of Basic Education of a public school in Ribeirão Preto - SP, give to the written language, specifically, to the textual production that makes possible the polysemy and the authorship, and involves the development of letters, poems and diverse narratives. Conversation circles were held (recorded and transcribed) to talk with the students about their relationships with written textual production and school. We resorted to the mediation of the documentary Pro dia nascer feliz by João Jardim, the book De carta em carta, by Ana Maria Machado and the poem O apanhador de desperdícios, by Manoel de Barros. Besides the conversation circles, subject-students produced texts at the end of each meeting; in the last meeting the textual production had a theme: "The school, the writing and I". Pecheuxtian Discourse Analysis guided the analysis of data through concepts such as subjectivity, discourse, ideology, discursive memory and authorship. The results point out that the discourses produced by the students about writing often rely on dominant social discourses; when they rely on their own subjectivities, they become closer to polysemy and creativity.