Diante das condições históricas e contextuais do espaço rural, estão complexidades profundas como a dificuldade de acesso a serviços básicos, vulnerabilidades socioeconômicas, precariedade de moradias, além de questões contemporâneas, ligadas à globalização como conflitos por espaço e dinheiro e necessidades sobre sustentabilidade. Nessa conjuntura surge a juventude rural. Intimamente relacionada com as questões de seu contexto de vida, as experiências do período vão além das do mundo urbanamente normatizado, ligados à terra e agricultura familiar e suas relações de poder geracionais, ao isolamento, falta de referências, bem como às constantes movimentações nesses segmentos. Concomitantemente, estão presentes nesses jovens os processos de escolarização; questões sociais e comunitárias; e preocupações concernentes ao futuro e seus projetos de vida. Diante disso, o objetivo da pesquisa é acompanhar e cartografar os processos de subjetivação de jovens moradores da área rural, considerando as especificidades desse contexto de vida, sobre a participação da educação escolar em seus projetos de futuro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, com base teórico-metodológica na Esquizoanálise e no método cartográfico. Utilizamos como instrumentos, entrevistas individuais e diário de campo. Participaram 6 jovens, entre 15 e 18 anos. Os convites foram feitos através da estratégia de bola-de-neve. A análise ocorreu através de 4 movimentos: transcrição; reconhecimento dos elementos dos agenciamentos; acompanhamento dos índices desterritorialização; e construção do texto. Os resultados foram apresentados através da metodologia de casos múltiplos, respeitando a apresentação e discussão de cada caso singularmente. Um tema por vez, os blocos da entrevista foram organizados, seguidos da argumentação das movimentações. Os processos de subjetivação foram cartografados, destacando pontos de intensidade de cada agenciamento. No primeiro caso, acompanhamos e discutimos principalmente a existência de relacionamentos abusivos e quais as implicações no ambiente escolar. Na segunda entrevista, foi possível destacar as movimentações sobre carreira e a relação cidade e sítio. Com Gustavo, o terceiro caso, apareceram enunciados sobre a reprodução social na terra e as formas de aprendizado com a família, bem como aversão ao sistema escolar e às pedagogias tradicionais, pensadas exclusivamente para o mundo urbano. A quarta entrevista teve material extenso. A experiência com a rotina na roça, encontros com temas polêmicos de maneira criativa, desafios que teve enquanto mulher para tentar alcançar a continuidade no ensino superior e as nuances do isolamento social enquanto moradora da área rural, foram resultados da entrevista. Bruno, o quinto caso, nos demonstrou como os papéis de gênero no universo rural vêm se desconstruindo e reconstruindo. E a última entrevista mostrou a participação da arte, viabilizada pela escola. Também destacamos, de maneira geral, a experimentação do futuro enquanto um agente de criação, o apreço pelo rural, embora dificuldade em permanecer ali, as dificuldades do ensino à distância para os moradores da roça e as multiplicidades do encontro entre jovem e escola. Concluímos que foi possível alcançar os objetivos propostos, resguardando algumas limitações da pesquisa.

Facing the historical and contextual conditions of the rural space are deep complexities such as the difficulty of access to basic services, socioeconomic vulnerabilities, precarious housing, in addition to contemporary issues linked to globalization such as conflicts over space and money, and the need for sustainability. In this conjuncture the rural youth emerges. Intimately related to the issues of their life context, the experiences of the period go beyond those of the urban standardized world, linked to the land and family agriculture and their generational power relations, to isolation, lack of references, as well as the constant movements in these segments. Concomitantly, the processes of schooling, social and community issues, and concerns about the future and their life projects are present in these young people. In view of this, the objective of this research is to follow and map the processes of subjectivation of young people living in rural areas, considering the specificities of this life context, about the participation of school education in their future projects. This is a qualitative, descriptive and exploratory research, with theoretical and methodological basis in Schizoanalysis and in the cartographic method. We used as instruments individual interviews and field diary. Six young people, between 15 and 18 years old, participated. The invitations were made through the snowball strategy. The analysis occurred through 4 movements: transcription; recognition of the elements of the agenciements; follow-up of the deterritorialization indexes; and construction of the text. The results were presented through the multiple case methodology, respecting the presentation and discussion of each case singularly. One topic at a time, the interview blocks were organized, followed by the argumentation of the moves. The processes of subjectivation were mapped, highlighting points of intensity of each agency. In the first case, we mainly followed and discussed the existence of abusive relationships and what the implications were in the school environment. In the second interview, it was possible to highlight the movements about career and the relationship between city and place. With Gustavo, the third case, there were statements about social reproduction on the land and the ways of learning with the family, as well as aversion to the school system and traditional pedagogies, thought exclusively for the urban world. The fourth interview had extensive material. The experience with the routine on the farm, encounters with controversial issues in a creative way, challenges she had as a woman trying to achieve continuity in higher education, and the nuances of social isolation as a rural dweller, were all results of the interview. Bruno, the fifth case, showed us how gender roles in the rural universe have been deconstructing and reconstructing themselves. And the last interview showed the participation of art, made possible by the school. We also highlighted, in a general way, the experimentation of the future as an agent of creation, the appreciation for the rural, despite the difficulty in staying there, the difficulties of distance learning for rural residents and the multiplicity of the encounter between young people and school. We conclude that it was possible to achieve the proposed objectives, safeguarding some limitations of the research.