A proposta investigativa desse estudo consiste em tematizar as práticas reflexivas ou processo de reflexividade de Psicólogos(as) do Esporte (PE), e Coaches que atuam no esporte. Para tanto, é fundamental o acesso a esses profissionais no próprio ato de narrarem e relatarem o modo como procedem e pensam a seu respeito. O objetivo do estudo pauta-se em identificar e compreender fenomenologicamente, por meio de relato de Psicólogos de Esporte e Coaches que atuam no esporte, como esses pensam ou refletem sobre suas práticas interventivas. O método de investigação escolhido foi a fenomenologia, com seu intuito de voltar às coisas mesmas, pois oferece os recursos necessários para tal mergulho junto à experiência reflexiva. A amostra intencional foi delineada por PE e Coaches em atividade em esporte de alto rendimento, que tenham ou estejam atuando em modalidades esportivas coletivas e/ou individuais. O acesso aos participantes realizou-se diretamente entre a pesquisadora e os(as) entrevistados(as), não havendo a necessidade de obter autorizações institucionais para o recrutamento desses. Esse contato ocorreu por via do cadastro de PE no Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Outra via de recrutamento relaciona-se aos PE associados à Associação Brasileira de Psicologia do Esporte. Os Coaches não estão elencados nas equipes multidisciplinares do COB. Para os Coaches, o acesso se deu por meio de indicações dos PE que conheciam ou já haviam trabalhado com esses profissionais. O convite para participação nas entrevistas aos participantes ocorreu pessoalmente ou por meio de emails, redes sociais, sites e telefones. As entrevistas ocorreram in loco, nos locais de trabalhos desses profissionais, assim como em outras localidades sugeridas pelos entrevistados. Realizaram-se nove entrevistas (cinco com PE e quatro com Coaches). Seguindo uma perspectiva qualitativa do tipo descritiva, de base fenomenológica, o acesso ao objeto desse estudo se dá por meio de entrevistas em profundidade e semiestruturadas, orientadas pela escuta suspensiva. As questões disparadoras foram formuladas com base no Procedimento Estruturado de Reflexão adaptado, instrumento proposto originalmente por Anderson et al (2004). Para análise das entrevistas, primeiramente foi feita uma síntese de cada relato, seguindo-se o cruzamento intencional, comparação entre os agrupamentos de relatos que explicita a estrutura intencional que os acomuna. Como resultados, percebeu-se que esses profissionais acessaram suas experiências reflexivas, pautadas no conhecimento na ação, na reflexão na ação ou na reflexão sobre a ação. Os apontamentos dos PE e Coaches trazem algumas similaridades no que se refere aos possuem modos de refletir sobre sua prática. No entanto, as experiências que eles fazem desses processos reflexivos é que podem tomar rumos distintos. Os(as) PE amparam-se na regulamentação da profissão e resguardam-se em seus apontamentos, trazendo suas experiências e reflexões sobre os processos vividos. Isso pode denotar um cuidado ético com o fazer profissional. Os(as) Coaches trazem em suas explanações um trabalho coerente, organizado e compatível com o método do Coaching. O respeito à experiência e ao modo particular de refletir sobre elas devem ser consideradas na sua unicidade. Problematizar os processos reflexivos desses profissionais constitui no indagar sobre sua própria atuação profissional, pois é nessa acepção de questionar as intervenções que reverbera o fazer profissional compromissado em ser ao mesmo tempo competente quanto aos objetivos pretendidos e ético com relação às pessoas envolvidas.

The investigative proposal of this study consists of thematizing the reflexive practices or reflexivity process of Sport Psychologists (SP), and Coaches that act in the sport. To do so, it is fundamental to access these professionals in the very act of narrating and reporting the way they proceed and think about it. The objective of this study is to identify and understand phenomenologically, by means of reporting of Sport Psychologists and Coaches who work in the sport, how they think or reflect on their interventional practices. The research method chosen was phenomenology, with the intention of returning to the same things, as it provides the necessary resources for such a dive together with the reflective experience. The intentional sample was outlined by SP and Coaches in activity in high performance sports, which have or are working in collective and/or individual sports. The access to the participants took place directly between the researcher and the interviewees, with no need to obtain institutional commitments for their recruitment. This contact occurred through the SP registration with the Brazilian Olympic Committee (BOC). Another way of recruiting is related to SP associated with the Brazilian Association of Sport Psychology. The coaches are not listed in multidisciplinary teams of the BOC. For Coaches, the access was given through indications from SPs who knew or had already worked with these professionals. The invitation to participate in interviews with the participants occurred in person or through emails, social media, sites and phones. The interviews took place in loco, in the workplaces of these professionals, as well as in other locations suggested by the interviewees. Nine interviews were conducted (five with SP and four with Coaches). Following a descriptive qualitative perspective, based on a phenomenological basis, the access to the object of this study occurs through in-depth and semi-structured interviews, guided by suspensive listening. The triggering questions were formulated based on the basis of the adapted Structured Reflection Procedure, an instrument originally proposed by Anderson et al. (2004). For the analysis of the interviews, we performed an intentional crossing, equivalent to the so-called phenomenological reduction. As a result, it was noticed that these professionals have accessed their reflective experiences, guided by the knowledge into action, reflection on action or reflection on action. The notes of the SP and Coaches bring some similarities in terms of having ways of reflecting on their practice. However, their experiences of these reflective processes can take different directions. The SP support themselves by the regulation of the profession and are protected in their notes, bringing their experiences and reflections on the processes experienced. This may denote an ethical care with the professional doing. The Coaches bring in their explanations a coherent work, organized and compatible with the Coaching method. The Coaches bring in their explanations a coherent work, organized and compatible with the Coaching method. The respect for the experience and the particular way of reflecting on them must be considered in its uniqueness. To problematize the reflective processes of these professionals is to inquire about their own professional performance, as it is in this sense of questioning the interventions that reverberates the professional making committed to being both competent as to the intended objectives and ethical in relation to the people involved.