O presente estudo buscou acompanhar os processos de produção de subjetividade vivenciados por oito professores, cinco de música e três de arte, da Educação Básica que trabalham em escolas municipais e estaduais situadas em uma cidade do interior do estado de São Paulo. A pesquisa foi desenvolvida a partir da aproximação dos temas "educação", "arte" e "violência" com o pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari e da compreensão de conceitos relevantes da Esquizoanálise, tais como: rizoma, palavra de ordem, agenciamento, regimes de signo e linhas de segmentaridade. Adotou-se a Cartografia como metodologia de pesquisa e, como estratégia de acompanhamento de processos, foram realizadas entrevistas de manejo cartográfico e observações participantes. As observações participantes serviram como meio para que a pesquisadora pudesse habitar os contextos escolares em que os professores estavam inseridos e identificar possíveis situações em que a educação e a arte contribuem para o enfrentamento da violência escolar. Foram colhidos, no contexto das entrevistas, relatos que expressaram as subjetivações produzidas por professores acerca dos temas "educação", "arte" e "violência", traçando suas perspectivas acerca do papel da arte na educação e a contribuição de ambas para o combate à violência escolar. A análise de dados das entrevistas se assemelha ao Estudo de Casos Múltiplos e, portanto, não se buscou traçar resultados genéricos, mas apresentar o acompanhamento dos processos vivenciados por cada participante. Como resultados, percebeu-se que todos os relatos, em algum grau, se aproximaram de uma perspectiva esquizoanalítica da arte e da educação, uma vez que evidenciaram como a educação através da arte envolve os afetos, movimentos de desterritorialização, devires e processos de subjetivação, o que indicou a relevância da arte para a construção de uma educação libertária. Com relação a violência escolar, os participantes pontuaram sobre a importância da mediação do professor em situações conflituosas e do acolhimento afetivo de alunos que apresentam comportamentos vistos como inadequados. Sobre as contribuições da arte para o combate à violência escolar, os discursos se voltaram para o uso da arte na busca por soluções saudáveis para conflitos, realização de debates sobre temas considerados tabus (como a própria violência), expressão e valorização de potencialidades e singularidades dos alunos. Em alguns relatos, houve a denúncia de que a violência se encontra na própria organização da instituição escolar e da sociedade, o que é um reflexo do que Michel Foucault e Gilles Deleuze chamam, respectivamente, de sociedade disciplinar e sociedade de controle. As observações participantes evidenciaram como as aulas de arte e música possibilitam um processo de ensino-aprendizagem mais sensível, que considera os alunos como protagonistas e estimula a expressão de singularidades, o que auxilia para um espaço escolar menos violento. Através da arte e da música, é possível criar desvios da educação hegemônica, combater a violência e construir caminhos para uma educação democrática que abarca toda a multiplicidade que habita a realidade escolar. Destarte, a pesquisa buscou dar voz e valorizar as vivências dos professores de arte e música, ressaltando a potência de ação e transformação desses agentes escolares.

The present study aimed to follow the production of subjectivity processes experienced by eight teachers, five music teachers and three art teachers, in Basic Education, working in municipal and state schools located in a city in the interior of São Paulo state. The research was developed through the integration of the themes "education," "art," and "violence" with the theoretical perspective of Gilles Deleuze and Félix Guattari and the understanding of relevant concepts from Schizoanalysis, such as rhizome, watchword, assemblage, regimes of sign, and lines of segmentarity. Cartography was adopted as the research methodology, and cartographic interviews and participant observations were conducted as strategies for process tracking. Participant observations served as a means for the researcher to inhabit the school contexts in which the teachers were inserted and identify possible situations in which education and art contribute to addressing school violence. Reports were collected within the interview context that expressed the subjectivations produced by teachers regarding the themes of "education," "art," and "violence," outlining their perspectives on the role of art in education and the contribution of both to combating school violence. The data analysis of the interviews resembles Multiple Case Studies, and therefore, the aim was not to outline generic results but to present the tracking of the processes experienced by each participant. As results, it was perceived that all narratives, to some extent, approached a schizoanalytic perspective of art and education, as they demonstrated how education through art involves affects, movements of deterritorialization, becomings, and processes of subjectivation, indicating the relevance of art in building a libertarian education. Regarding school violence, participants emphasized the importance of teacher mediation in conflict situations and the emotional support for students exhibiting behaviors seen as inappropriate. Regarding the contributions of art in combating school violence, the discourse focused on using art to seek healthy solutions for conflicts, conducting debates on taboo topics (such as violence itself), and expressing and valuing students' potentials and singularities. In some narratives, there was an denouncement that violence lies within the organization of the school institution and society, which reflects what Michel Foucault and Gilles Deleuze respectively refer to as disciplinary society and society of control. Participant observations highlighted how art and music classes enable a more sensitive education, that considers students as protagonists and stimulates the expression of singularities, thereby contributing to a less violent school environment. Through art and music, it is possible to create deviations from hegemonic education, combat violence, and build paths towards a democratic education that embraces the multiplicity inherent in the school reality. Therefore, the research sought to give voice to and value the experiences of art and music teachers, emphasizing their power for action and transformation as educational agents.