No setor público, a atividade de gestão enfrenta problemas que exigem priorização de recursos, de demandas e de conflitos de interesse envolvendo seus atores, num campo marcado por estrutura deficitária, mau uso de recursos e corrupção. Na área educacional ela ocupa um espaço ainda mais desafiador, que requer do profissional atuação nos aspectos físico, sociopolítico, relacional, material, financeiro e pedagógico das instituições. Este estudo teve por objetivo descrever e comparar os fatores de risco psicossociais no trabalho de gestores públicos brasileiros da educação básica e superior, tendo com modelo norteador P-E fit, bem como compará-los com aqueles identificados na literatura geral. O Estudo 1 avaliou as produções científicas sobre os fatores de risco psicossociais no trabalho de gestores e como estes afetam sua saúde. Os resultados apontaram que os estudos relacionados a fatores de risco psicossociais presentes na função de gestão estão principalmente relacionados às categorias de tipo e produção de tarefas, saúde e bem-estar. Os resultados mostraram também impactos na saúde física e mental dos gestores. O Estudo 2 avaliou o impacto dos contextos - educação básica e educação superior - e a participação do cenário pandêmico sobre a percepção dos fatores de risco psicossociais junto a estes profissionais. Seus resultados apontaram que, em ambos os contextos de atuação dos gestores educacionais, as dimensões mais críticas estão relacionadas à falta de controle e baixo apoio da chefia. Também emergiu, principalmente na educação superior, a burocratização e demandas exorbitantes. Verificou-se divergência das percepções dos gestores da educação básica e superior nas dimensões demandas e relacionamentos: ambas percebidas em menor grau na educação básica e em maior na educação superior, e as correlações destas dimensões com as demais, também em ambos os contextos, se apresentam de maneiras opostas. Foram identificadas diferenças nos fatores de risco psicossociais em cargos de gestão (geral) apresentados na literatura e na gestão de educação pública, com agravante na da educação superior. Isso sugere que o contexto é determinante para o condicionamento da percepção em relação a riscos existentes no trabalho, o que evidencia a necessidade de ajustes específicos de gerenciamento, promoção de fatores protetivos e de intervenção, contribuindo para a redução dos efeitos negativos da exposição aos fatores riscos presentes no contexto de trabalho destes profissionais.

In the public sector, management activity faces problems that require prioritization of resources, demands, and conflicts of interest involving its players, in a field marked by deficit structure, misuse of resources, and corruption. In the educational area it occupies an even more challenging space, which requires the professional to act in the physical, sociopolitical, relational, material, financial, and pedagogical aspects of the institutions. This study aimed to describe and compare psychosocial risk factors in the work of Brazilian public managers of basic and higher education, having as a guiding model P-E fit, as well as to compare them with those identified in the general literature. Study 1 evaluated the scientific production on psychosocial risk factors at work for managers and how these affect their health. The results pointed out that the studies related to psychosocial risk factors present in the managerial role are mainly related to the categories of task type and production, health, and well-being. The results also showed impacts on managers' physical and mental health. Study 2 evaluated the impact of the contexts - basic education and higher education - and the participation of the pandemic scenario on the perception of psychosocial risk factors among these professionals. The results pointed out that, in both contexts of action of the educational managers, the most critical dimensions are related to the lack of control and low support from the leadership. Also emerged, especially in higher education, the bureaucratization, and exorbitant demands. There was a divergence between the perceptions of the managers of basic and higher education in the dimensions demands and relationships: both perceived in a lower degree in basic education and in a higher degree in higher education, and the correlations of these dimensions with the others, also in both contexts, are presented in opposite ways. Differences were identified in the psychosocial risk factors in management positions (general) presented in the literature and in public education management, with aggravating factor in higher education. This suggests that the context is determinant for the conditioning of the perception in relation to existing risks at work, highlighting the need for specific management adjustments, promotion of protective and intervention factors, contributing to the reduction of the negative effects of exposure to risk factors present in the work context of these professionals.