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Mémoire de Maîtrise
DOI
https://doi.org/10.11606/D.59.2022.tde-08112022-162757
Document
Auteur
Nom complet
Letícia Carolina Boffi
Adresse Mail
Unité de l'USP
Domain de Connaissance
Date de Soutenance
Editeur
Ribeirão Preto, 2022
Directeur
Jury
Santos, Manoel Antonio dos (Président)
Braga, Iara Falleiros
Dantas, Benedito Medrado
Titre en portugais
Tornando-se homem: processos de agenciamento de corporalidades de homens trans - contribuições para o campo emergente das transmasculinidades
Mots-clés en portugais
Homens trans
Hormonização
Identidade de gênero
Interseccionalidade
Masculinidade hegemônica
Masculinidades
Transexualidade
Transmasculinidades
Resumé en portugais
As identidades transmasculinas ganharam visibilidade social e acadêmica no Brasil a partir de 2010, por meio do acesso às informações na internet, das comunidades nas redes sociais, da exposição de tal população em diversos meios midiáticos e, especialmente, com a inclusão dos homens trans no Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde em 2013. Por essa razão, a literatura dedicada a tais identidades têm se concentrado na área da saúde, deixando uma grande lacuna nos estudos referentes a aspectos sociais vivenciados pelos homens trans. Considerando tais premissas, essa dissertação tem como objetivo compreender os sentidos atribuídos às identidades transmasculinas por meio dos processos corporais de homens transexuais, assim como as experiências sociais dos homens trans diante da leitura social masculina pós-transição de gênero. A dissertação está estruturada no formato de três artigos, que permitem compreender as experiências dos homens trans. Trata-se de um estudo qualitativo, transversal, descritivo-exploratório e que tem como referencial teórico os estudos de masculinidades e transmasculinidades. Inicialmente, é apresentada uma metassíntese (artigo 1), que sintetiza, analisa e reinterpreta os resultados de estudos qualitativos primários acerca da experiência da masculinidade performada pelos homens trans. O componente empírico da dissertação é composto pelos artigos 2 e 3. Participaram do estudo 15 homens transexuais com idades entre 20 e 41 anos, em processo de transição de gênero com uso de testosterona, residentes em quatro estados do Brasil. Para a construção do corpus de análise foram realizadas entrevistas individuais, semi-estruturadas, nas modalidades presencial e on-line, com duração de 55 a 210 minutos, audiogravadas mediante autorização dos participantes. O conteúdo das entrevistas foi transcrito literalmente e na íntegra, e os dados foram analisados e discutidos na perspectiva da análise temática reflexiva. Os resultados são apresentados em cada artigo. A partir do artigo 1 foram evidenciadas outras experiências da masculinidade, extrinsecamente à materialidade do sujeito, principalmente no que se refere à rejeição do discurso masculino desqualificador das mulheres. Já o artigo 2 aponta para o uso da testosterona como uma ferramenta imprescindível para a externalização da imagem masculina que os sujeitos elaboram acerca de si mesmos e de seus corpos, além de garantir o reconhecimento social do pertencimento ao gênero masculino. Por fim, o artigo 3 revela que as respostas sociais dos homens trans envolvem adquirir privilégios sociais na mesma medida que passam a ser exigidos a responder às normativas da masculinidade hegemônica cisgênera. A análise pela via da interseccionalidade permite apontar que há especificidades, bem como disparidades nas experiências vividas por homens trans brancos e negros. Nota-se, ainda, a tentativa de diluição e invalidação social das transmasculinidades a partir de uma leitura social da homossexualidade. Discute-se que os homens trans vislumbram encontrar nas modificações corporais a possibilidade de concretização de suas subjetividades. A partir da assunção à transmasculinidade, os sujeitos trans experienciam privilégios, expectativas e normativas sociais do ser homem, distribuídos a partir da interseccionalidade de seus marcadores sociais da diferença.
Titre en anglais
Becoming a man: processes of agency of trans men corporealities - contributions to the emerging field of trans masculinities
Mots-clés en anglais
Gender identity
Hegemonic masculinity
Hormonization
Intersectionality
Masculinities
Trans men
Transmasculinity
Transsexuality
Resumé en anglais
Transmasculine identities have gained social and academic visibility in Brazil since 2010, through access to information on the internet, communities on social networks, exposure of such population in various media and, especially, with the inclusion of trans men in the Transsexualization Process of the Unified Health System in 2013. For this reason, the literature dedicated to such identities has been concentrated in the health area, leaving a large gap in studies concerning social aspects experienced by trans men. Considering such premises, this dissertation aims to understand the meanings attributed to transmasculine identities through the bodily processes of transsexual men, as well as the social experiences of trans men facing the post-gender transition masculine social reading. The dissertation is structured in the format of three articles, which provide an understanding of trans men's experiences. This is a qualitative, cross-sectional, descriptive-exploratory study that has masculinities and transmasculinities studies as theoretical framework. Initially, a meta-synthesis is presented (article 1), which synthesizes, analyzes, and reinterprets the results of primary qualitative studies about the experience of masculinity performed by trans men. The empirical component of the dissertation consists of articles 2 and 3. Fifteen transgender men aged between 20 and 41 years, in the process of gender transition with testosterone use, residing in four states of Brazil, participated in the study. To build the corpus of analysis, individual semi-structured interviews were carried out, in face-to-face and online modalities, with duration of 55 to 210 minutes, audio-recorded with the authorization of the participants. The content of the interviews was transcribed verbatim and in full, and the data were analyzed and discussed from the perspective of reflective thematic analysis. The results are presented in each article. From article 1, other experiences of masculinity were evidenced, extrinsic to the subject's materiality, mainly regarding the rejection of the male discourse that disqualifies women. Article 2 points to the use of testosterone as an indispensable tool for externalizing the masculine image that subjects elaborate about themselves and their bodies, besides ensuring the social recognition of belonging to the male gender. Finally, article 3 reveals that the social responses of trans men involve acquiring social privileges as they are required to respond to the norms of hegemonic cisgender masculinity. The analysis through intersectionality allows us to point out that there are specificities, as well as disparities in the lived experiences of white and black trans men. It is also noted the attempt to dilute and socially invalidate transmasculinity from a social reading of homosexuality. It is discussed that trans men glimpse to find in body modifications the possibility of realizing their subjectivities. From the assumption of transmasculinity, trans subjects experience privileges, expectations and social norms of being a man, distributed from the intersectionality of their social markers of difference.
 
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Date de Libération
2024-11-01
Date de Publication
2022-11-22
 
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