Ao refletirmos sobre a Educação de Jovens e Adultos, vemos que se trata de um segmento de ensino que está à margem das políticas que possam propiciar práticas significativas de aprendizagem. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar marcas de autoria e subjetividade dos sujeitos-alunos em produções textuais, a fim de levar a uma reflexão sobre a imagem do que é o ensino de Língua Portuguesa para os alunos da Educação de Jovens e Adultos e também analisar como se dá a argumentação nos discursos examinados. Foram analisadas as produções textuais realizadas por alunos do Ensino Médio, da Educação de Jovens e Adultos, de uma escola pública, da periferia do município de Sertãozinho/SP. As produções escritas foram constituídas a partir da leitura e discussão, realizadas em ambiente virtual,do conto "Famigerado", de Guimarães Rosa, e, também, dos filmes "Central do Brasil" e, "Narradoresde Javé". Os sujeitos participantes da pesquisa, em torno de 22 sujeitos- -alunos, eram adultos que possuíam entre 20 e 50 anos de idade e cursavam o 3º termo (corresponde à 3ª série regular) do ensino médio da Educação de Jovens e Adultos. Os encontros foram realizados em ambiente virtual por meio do aplicativo Centro de Mídias, criado pela Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) e presencia. A pesquisa procurou analisar o modo como os sujeitos constroem sentidos, por meio da escrita, sobre os objetos discursivos apresentados, ou seja, como o interdiscurso opera no fio discursivo para produzir o intradiscurso. Esta pesquisa está ancorada na Análise de Discurso pecheuxtiana que tem como objeto de análise o discurso e na teoria sócio-histórica do letramento proposta por Tfouni (1988,1997,1994). Os resultados obtidos nos mostraram que os sujeitos-alunos da EJA são atravessados pelos discursosda classe dominante que circulam na instituição escolar, dessa forma, não assumem a responsabilidade pelo dizer, não ocupam a posição de autor e não conseguem controlar os sentidos. Sendo assim, esses sujeitos são silenciados pela escola e pelo Estado que, ao negligenciarem seus direitos a uma educação de qualidade, apagam suas histórias e subjetividades.

When we reflect on Youth and Adult Education, we see that it is a segment of education that is on the sidelines of policies that can provide meaningful learning practices. Therefore, the objective of this research was to investigate authorship and subjectivity marks of the subject-students in textual productions, in order to lead to a reflection on the image of what is the teaching of Portuguese Language for students of Youth and Adult Education and also to analyze how the argumentation takes place in the discourses examined. Textual productions carried out by high school students of Youth and Adult Education from a public school on the outskirts of Sertãozinho/SP were analyzed. The written productions were constituted from the reading and discussion, carried out in a virtual environment, of the text "Famigerado", by Guimarães Rosa. The subjects participating in the research, around 22 subject-students, were adults aged between 20 and 50years old and attending the 3rd term (corresponds to the 3rd regular grade) of high school in Youth and Adult Education. The meetings were held in a virtual environment, through the Media Center application,created by the State Department of Education (SEDUC) and in person. The research also sought to analyze how subjects construct meanings about the discursive objects presented and their materialization through writing, that is, how the interdiscourse operates in the discursive thread to produce the intradiscourse and aimed to analyze the meanings that are produced from different discursive objects, the Tale "Famigerado"by Guimarães Rosa and the films "Central do Brasil" and "Narradores de Javé". This research is anchored in the Pecheuxtian Discourse Analysis, which has as its object of analysis the discourse and in the socio-historical theory of literacy proposed by Tfouni (1988, 1997, 1994). The results obtained showed us that the EJA student-subjects are crossed by the discourses of the dominant class that circulate in the schoolinstitution, thus, they do not take responsibility for what they say, do not occupy the position of author and cannot control the senses. Thus, these subjects are silenced by the school and the State, which, by neglecting their rights to quality education, erase their histories and subjectivities.