Tese de Doutorado
DOI
https://doi.org/10.11606/T.59.2016.tde-11052016-101413
Documento
Autor
Nome completo
Regiane Sbroion de Carvalho
Unidade da USP
Área do Conhecimento
Data de Defesa
Imprenta
Ribeirão Preto, 2015
Orientador
Banca examinadora
Silva, Iran José Oliveira da (Presidente)
Silva, Ana Paula Soares da (Presidente)
Araujo, Elaine Sampaio
Gomes, Jacinta Diva Ferrugem
Gonçalves, Marlene Fagundes Carvalho
Ruiz, Urbano dos Santos
Menten, José Fernando Machado
Fonseca, Sergio Cesar da
Dias, Adelaide Alves
Titto, Evaldo Antonio Lencioni
Título em português
Política e infância: aproximações a partir da escuta de crianças de movimentos sociais de luta pela terra
Palavras-chave em português
Criança
Infância
Movimentos sociais
Poder
Política
Resumo em português
A presente tese tem como objetivo compreender as significações sobre política construídas por crianças moradoras de um assentamento rural vinculado a movimentos sociais de luta pela terra - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). Historicamente, áreas que têm a criança como objeto de estudo têm negligenciado a discussão de sua relação com a política e, ao mesmo tempo, áreas que se voltam para a investigação da política o têm feito enfocando relações adultas, ocultando a infância desse processo. Compreendemos que vivemos um momento histórico em que há a emergência, em discursos científicos e práticas, de perspectivas contra-hegemônicas que colocam a criança como um possível sujeito de ações políticas. Baseadas nas perspectivas teórico-metodológicas dos marxistas Antonio Gramsci e Lev Vigostski, apresentamos a tese de que crianças que vivenciam espaços e relações permeados pela vinculação com movimentos sociais, em virtude da constante busca de efetivação de direitos desses grupos, possuem repertórios sobre a política, assim como uma relação ativa com esse campo, com a crítica de sua realidade e com a modificação de relações e contextos. Para isso, realizamos uma pesquisa empírica com 32 crianças de seis a 12 anos, sendo 17 do MLST e 15 do MST. Para a construção do corpus empírico utilizamos como instrumentos: grupos de discussão e conversas individuais. Todos os instrumentos foram gravados e transcritos na íntegra. A análise foi feita a partir de leituras exaustivas do material empírico, tendo dois eixos: (1) significados de política apresentados pelas crianças; (2) a política na vida cotidiana das crianças, no qual avaliamos, a partir dos relatos sobre suas vidas, como as relações de poder se estabelecem. Os significados são, por muitas vezes, ligados à política institucional, considerada como um campo específico de relações entre governantes e governados, sendo os principais: votar, figuras políticas, ordens a serem seguidas. Encontramos, ainda, significações ligadas à mídia, documentos, cuidado e melhoria dos contextos. No caso das crianças menores, elas mencionam não saber o que é política. Com relação à política cotidiana materializada nas relações vivenciadas pelas crianças, encontramos situações em que o poder é preponderantemente exercido pelo adultos. Em relações por vezes de enfrentamento, encontramos situações em que o poder se centraliza na criança. Finalmente, encontramos também situações centradas no diálogo, em que o poder é negociado e se materializa a partir das condições existentes em cada interação. Frente à complexidade e contradição características das relações humanas, encontramos campos de aproximação à tese apresentada, como a significação da política como melhoria dos contextos vivenciados pelas crianças, a qual traz uma característica de ação dos sujeitos sobre a realidade e, ainda, situações significadas como políticas nas quais o ator que realiza a ação é a própria criança. Entretanto, encontramos uma predominância de situações de poder centradas nos adultos e uma significação da categoria "infância" como apolítica quando perguntadas sobre quais são os atores aptos a realizar a política. Os resultados demonstram a potencialidade de significações e práticas que resultam da articulação entre os campos da infância e da política
Título em inglês
Politics and childhood: approaches from hearing children who take part in social movements of struggle for land
Palavras-chave em inglês
Childhood
Children
Politics
Power
Social movements
Resumo em inglês
This thesis aims to understand the meanings on politics built by children who lives in a rural settlement linked to social movements that strugle for land - Landless Workers Movement (MST) and Landless Liberation Movement (MLST). Historically, areas having the child as an object of study have neglected the discussion of their relationship with politics and at the same time, areas that turn to research politics have been focused on adult relationships, hiding the childhood of that process. We understand that we are living a historical moment where there is an emergence, in scientific discourses and practices, of counter-hegemonic perspectives that put the child as a possible subject of political action. Based on theoretical and methodological perspectives of marxist Antonio Gramsci and Lev Vigotski, we present the thesis that children who experience spaces and relationships permeated by ties with social movements, due to the constant search for enforcing rights of these groups, have repertoires about politics, as well as an active relationship with this field, with criticism of their reality and with the modification of relationships and contexts. For this, we conducted an empirical survey of 32 children aged six to twelve years, 17 from MLST and 15 from MST. To build the empirical corpus we used as instruments: focus groups and individual conversations. All instruments were recorded and transcribed in full. The analysis was made from exhaustive readings of the empirical material, having two axes: (1) policy meanings presented by children; (2) the policy in the daily lives of children, in which we evaluate, from the reports of their lives, how power relations are established. The meanings are often related to institutional policy, considered as a specific field of relations between rulers and ruled, the main ones being: vote, political figures, orders to be followed. We still found meanings related to media, documents, care and improvement of contexts. For the young children, they mention not knowing what politics are. Regarding the daily politics materialized in the relationships experienced by the children, we find situations in which power is exercised mainly by adults. In relationships of confrontation, we find situations in which power is centralized in the child. Finally, we also find situations focused on dialogue, in which power is negotiated and is materialized from the existing conditions in every interaction. Considering the complexity and contradiction peculiar to human relationships, we find fields that approximate to the presented thesis, as the meaning of politics as improvement of the contexts experienced by the children, which brings a characteristic of subjects action on the reality and also situations meant as politics in which the actor who performs the action is the child. However, we found a predominance of power situations focused on adults and a significance of the category "childhood" as apolitical when asked about what actors are able to carry out the policy. The results demonstrate the potential of meanings and practices that result from the joint between the fields of childhood and politics
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Data de Publicação
2016-08-15