Concepções errôneas e estereotipadas sobre a origem do comportamento humano existem em diversos grupos sociais. Em professores elas podem ter reflexos sobre a atuação docente. O primeiro estudo desta tese objetivou compreender as concepções de professores brasileiros sobre a origem do comportamento humano, explícita (CE) e implicitamente (CI), e suas relações com a forma como os professores percebem suas práticas docentes (PD). O segundo estudo buscou compreender se intervenções baseadas em teorias psicobiológicas são capazes de alterar CE, CI e PD. Para isso, 477 professores da educação básica responderam a questionários via Google Forms. Destes, 41 fizeram parte do grupo controle (GC) e responderam aos questionários em dois momentos; 51 formaram o grupo experimental 1 (GI1), que participou de uma intervenção em formato de curso online baseado em conceitos da genética do comportamento humano (I1), e 52 compuseram o grupo experimental 2 (GI2), que participou de uma intervenção em formato de curso presencial baseado na aprendizagem social (I2). Os grupos experimentais responderam aos questionários antes e depois das intervenções. Os resultados demonstraram que as CE envolvem aspectos dos comportamentos sociais (SocCE) e cognitivos (CogCE), aditivamente, isto é, separam as influências entre genética ou ambientais em proporções relativas (e.g., 40% de influência genética e 60% de influencia ambiental); e interativamente (CEinter), quando consideram as duas influências igualmente atuantes e sobrepostas. As CI dividiram-se em concepções baseadas em diferenças entre grupos humanos (DifCI; e.g., grupos raciais) e sobre diferenças individuais (IndCI). As PD se dividem em práticas para grupos de estudantes (GrPD; e.g., atividades dirigidas a toda à classe) e práticas personalizadas (PersPD; e.g., atividades dirigidas pessoalmente a estudantes com diferentes habilidades). As concepções interativas (CEinter) configuram-se como uma novidade na forma como os professores compreendem a origem dos comportamentos humanos, mais próxima das descobertas em epigenética do que das descobertas em genética do comportamento. Os construtos CE, CI associam-se entre si, mas não com PD. Responder sobre outras pessoas em CE e CI e sobre si mesmo em PD pode explicar esse resultado. As duas intervenções (I1 e I2) tiveram efeito em concepções estereotipadas e genético-deterministas sobre diferenças individuais (IndCI); o curso online sobre genética do comportamento (I2) também teve efeito nas concepções sobre diferenças entre grupos de gênero e etnia (DifCI). A diminuição do determinismo genético, expresso por concepções preconceituosas e estereotipadas (CI), por meio das intervenções (I1 e I2) comprovam a eficácia dessas propostas na mudança de CI, mas não na mudança de CE e PD. Recomenda-se a replicação do questionário de concepções interativas e que cursos de formação continuada para professores com temas psicobiológicos sejam replicados.

There are erroneous and stereotyped conceptions about the origins of the human behavior in many social groups. In teachers it may reflect on the teaching practices. The first study has aimed to comprehend the conceptions of Brazilian teachers regarding the ontogenetic origins of the human behavior, explicitly (CE) and implicitly (CI), and their relations on the way the teachers perceive their own teaching practices (PD). The second study aimed to comprehend if two interventions based in psychobiology theories are capable to change CE, CI and PD. To do this, 477 basic education Brazilian teachers have answered to surveys via Google Forms. Forty one of these teachers were part of the control group (GC) and answered the surveys in two moments; 51, the experimental group 1 (GE1) participated of an online course intervention based on human behavioral genetics (I1) and 52, the experimental group 2 (GE2), that were part of a classroom course intervention based on social learning (I2), and answered to the surveys before and after the interventions. The studies have shown that the CE involved aspects of social behavior (SocCE) and cognitive behavior (CogCE) in an additive way, that is, separated the influences in genetics and environmental in relative proportions (e.g., 40% of genetics influences and 60% of environmental influence); and in an interactive way (CEinter), which they considered the two influences equally active and overlapping. The CI were divided into conceptions based on differences between human groups (DifCI; e.g., racial groups) and on individual differences (IndCI). PD are divided into practices for groups of students (GrPD; e.g., activities aimed at the whole class) and personalized practices (PersPD; e.g., activities directed personally to students with different skills). Interactive conceptions (CEinter) are a novelty in the way teachers understand the origin of human behaviors, closer to discoveries in epigenetics than to discoveries in behavioral genetics. The CE, CI constructs are associated with each other, but not with PD. Answering about other people in CE and CI and about yourself in PD can explain this result. The two interventions (I1 and I2) had an effect on stereotyped and genetic-deterministic conceptions about individual differences (IndCI); the online course on behavioral genetics (I2) also had an effect on conceptions about differences between gender and ethnic groups (DifCI). The decrease in genetic determinism, expressed by prejudiced and stereotyped conceptions (IC), through interventions (I1 and I2) proves the effectiveness of these proposals in changing IC, but not in changing EC and PD. It is recommended that the interactive conception questionnaire be replicated and that continuing education courses for teachers with psychobiological themes be replicated.