Este estudo avaliou a influência do remanescente de medicação intracanal à base de compostos biocerâmicos (Bio-C Temp) e à base de hidróxido de cálcio (Ultracal XS) na resistência de união e na formação da interface adesiva de cimentos obturadores à base de compostos biocerâmicos e resinosos em canais radiculares achatados de raízes distais de molares inferiores. Os canais distais foram preparados com instrumentos Wave One Gold Small 20.07 e Large 45.05 (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) e irrigação com NaOCl 2,5%. Após o preparo biomecânico, os espécimes foram distribuídos em dois grupos, de acordo com a medicação intracanal utilizada (n=26): Bio-C Temp e Ultracal XS. Em seguida, as raízes foram escaneados em microCT (SkyScan 1174, 50 kV e 800 mA), e após 7 dias, a medicação foi removida e um novo escaneamento foi realizado, para avaliação do volume de medicação remanescente. Posteriormente, dos 52 espécimes, quarenta canais distais foram obturados pela técnica de cone único para avaliação da resistência de união por meio do teste de push-out, e da interface adesiva por meio de microscopia confocal de fluorescência a laser (CLSM) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os espécimes foram redistribuídos em 2 subgrupos A e B (n=10), de acordo com o cimento obturador utilizado: AH Plus (à base de resina epóxica; Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) e Bio-C Sealer (à base de compostos biocerâmicos; Angelus, Londrina, Paraná, Brasil). Em seguida, os espécimes foram cortados, e os dois slices mais cervical de cada terço foi submetido ao push-out e padrão de falha (n=10), e o slice mais apical submetido à análise da interface adesiva em MEV e CLSM (n=5). Os dados de volume de remanescente de medicação intracanal foram à análise estatística pelo teste t, os dados de RU foram submetidos à análise estatística pelos testes de ANOVA e Tukey. Já a adaptação da interface adesiva foi submetida aos testes de Kruskal-Wallis e Duns, e o teste qui-quadrado foi utilizado para avaliar o tipo de falha (p<0,05). O teste t evidenciou menor quantidade de remanescente de medicação intracanal à base de compostos biocerâmicos (1,77 ± 0,86) comparado à medicação à base de hidróxido de cálcio (10,47 ± 5,78), independente do terço radicular avaliado. Os dados de RU mostraram que os dentes que receberam medicação intracanal à base de compostos biocerâmicos e obturados com cimento biocerâmico apresentaram maior resistência de união (3,70 ± 1,22) quando comparado aos dentes que receberam medicação à base de compostos biocerâmicos e obturados com cimento resinoso (2,15 ± 1,07), medicação à base hidróxido de cálcio e obturados com cimento biocerâmico (3,18 ± 1,09) ou com cimento resinoso (2,11 ± 1,02) (p<0,001). O terço cervical apresentou maior RU quando comparado ao terço médio (P<0,001), que por sua vez foi maior que no terço apical (P<0,001). O padrão de falhas mostrou ocorrência de falhas adesivas à dentina para os espécimes que receberam medicação intracanal à base de compostos biocerâmicos, independente do cimento obturador utilizado (p<0,05). Já a análise da interface adesiva em MEV e CLSM mostrou maior adaptação da interface adesiva nos dentes que receberam medicação à base de compostos biocerâmicos e obturados com cimento biocerâmico, com ausência de gaps em toda a circunferência do canal radicular. Conclui-se que a medicação intracanal à base de compostos biocerâmicos resultou em menor volume de remanescente no interior dos canais radiculares, e que a associação entre medicação intracanal à base de compostos biocerâmicos e cimento obturador biocerâmico, resultou em maiores valores de resistência de união com maior número de falhas adesivas à dentina. Ainda, houve interação química com o cimento obturador biocerâmico formando uma camada biomineralizadora, com ausência ou menor formação de gaps.

This study evaluated the influence of the remaining intracanal medication based on bioceramic compounds (Bio-C Temp) and on the basis of calcium hydroxide (Ultracal XS) on the bond strength and on the formation of the adhesive interface of filling cements based on bioceramic compounds and resinous in flat root canals of distal roots of mandibular molars. The distal canals were prepared with Wave One Gold Small 20.07 and Large 45.05 instruments (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland) and irrigation with 2.5% NaOCl. After biomechanical preparation, specimens were distributed into two groups, according to the intracanal medication used (n=26): Bio-C Temp and Ultracal XS. Afterwards, the roots were scanned in microCT (SkyScan 1174, 50 kV and 800 mA), and after 7 days, the medication was removed and a new scan was performed to evaluate the volume of medication remaining. Subsequently, of the 52 specimens, forty distal canals were obturated using the single-cone technique to assess the bond strength through the push-out test, and the adhesive interface through confocal laser fluorescence microscopy (CLSM) and scanning electron microscopy (SEM). The specimens were redistributed into 2 subgroups A and B (n=10), according to the filling cement used: AH Plus (based on epoxy resin; Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland) and Bio-C Sealer (based on compounds bioceramics; Angelus, Londrina, Paraná, Brazil). Then, the specimens were cut, and the two most cervical slices of each third were submitted to push-out and failure pattern (n=10), and the most apical slice was submitted to analysis of the adhesive interface in SEM and CLSM (n=5). The volume data of intracanal medication remnant were statistically analyzed using the t test, the RU data were submitted to statistical analysis using the ANOVA and Tukey tests. The adaptation of the adhesive interface was submitted to the Kruskal-Wallis and Duns tests, and the chi-square test was used to assess the type of failure (p<0.05). The t test showed a smaller amount of remaining intracanal medication based on bioceramic compounds (1.77 ± 0.86) compared to medication based on calcium hydroxide (10.47 ± 5.78), regardless of the root third evaluated. The RU data showed that teeth that received intracanal medication based on bioceramic compounds and filled with bioceramic cement had greater bond strength (3.70 ± 1.22) when compared to teeth that received medication based on bioceramic compounds and filled with resin cement (2.15 ± 1.07), calcium hydroxide-based medication and filled with bioceramic cement (3.18 ± 1.09) or with resin cement (2.11 ± 1.02) (p<0.001). The cervical third had higher RU when compared to the middle third (P<0.001), which in turn was greater than the apical third (P<0.001). The pattern of failures showed the occurrence of adhesive failures to the dentin for specimens that received intracanal medication based on bioceramic compounds, regardless of the filling cement used (p<0.05). The analysis of the adhesive interface in SEM and CLSM showed greater adaptation of the adhesive interface in teeth that received medication based on bioceramic compounds and filled with bioceramic cement, with no gaps in the entire circumference of the root canal. It is concluded that the intracanal medication based on bioceramic compounds resulted in a smaller volume of remnant inside the root canals, and that the association between intracanal medication based on bioceramic compounds and bioceramic filling cement resulted in higher values of bond strength with greater number of adhesive failures to dentin. Furthermore, there was a chemical interaction with the bioceramic filling cement forming a biomineralizing layer, with no or lesser gap formation.