A manipulação comportamental é a principal teoria utilizada pela neurociência para elucidar as alterações comportamentais de roedores infectados pelo Toxoplasma gondii. Estudos sugerem que a infecção pelo protozoário provoca mudanças metabólicas, imunológicas e neurológicas que possibilitam o desenvolvimento de alterações no fenótipo do hospedeiro parasitado, tornando-o mais exposto à predação, porém esses estudos utilizam cepas arquetípicas, ou geneticamente modificadas do parasita, sem descrições do efeito comportamental de cepas não arquetípicas, que são altamente prevalentes na América do Sul, sobretudo, no Brasil. Em nosso estudo, comparamos o efeito comportamental e neurofisiológico de infecções crônicas por cepas arquetípicas (ME49 e VEG) e não arquetípicas (#175 e #318) em camundongos Balb/c, que foram avaliados em dois períodos distintos da infecção por meio de diferentes parâmetros, como peso corporal; resposta imune humoral por ELISA; carga parasitária cerebral por qPCR; aprendizagem e memória pelo teste de Esquiva Inibitória; locomoção pelo teste de Campo Aberto; preferência olfativa (medo inato) pelo teste de Labirinto em Y e metabolismo da glicose cerebral pelo exame de imagem PET 18F-FDG em três regiões cerebrais (Forebrain, Midbrain e Hindbrain). Nossos dados demonstraram que a infecção pela cepa arquetípica VEG induziu maior resposta imune humoral e maior carga parasitária cerebral. Com relação aos parâmetros comportamentais, não observamos alterações cognitivas entre os grupos, porém os grupos infectados pelas cepas VEG e #175 apresentaram déficits de locomoção. Com relação à preferência olfativa pelo odor do predador que é o evento crucial da manipulação comportamental, observamos que somente os animais infectados pelas cepas não arquetípicas #175 e #318 apresentaram atração ao odor do felino. O exame de imagem PET 18F-FDG não apresentou diferenças significativas entre os grupos para as três áreas cerebrais avaliadas. Nossos dados foram inéditos e demonstraram um efeito cepa - dependente nas alterações comportamentais de roedores infectados por cepas geneticamente distintas de T.gondii

Behavioral manipulation is the main theory used by neuroscience to elucidate behavioral changes in rodents infected with Toxoplasma gondii. Studies suggest that infection by the protozoan causes metabolic, immunological and neurological changes that allow the development of alterations in the phenotype of the parasitized host, making it more exposed to predation, however these studies use archetypal or genetically modified strains of the parasite, without description of the behavioral effect of non-archetypal strains, which are highly prevalent in South America, especially in Brazil. In our study, we compared the behavioral and neurophysiological effect of archetypal strains (ME49 and VEG) and non-archetypal strains (#175 and #318) in Balb/c mice, which were evaluated in two distinct periods of infection using different parameters, as body weight; humoral immune response by ELISA; brain parasitic load by qPCR; learning and memory by the Inhibitory Avoidance test; locomotion by the Open Field test; olfactory preference (innate fear) by the Y-maze test and brain glucose metabolism by 18F-FDG PET imaging exam in three cerebral regions (Forebrain, Midbrain and Hindbrain). Our data showed that infection with the archetypal VEG strain induced a greater humoral immune response and a greater cerebral parasite load. Regarding the behavioral parameters, we did not observe cognitive alterations between the groups, however the groups infected by the VEG and #175 strains presented locomotion deficits. Regarding the olfactory preference for the predator's odor, which is the crucial event of behavioral manipulation we observed that only animals infected with non-archetypal strains #175 and #318 showed attraction to the feline's odor. The PET 18F-FDG imaging exam showed no differences between the groups for the three evaluated areas. Our data were inedited and demonstrated a strain-dependent effect on behavioral changes of rodents infected by genetically distinct strains of T. gondii