As tarefas de alcance e coordenação são amplamente utilizadas em programas tradicionais de reabilitação física para pessoas com Ataxia. As terapias de realidade virtual poderiam otimizar o desempenho motor desses indivíduos, no entanto, o tipo de interface virtual pode influenciar o desempenho, o aprendizado e o engajamento durante a prática virtual. Assim, o objetivo deste estudo foi explorar o efeito de diferentes interfaces (webcam e touchscreen) no desempenho motor e físico funcional de indivíduos com ataxias hereditárias (AH) durante tarefas de jogos virtuais em computador. Para tanto, participaram dezessete voluntários com diagnóstico de AH entre 21 e 64 anos de idade e dezesseis para compor grupo controle. Foram coletados dados sociodemográficos e medidas funcionais e clínicas. As tarefas do jogo virtual foram realizadas sob diferentes interfaces (webcam ou touchscreen). Subgrupos de participantes com AH realizaram os jogos virtuais utilizando as interfaces em diferentes ordens (interface webcam, seguida de interface touchscreen, ou vice-versa). Os erros absolutos (EA), erros variáveis (VE), número de acertos e antecipação foram utilizados para refletir o desempenho motor e funcional durante a tarefa virtual. Como resultados, os participantes com ataxia apresentaram mais erros variáveis e absolutos, menor número de acertos e maior antecipação do que os controles (p<0,05). Para os participantes com GA, um maior EA foi encontrado na sequência touchscreen seguido da interface da webcam, enquanto não foram encontradas diferenças significativas para os controles (p=0,014). Conclui-se que o grupo de participantes com ataxias genéticas apresentou desempenho inferior ao grupo controle, independentemente da interface (webcam ou touchscreen). O resultado mais interessante foi que, embora a prática com a interface da webcam ofereça recursos que tornam a tarefa mais complexa do que a interface touchscreen, com menor desempenho, esse desempenho inferior facilita o desempenho em uma tarefa subsequente da tela sensível ao toque

The reaching and coordination tasks are widely used in traditional physical rehabilitation programs for people with Ataxia. Virtual reality therapies could optimize the motor performance of these individuals, however, the type of virtual interface may influence performance, learning, and engagement during virtual practice. Thus, the aim of the study was to explore the effect of different interfaces (webcam and touchscreen) on the motor and physical performance of individuals with Genetic Ataxias (GA) during virtual tasks. Seventeen volunteers diagnosed with GA between 21 and 64 years of age and sixteen controls participated in the study. Sociodemographic data and functional and clinical measurements were collected. The virtual game tasks were performed under different interfaces (webcam or touchscreen). Subgroups of participants with GA performed the virtual games using the interfaces in different orders (webcam interface, followed by touchscreen interface, or vice-versa). The absolute errors (AE), variable errors (VE), number of hits, and anticipation were used to reflect the motor and functional performance during the virtual task. As a result, participants with GA presented more variable and absolute errors, a greater number of hits, and greater anticipation than controls (p<0.05). For participants with GA, a higher AE was found in the sequence touchscreen followed by webcam interface, while no significant differences were found for the controls (p=0.014). Concludes that the group of participants with genetic ataxias presented lower performance than the control group regardless of the interface (webcam or touchscreen). The most interesting result was that although practicing with the webcam interface offers features that make the task more complex than the touchscreen interface, with lower performance, this lower performance facilitates performance in a subsequent touchscreen task