Introdução: A associação entre deficiência auditiva e aspectos nutricionais ganhou maior atenção nas pesquisas, dado que fatores nutricionais podem causar ou potencializar diversas doenças. Métodos de avaliação desta variável podem ser utilizados, possibilitando a investigação da saúde nutricional e a adoção de comportamentos e alimentação saudáveis. Pesquisas sugerem que um índice de massa corporal (IMC) mais elevado e uma maior circunferência de cintura (CC) estão associados a limiares auditivos mais elevados. Objetivo: verificar a associação entre medidas antropométricas e deficiência auditiva, a partir dos dados da PNS de 2013. Métodos:Estudo transversal e analítico que utilizou dados das entrevistas individuais de 39.561 indivíduos da PNS de 2013. A prevalência de deficiência auditiva autorreferida foi obtida através da pergunta: O Sr (a) tem deficiência auditiva?. O IMC e a CC foram consideradas variáveis de exposição. As covariáveis utilizadas foram: sexo, região do Brasil, nível de escolaridade, faixa etária, cor de pele ou raça, exposição a ruído, diabetes, hipertensão arterial, colesterol alto, uso de tabaco, uso de álcool e prática de exercício físico. Na análise multivariada foi adotado o modelo hierarquizado, baseado em um modelo teórico conceitual de fatores associados à perda auditiva com níveis distal, intermediário e próximal. Foram aplicados modelos univariados e multivariados de Regressão Logística para amostras complexas. A medida de efeito utilizada foi a OddsRatio em conjunto com o intervalo de 95% de confiança. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: Prevalência de deficiência auditiva foi de 2,9%, maior na faixa etária de 75 anos ou mais (15,3%), no sexo masculino (3,4%), residentes da região Sul do Brasil (3,3%), em indivíduos autodeclarados brancos (3,2%), em quem tem até o ensino fundamental incompleto (7,4%), em indivíduos com sobrepeso (3,2%) e obesos (2,9%) e nos indivíduos com risco muito alto para desenvolver problemas cardiovasculares (3,4%). A deficiência auditiva foi significativamente associada à exposição ao ruído (OR= 1,50 - IC95%: 1,06-2,12), ao sobrepeso (OR= 1,50 - IC95%: 1,10-2,04) e à medida de CC categorizada para risco cardiovascular muito alto (OR= 1,49 - IC95%: 1,14-1,95). Nas análises ajustadas, no modelo 1, a deficiência auditiva se mostrou significativamente associada a indivíduos com sobrepeso (OR=1,57 - IC95%: 1,07- 2,30) e obesos (OR=1,57 - IC95%: 1,01-2,44). No modelo 3, a categoria sobrepeso mostrou-se significativamente associada à deficiência auditiva (OR=2,30 - IC95%: 1,25-4,24). Conclusão: Indivíduos com diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto, e que estão expostos ao ruído apresentaram maior prevalência de deficiência auditiva. A associação entre deficiência auditiva e IMC nas análises multivariadas, foi observada nos indivíduos obesos no modelo 1 e com sobrepeso nos modelos 1 e 3

Introduction: The association between hearing impairment and nutritional aspects has received greater attention in research since nutritional factors can cause or potentiate several diseases. Methods to evaluate this variable can be used, enabling the investigation of nutritional health and the adoption of healthy behaviors and diet. Research suggests that higher body mass index (BMI) and waist circumference (WC) are associated with higher hearing thresholds. Objective: to assess the association between anthropometric measurements and hearing loss, based on data from the 2013 Brazilian National Health Survey (PNS). Methods: This is a cross-sectional, analytical study using data from individual interviews with 39,561 individuals from the 2013 PNS. The prevalence of self-reported hearing loss was obtained through the question: "Do you have hearing loss?". BMI and WC were considered exposure variables. The covariates used were: sex, region of Brazil, education level, age group, skin color or race, noise exposure, diabetes, hypertension, high cholesterol, tobacco use, alcohol use, and practice of physical activity. In the multivariate analysis, a hierarchical model was adopted, based on a conceptual theoretical model of factors associated with hearing loss with distal, intermediate, and proximal levels. Univariate and multivariate Logistic Regression models were applied for complex samples. The measure of effect used was the Odds Ratio together with the 95% confidence interval. The significance level adopted was 5%. Results: Prevalence of hearing loss was 2.9%, higher in the age group 75 years or older (15.3%), in males (3.4%), in residents of the South region of Brazil (3.3%), in self-declared white individuals (3.2%), in those with incomplete primary education (7.4%), in overweight (3.2%) and obese (2.9%) individuals, and in individuals at very high risk of developing cardiovascular problems (3.4%). Hearing loss was significantly associated with noise exposure (OR = 1.50 - 95%CI: 1.06-2.12), overweight (OR = 1.50 - 95%CI: 1.10-2.04), and WC categorized as very high cardiovascular risk (OR = 1.49 - 95%CI: 1.14-1.95). In the adjusted analyses, in model 1, hearing loss was significantly associated with overweight (OR=1.57 - 95%CI: 1.07-2.30) and obese individuals (OR=1.57 - 95%CI: 1.01-2.44). In model 3, the "overweight" category was significantly associated with hearing loss (OR=2.30 - 95%CI: 1.25-4.24). Conclusion: Individuals with diabetes, hypertension, and high cholesterol, as well as those exposed to noise, had a higher prevalence of hearing loss. The association between hearing loss and BMI in multivariate analyses was observed in obese in model 1 and "overweight" individuals in models 1 and 3