A dor crônica (DC) apresenta uma alta prevalência com o avanço da idade e pode comprometer a qualidade de vida, ocasionando isolamento social e maiores custos para o sistema de saúde. Diante do envelhecimento populacional vivenciado, é necessário compreender a DC nos idosos. Embora os mecanismos biológicos da DC sejam amplamente investigados, existe uma escassez de estudos sobre a influência dos determinantes sociais em saúde (DSS) na DC. Assim, esta pesquisa investigou se os DSS impactam na DC de idosos residentes no município de São Paulo. Para tanto, realizou-se uma pesquisa transversal com os dados da coorte de 2015 do Estudo SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento. A variável dependente ou desfecho foi DC com duração 3 meses. A intensidade da dor foi avaliada por meio da escala numérica da dor. Os fatores socioeconômicos foram analisados de forma individual (i.e., escolaridade, suficiência de renda e raça/cor) e contextual (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM). As variáveis explicativas compreenderam as condições sociodemográficas, de comportamento e estilo de vida, condições de saúde e fatores contextuais. Na análise estatística, utilizaram-se as razões de prevalência e o teste de associação pelo qui-quadrado com a correção de Rao & Scott. A partir de modelos de regressão logística, empregou-se uma estratégia de análise de abordagem hierarquizada para a investigação da DC em todos os idosos. E para compreender as diferenças na ocorrência de DC entre os sexos, realizaram-se modelos de regressão múltipla para mulheres e homens idosos isoladamente. Em todos os testes, considerou-se um intervalo de confiança de 95% (IC95%). Ao todo, o estudo envolveu 1.207 indivíduos que foram representativos para 1.365.514 idosos (60 anos). A prevalência de DC em idosos foi de 41,7% (IC95%: de 38,1-45,4%). Os idosos sem participação em atividades culturais e residindo em piores condições de desenvolvimento humano tiveram uma maior chance de relatarem DC do que os idosos em um melhor contexto. A DC foi mais frequente no sexo feminino (27,2%) do que no masculino (14,5%) (p < 0,001). As mulheres tiveram a pior autopercepção da DC, principalmente nos estratos socioeconômicos mais vulneráveis. Houve diferenças entre os sexos em relação aos fatores associados à DC. Na análise múltipla, as chances de ter DC foram mais elevadas nas mulheres que residem em bairros com os menores IDHM (odds ratio (OR)= 1,59; IC95% 1,07; 2,37) e de raça/cor não branca (OR= 1,32; IC95% 1,01; 1,74), e nos homens com baixa escolaridade (OR= 1,88; IC95% 1,16; 3,04) e renda insuficiente (OR= 1,63; IC95% 1,01; 2,62). Os DSS impactam de forma diferenciada a DC em homens e mulheres idosos. O potencial das iniquidades foi maior para as mulheres do que para os homens, sobretudo, em decorrência dos aspectos macrossociais. Portanto, as políticas públicas deveriam considerar as diferenças de sexo no planejamento de ações para proporcionar um envelhecimento saudável

Chronic pain (CP) shows a high prevalence as age advances and can compromise the quality of life, leading to social isolation of individuals and high costs for the health system. Given the population aging we are experiencing, the need to understand CP in the elderly has been highlighted. Although the biological mechanisms of CP are broadly investigated, there is a lack of studies on the impact of social determinants on health (SDOH) in CP. Thus, this research has investigated whether SDOH impacts CP of elderly individuals living in the city of São Paulo. Thus, a cross-sectional survey was conducted with data from the 2015 cohort of the SABE - Health, Well-being, and Aging study. The dependent variable or outcome was CP lasting 3 months. The intensity of pain was evaluated using the numerical scale of pain. Socio-economic factors were analyzed individually (i.e., educational attainment, income deficiency, and race/skin color) and contextually (local Human Development Index - HDI). The explanatory variables included sociodemographic conditions, behavior and lifestyle, health conditions, and contextual factors. In the statistical analysis, the prevalence ratios and the chi-square test were used with the Rao & Scott correction. Based on logistic regression models, a hierarchical strategy of approach was used to investigate CP in all the elderly. To understand the differences in the occurrence of CP between genders, multiple regression models were performed for elderly women and men alone. In all tests, a 95% confidence interval (95%CI) was considered. The study has involved 1,207 individuals as a whole, who were representative of 1,365,514 elderly individuals (60 years). The prevalence of CP in the elderly was 41.7% (95%CI: 38.1-45.4%). Older adults without participation in cultural activities and living in lower conditions of human development had a greater chance of reporting CP than the elderly in a better context. CP was more frequent in females (27.2%) than in males (14.5%) (P0.001). Women had the worst self-perception of CP, especially in the most vulnerable socio-economic strata. There were differences between genders regarding factors associated with CP. In the multiple analysis, the chances of having CP were higher in women living in neighborhoods with the lowest HDI (odds ratio (OR)= 1.59; 95%CI 1.07; 2.37) and in non-white race/skin color (OR= 1.32; 95%CI 1.01; 1.74), and in men with low educational attainment (OR= 1.88; 95%CI 1.16; 3.04) and deficient income (OR= 1.63; 95%CI 1.01; 2.62). The SDOH has a different impact on CP in elderly men and women. The potential of inequalities was observed as greater for women than for men, mainly due to macro social aspects. Therefore, public policies should consider gender differences in the planning of actions to provide healthy aging