Introdução: O envelhecimento populacional advindo da transição epidemiológica traz desafios nos cuidados aos idosos. O comprometimento cognitivo e a síndrome de fragilidade são condições de alta prevalência e são causadoras de alta morbimortalidade. A coocorrência destas condições tem sido descrita, e o entendimento do comprometimento cognitivo associados a síndrome de fragilidade é pouco descrita, principalmente em países em desenvolvimento. A queixa de memória pode ser uma porta de entrada para a melhor compreensão da evolução do comprometimento cognitivo em idosos frágeis. O diagnóstico precoce de disfunções físicas e cognitivas podem colaborar com a criação de melhores opções de tratamento. Objetivo: Avaliar a associação entre a síndrome de fragilidade e o desempenho cognitivo em idosos com queixas de memória. Métodos: Participantes idosos ambulatoriais com queixas de memória auto referida ou notada por familiares e/ou médicos, foram avaliados com uma bateria neuropsicológica que avaliou a função cognitiva global, a memória, a atenção, a linguagem, a função executiva e a habilidade visuoespacial. Foram usados os critérios fenotípicos que identificaram os frágeis, pré-frágeis ou robustos. Foram usados modelos de regressão linear com ajustes para variáveis sociodemográficas. Utilizamos também análises de interação de educação com fragilidade e seus componentes sobre o desempenho cognitivo por domínios. Resultados: Foram avaliados 160 participantes, com idade média de 80,3±6,5 anos, 73% eram mulheres, tinham 5,6±5,2 anos de escolaridade e 64% eram brancos. 16% eram robustos, 61% eram pré-frágeis e 23% frágeis. O estado de pré-fragilidade se associou a um pior desempenho no domínio de memória (Z-escore - 0,37; -0,74 a -0,01, p = 0,046). A lentificação medida por velocidade de marcha associou-se a pior desempenho cognitivo global, na memória, atenção e linguagem. A velocidade de marcha com distrator associouse com pior desempenho em todas os domínios cognitivos e global. Houve interação de menor escolaridade com a lentificação mostrando pior desempenho cognitivo global, da atenção e da função executiva. Conclusão: Em idosos com queixa de memória, a avaliação precoce do status de fragilidade e de lentificação pode colaborar para a detecção de disfunções cognitivas.

Introduction: Population aging resulting from the epidemiological transition brings challenges in caring for older adults. Cognitive impairment and frailty syndrome are conditions of high prevalence and cause high morbidity and mortality. The co-occurrence of these conditions has been described, and the understanding of cognitive impairment associated with frailty syndrome is poorly described, especially in developing countries. The memory complaint can be a gateway to a better understanding of the evolution of cognitive impairment in frail elderly. The early diagnosis of physical and cognitive disorders can collaborate with the creation of better treatment options. Objective: To evaluate the association between frailty syndrome and cognitive performance in older people with memory complaints. Methods: Older outpatients with complaints of selfreported or memory complaints by family members and/or physicians, were assessed with a neuropsychological battery that assessed overall cognitive function, memory, attention, language, executive function and visuospatial ability. The phenotypic criteria that identified the frail, pre-frail, or robust were used. Linear regression models adjusted for sociodemographic variables were used. We also investigated the interaction of education with frailty and its components on cognitive performance by domains. Results: 160 participants were evaluated, with an average age of 80.3 ± 6.5 years, 73% were women, had 5.6 ± 5.2 years of schooling and 64% were white. 16% were robust, 61% were pre-frail, and 23% frail. The pre-frailty state was associated with a worse performance in the memory domain (Z-score - 0.37; -0.74 to -0.01, p = 0.046). The slowness measured by gait speed was associated with worse global cognitive performance, and with memory, attention, and language. Walking speed with a distractor was associated with worse performance in all cognitive domains. There was an interaction of less education with slowing showing worse global cognitive performance, attention, and executive function. Conclusion: In older people with memory complaints, early assessment of frailty and slowness can contribute to the detection of cognitive disorders.