INTRODUÇÃO: a incapacidade de conter fezes sólidas ou líquidas é definida como incontinência fecal (IF) e pode gerar graves problemas sociais e de higiene. O diafragma respiratório e abdômen agem em sinergia com os músculos de assoalho pélvico para auxiliar na continência e promover e modular ajustes posturais. Há evidências de que a falta dessa sinergia pode causar alterações como déficit de equilíbrio e queixas respiratórias em pacientes com incontinência urinária; é necessário entender se o mesmo pode ocorrer em pacientes com incontinência fecal. OBJETIVO: avaliar a força muscular, as queixas respiratórias e o equilíbrio postural em pacientes com incontinência fecal. MÉTODOS: foram recrutados indivíduos através da triagem do Departamento de Gastroenterologia e do Departamento de Fisioterapia do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) que compuseram dois grupos: pacientes com incontinência fecal (Grupo Estudo) e indivíduos saudáveis (Grupo Controle), pareados por idade, sexo e escolaridade. Após o recrutamento, foram aplicados questionários específicos de gravidade da incontinência (Jorge & Wexner) e de investigação de queixas respiratórias e equilíbrio, realizada avaliação da força muscular respiratória (Manovacuômetro Digital MICRO Rpm Pressure Meter) e do equilíbrio postural (Plataforma de Força: Pro Balance Máster, NeuroCom®). RESULTADOS: a amostra foi composta por 40 pacientes, 20 alocados no grupo estudo e 20 no grupo controle, todas do sexo feminino (idade média = 65±11 anos). A força muscular respiratória demonstrou menores pressões inspiratória e expiratória máximas no grupo estudo (p=0,002 e p=0,001), e maior percepção de dispneia (p=0,001). No equilíbrio, houve efeito do fator grupo no eixo mediolateral nas variáveis Root Mean Square (RMS) e ampli- tude na condição 3 (olhos abertos, plataforma móvel), com maiores valores no grupo estudo (p=0,03). A dificuldade de locomoção, quedas e número de quedas foi maior no grupo estudo (p= 0,001). CONCLUSÕES: pacientes com incontinência fecal têm maior oscilação postural médio-lateral na postura bípede quieta em condição com redução de aferência proprio-ceptiva. Apresentam menor força muscular respiratória, maior percepção de dispneia, além de maior número de quedas

INTRODUCTION: The inability to contain solid or liquid feces is defined as fecal incontinence (FI) which can generate severe social and hygiene issues. The respiratory diaphragm and abdomen act in synergy with the pelvic floor muscles to assist in continence, and promote and modulate postural adjustments. Evidence suggests that the lack of this synergy can cause alterations such as balance deficits and respiratory complaints in patients with urinary incontinence. Therefore, it is necessary to understand whether the same can occur in patients with fecal incontinence. OBJECTIVE: To assess muscle strength, respiratory complaints, and postural balance in patients with fecal incontinence. METHODS: Individuals were recruited through triage in the Gastroenterology Department and Physiotherapy Department of the Hospital das Clínicas, Medicine School, University of São Paulo (HC-FMUSP) and formed the two groups: patients with fecal incontinence (Study Group) and healthy individuals (Control Group), matched for age, gender and education. After recruitment, specific questionnaires on incontinence severity (Jorge&Wexner) and investigation of respiratory complaints and balance were applied, and the individuals were evaluated for respiratory muscle strength (Digital Manovacuometer - MICRO Rpm Pressure Meter) and postural balance (Power Platform: Pro Balance Máster, NeuroCom®). RESULTS: The sample consisted of 40 patients. Both the study group and control group comprised 20 individuals, and all of them were female (mean age = 65±11 years). The respiratory muscle strength showed lower maximal inspiratory and expiratory pressures in the study group (p=0.002 and p=0.001) and greater perception of dyspnea (p=0.001). In balance, an effect of the group factor in the mediolateral axis in the variables Root Mean Square (RMS) and amplitude in condition 3 (eyes open, mobile platform) was observed, with higher values in the study group (p=0.03). The difficulty of moving, falls, and the number of falls were higher in the study group (p= 0.001). CONCLUSIONS: Patients with fecal incontinence had greater mid-lateral postural sway in the quiet bipedal posture with reduced proprioceptive afferent condition. These patients presented lower respiratory muscle strength, a higher perception of dyspnea, and a higher number of falls