NTRODUÇÃO: Em 2003, a Política Nacional de Humanização foi lançada e, até o momento, não há muitos dados publicados sobre este tema. Também não há estudos suficientes sobre treinamento e capacitação de profissionais de saúde mental que trabalham em ambiente hospitalar, nem tampouco como eles percebem e executam ações de humanização. OBJETIVO: Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito de um treinamento em humanização para profissionais de saúde mental do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. MÉTODOS: O GREA é um serviço que realiza atendimentos, pesquisas e ensino na área das dependências e está inserido em um hospital universitário. Um modelo de treinamento na área de humanização foi desenvolvido pelos autores e consistia em duas sessões de treinamento com exposição do tema, discussão e promoção de uma dramatização sobre situações de atendimento, seguidas de debates entre os profissionais. Os principais conteúdos abordados foram: Acolhimento, Gestão Participativa, Ambiência, Ações Educativas e Educação Permanente para o Colaborador, Arte e Cultura e Práticas do Cuidado. Visando avaliar o impacto desse treinamento, os participantes responderam, antes e depois do treinamento, a um questionário composto por 34 itens que avaliava três dimensões de humanização: conhecimentos, habilidades e atitudes, mensurados pela: importância (i), quantidade de conhecimento (q) e domínio (d) sinalizados para as dimensões. Para a análise dos resultados, utilizamos o Teste t-Student, Análise de Variância de Uma Via (ANOVA) e Regressões Lineares Múltiplas. Foram selecionados 54 profissionais (médicos psiquiatras, residentes de psiquiatria, enfermeiros, residentes de enfermagem, técnicos de enfermagem, assistentes sociais e psicólogos). RESULTADOS: Os resultados mostraram que houve aumento das médias dos escores no pós-treinamento quando comparadas aos pré (p < 0,05). As diferenças pós vs pré foram em: conhecimentos, habilidades e atitudes. Entre as categorias profissionais as residentes de enfermagem foram as que apresentaram maior escore nos pós, seguidas dos psiquiatras, enfermeiras, residentes de psiquiatria, técnicos de enfermagem, psicólogas e assistentes sociais, considerando o Intervalo de Confiança de 95% e p < 005. Com uso das regressões lineares múltiplas, constatou-se que: gênero, tempo de atuação profissional, estado civil, vínculos empregatícios e/ou ter ou não filhos foram variáveis sociodemográficas que mostraram associações com os escores em humanização. A religião não mostrou nenhuma influência nestes escores. CONCLUSÕES: Concluímos que é possível melhorar o conhecimento, o domínio e a importância da humanização por parte de profissionais de saúde mental através de um treinamento rápido e de baixo custo que pode servir de base para implementação de iniciativas semelhantes em vários locais do Brasil e do mundo.

INTRODUCTION: In 2003, the National Humanization Policy was launched. So far, there is not much published data on this subject. There is also no sufficient data about training and qualification in this theme for mental health professionals who work in a hospital environment neither how they perceive and execute humanization action. OBJECTIVE: The objective of this study was to evaluate the effect of a training in humanization for health professionals from the Interdisciplinary Group on Alcohol and Drug Studies (GREA) at the Institute of Psychiatry of the Hospital das Clínicas of the University of São Paulo's Medical School. METHODS: GREA is a service that provides care, research, and teaching services in the field of addiction and it is part of a university hospital. A training model in humanization was developed by the authors. It consisted of two training sessions about the subject that includes discussions and dramatization about situations of care, followed by a debate among the professionals. The main subjects addressed were: Reception, Participative Management, Ambience, Educational Actions and Permanent Education for Employees, Art & Culture and Care Practices. To evaluate the impact of this training, the participants answered, before and after the training, a questionnaire composed of 34 items evaluating three dimensions of the subject: knowledge, skills and attitudes, measured according to the importance (i), amount of knowledge (q) and mastery (d) signaled for the dimensions. The Student's t test, one-way analysis of variance (ANOVA) and multiple linear regressions were used to analyze the results. Fifty-four professionals were selected (psychiatrists, psychiatric residents, nurses, nursing residents, nursing technicians, social workers, and psychologists). RESULTS: The results showed an increase in the means of the post-training scores when compared to the pretraining (p < 0.05). The post vs. pre differences were observed for: knowledge, skills and attitudes. Among the professional categories, nursing residents presented the highest post-training score followed by psychiatrists, nurses, psychiatric residents, nursing technicians, psychologists and social workers, considering a confidence interval of 95% and p < 005. The multiple linear regressions revealed that the socio-demographic variables associated with humanization scores were: gender, length of professional experience, marital status, employment relationships, and/or having children. Religion was not associated with those scores. CONCLUSIONS: We conclude that it is possible to improve the knowledge, mastery and importance of humanization in mental health professionals through a fast and low-cost training, which may serve as a base for the implementation of similar initiatives in various locations in Brazil and the world.