A encefalopatia traumática crônica (ETC) representa a consequência a longo prazo de traumatismos cranioencefálicos (TCE), podendo estar relacionada a uma tauopatia progressiva. Ela tem sido reconhecida como uma causa importante de declínio cognitivo em pacientes submetidos a TCEs leves repetitivos por longos períodos, como no contexto esportivo do boxe e futebol americano. Dada a possibilidade de ocorrência desta doença neurodegenerativa em jogadores profissionais de futebol, foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar se um dos parâmetros de ressonância magnética (RM), a tratografia, pode ser utilizada como biomarcador de imagem para avaliação de pacientes com suspeita de ETC. Foram avaliados 20 ex-jogadores profissionais e 20 voluntários saudáveis pareados por idade, os quais foram submetidos a avaliação clínica, testes neuropsicológicos e estudo de Ressonância Magnética do encéfalo. As imagens da sequência de tensor de difusão foram processadas e analisadas através das ferramentas encontradas no programa FSL (FMRIB Software Library), o qual possui a ferramenta TBSS (Tract-Based Spacial Statistics) na qual foi realizada a análise estatística, sendo adotado o nível de significância de 5% (alfa = 0,05). Foram analisados dados dos mapas de anisotropia fracionada (FA) e difusividade média (MD), bem como difusividade axial (AD) e difusividade radial (RD). Através de análise baseada em voxel comparando os mapas de FA, MD, AD e RD dos jogadores e controles, observamos o aumento de MD no esplênio do corpo caloso, coroa radiada e na substância branca subcortical parietal direita. Os demais mapas não apresentaram alterações estatisticamente significativas. Ao compararmos jogadores com MEEM alterado (abaixo de 1,5 desvios padrões), não encontramos resultados estatisticamente significativos, contudo foi observada uma tendência a redução da FA nas regiões frontobasais, rostro do corpo caloso à direita e centro semioval à esquerda. Tais achados podem estar relacionados a alterações na integridade e estrutura da substância branca nos jogadores de futebol aposentados

Chronic traumatic encephalopathy (CTE) represents the long-term consequence of head trauma and may be secondary to a progressive tauopathy. It has been recognized as an important cause of cognitive decline in patients who have undergone repetitive mild traumatic brain injury (TBI) for long periods of time, such as football and boxing players, in the sports context. Given the importance of soccer practice in our environment and its potential predisposition to CTE, a study was carried out with the objective of determining whether one of the magnetic resonance imaging (MRI) parameters, tractography, can be used as an imaging biomarker for evaluation of patients with suspected CTE. Twenty former professional players and 20 age-matched healthy volunteers underwent a clinical evaluation, neuropsychological testing and a brain PET-MRI. The diffusion tensor images were processed and analyzed using the tools found in the FSL program (FMRIB Software Library), which has the TBSS (Tract-Based Spatial Statistics) tool where we performed the statistical analysis, with a 5% significance level adopted (alpha = 0.05). Data from fractional anisotropy (FA) and mean diffusivity (MD) maps, as well as axial diffusivity (AD) and radial diffusivity (RD) were analyzed. Through voxel-based analysis comparing the FA, MD, AD and RD maps of soccer players and controls groups, we observed an increased MD in the splenium of the corpus callosum, corona radiata and right parietal subcortical white matter in the players group. The other maps showed no statistically significant alterations. When comparing the soccer players group with altered MEEM (below 1.5 standard deviations), we did not find statistically significant results, however, a tendency for reduced FA was observed in the frontobasal regions, right aspect of the corpus callosum rostrum and left centrum semiovale. Such findings may be related to changes in the integrity and structure of the white matter in retired soccer players