INTRODUÇÃO: O comportamento evolutivo dos fenótipos de asma ou das variáveis que individualmente ou em associação estão relacionadas à sua gravidade, não está definitivamente estabelecido. O presente estudo avaliou a taxa de perda de função pulmonar e a qualidade de vida de pacientes com asma grave, em acompanhamento regular e terapia adequada, após 12 anos de seguimento; avaliou fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de obstrução persistente ao fluxo aéreo; comparou a evolução clínica, inflamatória e funcional entre diferentes fenótipos, dessa população. MÉTODOS: Os pacientes foram selecionados do ambulatório de asma, pertencentes à coorte BRASASP. Foram avaliados o controle clínico, a função pulmonar, incluindo medidas de pequenas vias aéreas, o perfil inflamatório e a qualidade de vida. RESULTADOS: Sessenta pacientes, acompanhados desde 2005, compunham a coorte original, a qual tinha sido submetida a extensa avaliação prévia há 12 anos. Destes, 5 (8,3%) faleceram de causas cardiovasculares e 5 (8,3%) perderam o seguimento. Então, um total de 50 pacientes foi incluído no presente estudo, dos quais 35 (70%) eram mulheres. Após 12 anos de seguimento, a maioria das variáveis clínicas, como controle clínico, dose do corticóide inalatório e índice de massa corpórea não sofreram alterações. Cerca de 1/3 dos pacientes eram controlados previamente, proporção que se manteve até o momento. Por outro lado, os episódios de exacerbações da asma diminuíram significativamente, além da redução importante de uso de corticóide oral. Já o percentual de comorbidades aumentou, com significância para rinite e doença do refluxo gastroesofágico. Houve piora significativa nos parâmetros de função pulmonar, com um aumento expressivo de pacientes com obstrução persistente e pequenas vias aéreas globalmente afetadas. O perfil inflamatório dos pacientes melhorou, sendo observada uma redução significativa na porcentagem de eosinófilos e neutrófilos no escarro, menor nível de IgE e manutenção dos níveis de óxido nítrico exalado. Os 3 fenótipos escolhidos para análise da evolução foram baseados no perfil funcional dos pacientes: ausência de obstrução persistente, obstrução persistente moderada e obstrução persistente grave, com um aumento dos dois últimos ao longo do tempo e associação direta com nível de óxido nítrico exalado e quantidade de neutrófilos no escarro prévios. Observou-se grande melhora na qualidade de vida em 62% dos pacientes avaliados, associada inversamente à quantidade de eosinófilos no escarro e diretamente com o controle clínico. CONCLUSÕES: Após 12 anos de seguimento, os pacientes evoluíram com controle clínico e dose de corticóide inalatório inalterados, mas com diminuição do uso de corticóide oral e dos espisódios de exacerbações, além de melhora no perfil inflamatório. A função pulmonar piorou ao longo do tempo, com maior evolução para fenótipos com obstrução persistente, associada a maiores níveis de óxido nítrico exalado e neutrófilos no escarro. Por fim, a qualidade de vida melhorou significativamente em pelo menos 2/3 dos pacientes, associada a menor quantidade de eosinófilos no escarro e controle clínico

INTRODUCTION: The evolutionary behavior of asthma phenotypes or the variables that, individually or in combination, are related to its severity has not been definitively established. The present study evaluated the lung function loss rate and the quality of life of patients with severe asthma, under regular follow-up and adequate therapy, after 12 years of follow-up; evaluated risk factors related to the development of persistent airflow obstruction; compared the clinical, inflammatory, and functional evolution between different phenotypes in this population. METHODS: Patients were selected from the asthma outpatient clinic, belonging to the BRASASP cohort. Clinical control, lung function, including small airway measurements, inflammatory profile and quality of life were evaluated. RESULTS: Sixty patients, followed since 2005, comprised the original cohort, which had undergone extensive prior evaluation 12 years ago. Of these, 5 (8.3%) died of cardiovascular causes and 5 (8.3%) were lost to follow-up. So, a total of 50 patients were included in the present study, of which 35 (70%) were women. After 12 years of follow-up, most clinical variables, such as clinical control, inhaled corticosteroid dose and body mass index, did not change. About 1/3 of the patients were previously controlled, a proportion that has been maintained until now. On the other hand, the episodes of asthma exacerbations decreased significantly, in addition to the significant reduction in the use of oral corticosteroids. The percentage of comorbidities increased, with significance for rhinitis and gastroesophageal reflux disease. There was a significant worsening in lung function parameters, with a significant increase in patients with persistent obstruction and globally affected small airways. The patientss inflammatory profile improved, with a significant reduction in the percentage of eosinophils and neutrophils in the sputum, a lower level of IgE and maintenance of exhaled nitric oxide levels. The 3 phenotypes chosen for the evolution analysis were based on the functional profile of the patients: absence of persistent obstruction, moderate persistent obstruction, and severe persistent obstruction, with an increase in the last two over time and direct association with the level of exhaled nitric oxide and amount of neutrophils in previous sputum. A great improvement in quality of life was observed in 62% of the evaluated patients, inversely associated with the amount of eosinophils in the sputum and directly with clinical control. CONCLUSIONS: After 12 years of follow-up, the patients evolved with unchanged clinical control and dose of inhaled corticosteroids, but with a decrease in the use of oral corticosteroids and episodes of exacerbations, in addition to an improvement in the inflammatory profile. Lung function worsened over time, with greater progression to phenotypes with persistent obstruction, associated with higher levels of exhaled nitric oxide and sputum neutrophils. Finally, the quality of life significantly improved in at least 2/3 of the patients, associated with a lower amount of eosinophils in the sputum and clinical control