As taxas crescentes de diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) ao longo das últimas décadas têm gerado preocupações sobre um possível aumento da prevalência do transtorno. Explicações alternativas envolvem problemas na classificação de casos realizada por diferentes instrumentos, novos critérios diagnósticos, entre outros fatores. Já existem revisões sistemáticas sobre prevalência do TEA, mas há um número restrito de metanálises até o momento, realizadas com limitações metodológicas. Por meio da metanálise, é possível agrupar os dados das revisões e gerar uma estimativa agregada e, pela análise de metarregressão, verificar quais os fatores relacionados à variação na prevalência encontrada em diferentes estudos, como o ano de realização e a localização geográfica. Esta tese tem como objetivo aprofundar o conhecimento acerca da epidemiologia do TEA. Para tanto, foram realizados: (i) uma metanálise dos estudos de prevalência do TEA conduzidos ao redor do mundo e uma metarregressão para identificar se a variabilidade da prevalência vem ocorrendo em função de características metodológicas dos estudos ou em função das localizações e anos em que foram realizados (ii) um exame de validade do instrumento de rastreamento de TEA Childhood Autism Spectrum Test (CAST), por meio de uma análise de teoria de resposta ao item (TRI). Até o momento, não há evidências de validade advindas de análises psicométricas robustas que mostrem como essa ferramenta se comporta no contexto escolar brasileiro, o que teria implicações importantes para futuros estudos epidemiológicos em nosso meio. As análises foram feitas em grupo de faixas etárias buscando maior homogeneidade. Documentamos uma prevalência média de 46,64 a cada 10.000 para o grupo de crianças pré-escolares, 48,94 para o grupo de escolares e 22,34 a cada 10.000 para os adolescentes. A prevalência maior concentra-se na América do Norte, a coleta de dados por meio de registro é o mais comum e a prevalência tem tido aumento de aproximadamente 1% a cada década. A escala CAST é um instrumento adequado para identificar crianças com TEA em grau moderado para grave. Os dados sugerem um aumento da prevalência do TEA nas últimas décadas, indicando a necessidade de rastreamento de novos casos e monitoramento continuado do número de crianças e adolescentes na comunidade afetados pelo TEA

The increasing rates of autism spectrum disorder (ASD) diagnosis over the past few decades have raised concerns about a possible increase in the prevalence of the disorder. Alternative explanations involve problems in the classification of cases performed by different instruments, new diagnostic criteria, among other factors. There are already systematic reviews on the prevalence of ASD, but there is a still limited number of meta-analyses, which were also performed with methodological limitations. Through the meta-analysis, it is possible to gather data from the reviews and generate an aggregate estimate, and, through the meta-regression analysis, to verify which factors are related to the variation in prevalence found in different studies, such as the year of completion and the geographic location. This thesis aims to deepen knowledge about the epidemiology of ASD. Therefore, (i) a meta-analysis of ASD prevalence studies conducted around the world was performed, as well as a meta-regression to identify whether the variability in prevalence has been occurring as a function of methodological characteristics of the studies or as a function of locations and years in which they were performed; (ii) a validity study on ASD Childhood Autism Spectrum Test (CAST) screening instrument was performed through an Item Response Theory (IRT) analysis. So far, there is no evidence of validity from robust psychometric analyzesthat show how this tool is applied in the Brazilian school context, which would have important implications for future epidemiological studies in our country. The analyses were conducted in a group of age groups seeking greater homogeneity. We documented an average prevalence of 46.64 per 10,000 for the preschool group, 48.94 for the school-age group, and 22.34 per 10,000 for adolescents. The highest prevalence is concentrated in North America, data collection through registration is the most common one, and the prevalence of ASD has increased significantly by approximately 1% each decade. The CAST scale is a suitable instrument to identify children with ASD from a moderate to a severe degree. The data suggest an increase in the prevalence of ASD in recent decades, which indicates the need for tracking new cases and continued monitoring of the number of children and adolescents in the community affected by ASD