Introdução: Miopatias autoimunes sistêmicas (MAS) compreendem um grupo de doenças reumáticas raras divididas em dermatomiosite, polimiosite, síndrome antissintetase e miopatia necrosante imunomediada. Apesar dos notáveis e expressivos avanços acerca das opções terapêuticas, ainda se nota uma elevada prevalência de dor e fadiga nestes pacientes. Estudos atuais mostram que a associação entre treinamento físico aeróbico associada a estimulação elétrica transcraniana por corrente contínua pode promover efeitos aditivos na melhora da dor e da fadiga. Contudo, não há evidências acerca da intensidade e da prevalência de dor e fadiga crônica, assim como, não há estudos sobre os potenciais efeitos aditivos do treinamento físico aeróbico associado à estimulação elétrica transcraniana por corrente contínua na dor e fadiga de pacientes com MAS. Métodos: Trata-se de um estudo dividido em duas fases: a) estudo observacional do tipo transversal, no qual os pacientes e um grupo controle (sem doenças reumáticas) foram entrevistados com questionários unidimensionais de dor e fadiga. b) ensaio clínico randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, grupo cruzado, no qual os pacientes no qual os pacientes com fadiga ou dor foram randomizados aleatoriamente para receber intervenção com treinamento aeróbico moderado através da percepção subjetiva de esforço, duração em 30 minutos associado a tDCS ativa 2mA, 20 minutos ou placebo por 10 sessões diárias e consecutivas. Os eletrodos foram posicionados de acordo ao sistema 10/20 do EEG (ânodo posicionado em Fp2 ou Fp1 e o cátodo, respectivamente, em C3 ou C4). Os grupos foram avaliados nos tempos: antes e após da primeira e segunda intervenção, e após 12 semanas de seguimento. Resultados: Foram incluídos na primeira etapa 75 pacientes (31 com dermatomiosite, 26 com síndrome antissintetase, seis com dermatomiosite clinicamente amiopática, sete com miopatia necrosante imunomediada e cinco com polimiosite) os quais foram comparados a 79 CTR. Os pacientes estavam relativamente estáveis da atividade da doença com mediana de uso de glicocorticoides de 0,0 (0,0-5,0) mg/dia. Não houve diferença entre as características demográficas e antropométricas entre pacientes e CTR. Houve diferença da percepção e intensidade da dor leve, moderada e grave de dor, enquanto acerca da percepção de fadiga apenas notou-se diferenças em intensidade leve, intensidade e no escore de gravidade de fadiga. Após submetidos a intervenção observou-se redução dos escores gerais dos questionários multidimensionais de dor e fadiga, assim como, na intensidade da dor. Contudo, não houve diferença nos domínios dos questionários de fadiga e dor. Houve adesão de 88,8% dos pacientes no presente estudo e não houve eventos adversos graves. Conclusão: Pacientes com MAS apresentaram maior percepção de dor e fadiga em comparação ao CTR. Além disso, a associação da tDCS com o treinamento aeróbio promoveu efeitos adicionais em relação ao grupo submetido a estimulação placebo combinada ao treinamento aeróbio nos escores gerais de dor e fadiga, assim como, na intensidade da dor. Contudo, não houve mudanças nos subdomínios dos questionários de dor e fadiga

Background: Systemic autoimmune myopathies comprise a heterogeneous group of rare rheumatic diseases divided into dermatomyositis, polymyositis, antisynthetase syndrome, and immune-mediated necrotizing myopathy. In addition to therapeutic advances and options, chronic pain and fatigue are common symptoms in these patients. Current studies show that the association between aerobic exercise training and noninvasive brain stimulation may promote additional benefits in chronic pain and fatigue improvement. However, no studies have assessed the prevalence of pain and chronic fatigue; for example, there is no evidence regarding the potential effects of aerobic exercise training associated with non-invasive brain stimulation on pain and fatigue in patients with systemic autoimmune myopathy. Objectives: To assess the perception and intensity of pain and fatigue in patients with systemic autoimmune myopathies. Nonetheless, to evaluate the potential efficacy of noninvasive brain-stimulation for pain and fatigue perception, impact, and severity. Methods: This was a two-phase study, divided by a) an observational cross-sectional study; b) randomized, double-blind, sham-controlled, crossover clinical trial. 75 patients were included in the first phase, which was compared with 79 individuals without any disease as a control group. Of the eligible patients, 17 were included in the intervention with transcranial current electrical stimulation (tDCS) at an intensity of 2 mA and duration of 20 minutes associated with moderate aerobic exercise training for 30 minutes. The patients were evaluated using uni-multidimensional questionnaires and physical function tests before and after the intervention. Results: In the first stage, 31 (41.3%) patients were diagnosed with dermatomyositis, 26 (34.6%) antisynthetase syndrome, six (8.0%) clinically amyopathic dermatomyositis, seven (9.0%) with immune-mediated necrotizing myopathy, and five (6.0%) with polymyositis. Patients were relatively stable in the disease with a median glucocorticoid use of 0.0 (0.0-5.0) mg/day, and there were no differences between the demographic and anthropometric characteristics in the patients and the control group. There were differences in the perception and intensity of mild, moderate, and severe pain, whereas regarding the perception of fatigue, only differences were noted in mild intensity, intensity, and fatigue severity scores. After the intervention, there was a reduction in the general scores of the multidimensional pain and fatigue questionnaires as well as in the intensity of pain. However, there were no differences in the domains of the fatigue and pain questionnaires. Therefore, 88.8% of patients in the present study showed adherence and no serious adverse events. Conclusion: Patients with MAS had a higher perception of pain and fatigue than those with CTR did. The association of tDCS with aerobic training promoted additional effects in relation to the group subjected to sham stimulation combined with aerobic training on general pain and fatigue scores, as well as on pain intensity. However, there were no changes in the subdomains of the pain and fatigue questionnaire