OBJETIVO: Identificar as variáveis associadas ao nascimento prematuro espontâneo e eletivo em fetos com malformações. MÉTODOS: Foi realizado um estudo retrospectivo no Setor de Medicina Fetal do Departamento de Obstetrícia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em São Paulo, Brasil (de dezembro de 2013 a maio de 2017), incluindo 505 gestantes com fetos únicos com diagnóstico ultrassonográfico de malformação não letal com planejamento de nascimento em centro terciário. A associação entre as variáveis e o nascimento prematuro (espontâneo e eletivo) foi analisada por meio de modelos de regressão logística multinomial e binária. No modelo final, as variáveis relacionadas foram selecionadas e o odds ratio (OR) foi considerado uma medida de associação de cada variável com o desfecho. RESULTADOS: As variáveis significativas que se associaram ao nascimento prematuro espontâneo foram: parto prematuro espontâneo anterior (OR = 5,74; IC95% 1,82-18,07), oligoidrâmnio no último exame (OR = 5,35; IC95% 1,77- 16,18), polidrâmnio no último exame (OR = 4,0; IC 95% 1,83-9,02), malformações do trato respiratório (OR = 2,80; IC95% 1,16-6,76); e malformações gastrointestinais e de parede abdominal (OR = 6,05; IC95% 2,81-13,01); para o parto prematuro eletivo, as variáveis significativas foram alteração de vitalidade indicativa de parto (OR = 15,48; IC95% 6,88-34,81), restrição de crescimento intrauterino (OR = 2,90; IC95% 1,31- 6,44) e polidrâmnio no último exame (OR = 4,49; IC95% 1,44-13,96). Uma vez que a alteração de vitalidade foi associada ao nascimento prematuro eletivo, também investigamos essa variável como desfecho. Os fatores independentes para alteração de vitalidade indicativa de parto foram: restrição de crescimento intrauterino (OR = 1,92; IC 95% 1,16-3,19) e oligoidrâmnio no último exame (OR = 9,52; IC95% 3,95-22,90), diabetes mellitus pré-gestacional (OR = 5,58; IC95% 2,25-13,85) e gastrosquise (OR = 2,44; IC95% 1,27-4,69). CONCLUSÕES: Os fatores de risco que predizem o nascimento prematuro espontâneo e eletivo em fetos com malformações foram demonstrados, além de fatores associados à alteração de vitalidade indicativa de parto. Esses achados são de extrema importância para o manejo pré-natal cuidadoso desses casos para que possamos identificar precocemente os fatores que levam ao parto prematuro, a fim de melhorar o prognóstico neonatal e a morbimortalidade

OBJECTIVE: To identify the variables associated with spontaneous and medically induced preterm births in fetuses with birth defects. STUDY DESIGN: This was a retrospective study with 505 pregnant women with singleton pregnancy and diagnosis of nonlethal birth defects. The risk factors for preterm birth (spontaneous and medically induced) were analyzed using multinomial and binary logistic regression models. In the final model, the related variables were selected, and the odds ratio (OR) was considered a measure of the association of each variable with the outcome. RESULTS: In our study, 14,5% of women had spontaneous preterm birth and 9,3% had medically induced preterm birth. Variables associated with spontaneous preterm birth were previous spontaneous preterm birth (OR=5.74; 95%CI 1.82-18.07), oligohydramnios (OR=5.35; 95%CI 1.77-16.18) and polyhydramnios (OR=4.0; 95%CI 1.83-9.02) in the last exam, respiratory tract defects (OR=2.80; 95%CI 1.16-6.76), and gastrointestinal defects together with abdominal wall anomalies (OR=6.05; 95%CI 2.81-13.01). For medically induced preterm birth the significant variables were abnormal antepartum fetal surveillance indicating delivery (OR=15.48; 95%CI 6.88-34.81), intrauterine growth restriction (IUGR) (OR=2.90; 95%CI 1.31-6.44), and polyhydramnios (OR=4.49; 95%CI 1.44-13.96) in the last exam. Since abnormal antepartum surveillance was strongly associated with medically induced preterm birth, we also investigated this variable as an outcome variable. The independent factors associated with abnormal antepartum fetal surveillance were IUGR (OR= 1.92; 95%CI 1.16-3.19), oligohydramnios (OR=9.52; 95%CI 3.95-22.90) in the last exam, pregestational diabetes mellitus (OR=5.58; 95%CI 2.25-13.85), and fetal gastroschisis (OR=2.44; 95%CI 1.27-4.69). CONCLUSIONS: Risk factors predicting spontaneous and medically induced preterm births in fetuses with birth defects were demonstrated, and so were factors associated with abnormal antepartum fetal surveillance indicative of delivery. These findings are extremely important for careful prenatal management of cases of fetuses with birth defects. The identification of the factors leading to preterm birth in this specific population may improve neonatal prognosis, thereby decreasing morbidity and mortality