OBJETIVOS: O presente estudo visou verificar a ocorrência de modificações na composição da microbiota vaginal decorrentes do uso do pessário de Arabin ou da progesterona natural por via vaginal como tratamento em gestantes com colo uterino curto diagnosticado entre 20 e 24 semanas de gestação. Os objetivos secundários foram a correlação entre diferentes tipos de análise da microbiota vaginal e a associação das modificações com a ocorrência do parto prematuro. MÉTODOS: Análise prospectiva de 44 gestantes acompanhadas no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2018 devido ao achado de colo curto (25 mm) ao USTV e tratadas com pessário de Arabin (n=22) ou progesterona vaginal (n=22). A secreção vaginal foi coletada no segundo trimestre, no momento do diagnóstico do colo curto, e no terceiro trimestre, 4 semanas após o início do tratamento. Foram realizadas análises microbiológicas convencionais nesse material para determinação do escore de Nugent e pesquisa de outros microorganismos específicos. Usando técnicas de sequenciamento do gene rRNA 16S bacteriano por NGS foi caracterizada a composição da microbiota vaginal nas 88 amostras colhidas. RESULTADOS: Não foi observada diferença associada ao tratamento em termos do escore de Nugent e outras análises microbiológicas, bem como com a composição, diversidade e abundância dos táxons majoritários pela análise metagenômica. A microbiota da maioria das amostras analisadas mostrou baixa diversidade, dominância de Lactobacillus e estabilidade entre os 2 tempos de coleta. O escore de Nugent alterado (>3) associou-se à maior diversidade da microbiota, bem como à maior abundância de bactérias anaeróbias, como a Gardnerella. O parto prematuro abaixo de 37 semanas foi associado com a maior dissimilaridade da microbiota e com a diminuição da abundância de Lactobacillus iners. Não houve associação de outros desfechos gestacionais, RPMO e corioamnionite, bem como da presença de slugde cervical com a composição e diversidade da microbiota. CONCLUSÃO: Pessário e progesterona são equivalentes em relação à estabilidade da microbiota vaginal

OBJECTIVES: The aim of the present study was to investigate possible changes in vaginal microbiota composition due to the use of an Arabin pessary or vaginal progesterone in pregnant women with a short cervix (25 mm) diagnosed at 20-24 wk. Secondary objectives were the comparison between different types of microbiota analyses and the correlation between changes in vaginal microbiota composition and the occurrence of preterm labor. METHODS: Prospective analysis of 44 pregnant women followed between Jan 2016-Dec 2018 for a short cervix (25 mm) observed on TVUS and treated with an Arabin pessary (n=22) or vaginal progesterone (n=22). Vaginal swabs were collected at the 2nd trimester, upon short cervix diagnosis, and 4 weeks after treatment initiation. Microbiologic analyses were performed to determine the Nugent score of vaginal fluid as well as test for the presence of other specific microorganisms. Using high throughput 16S rRNA gene amplicon sequencing techniques the microbiota of all 88 samples was determined. RESULTS: No treatment-associated difference in the Nugent score or other conventional microbiologic analysis was observed. Most samples were characterized by a low-diversity, lactobacilli-dominated microbiota composition that remained stable after the onset of treatment. An altered Nugent score (>3) was associated with higher diversity and abundance of anaerobes, like Gardnerella. Premature birth before 37 wk was associated with a higher dissimilarity and lower abundance of Lactobacillus iners, but no other association was found with PROM, chorioamnionitis or the presence of cervical sludge. CONCLUSION: Pessary and progesterone treatment for a short cervix appear to be equivalent regarding stability of the vaginal microbiota