Objetivo: O objetivo primário deste estudo foi avaliar o efeito da meditação na pressão arterial diastólica em gestantes acometidas por hipertensão arterial crônica, na transição do segundo para o terceiro trimestre de gestação. Os objetivos secundários foram avaliar se pressão arterial sistólica e média, assim como os indicadores de resiliência, atenção plena, qualidade de vida e ansiedade sofrem efeito da intervenção (meditação) no mesmo período gestacional. Métodos: Trata-se de ensaio clínico randomizado, controlado e cego. Foram incluídas gestantes com 21 anos ou mais de idade; com gestação única, tópica entre 20ª e 24ª semanas de idade gestacional, portadoras de hipertensão arterial crônica, não complicada; que realizaram acompanhamento pré-natal em ambulatório de gestação de alto risco; não praticantes previamente de meditação; sem antecedentes pessoais de depressão ou transtornos psiquiátricos; sem doença cardíaca grave ou abuso de drogas ilícitas e/ou álcool; com disponibilidade de smartphone para utilização de áudio guia em aplicativo utilizado no estudo. Os critérios de exclusão foram: diagnóstico de depressão e transtornos psiquiátricos durante a gestação. Utilizaram-se ainda como critérios de descontinuidade o não retorno para seguimento ou o desejo de sair do estudo. Quarenta e sete participantes, que concordaram em participar do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido foram randomizadas em dois grupos: grupo intervenção (meditação atenção focada e monitoramento aberto) n = 24 e grupo controle (cuidados usuais de pré-natal) n = 23. As participantes do grupo intervenção foram orientadas a realizar a prática de meditação duas vezes por dia, por 10 minutos com auxílio dos áudios guia por 8 semanas, com encontros presenciais quinzenais. A coleta de dados de pressão arterial foi realizada quinzenalmente e dados dos questionários complementares: Escala de Resiliência, Mindful Attention Awareness (Escala de Conscientização), Qualidade de Vida e Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, foram colhidos no momento da inclusão e pós-intervenção. A análise estatística a ANOVA-oneway foi realizada para avaliar a interação entre grupos controle e intervenção para as medidas versus tempo em todas as variáveis do estudo. Quando diferença estatística assumida, o teste de comparações múltiplas Bonferroni foi aplicado para igualdade de variância assumida. O tamanho de efeito foi avaliado pela Interpretação do Partial Eta Square (n2), sendo: n2 = 0.01 efeito pequeno; n2 = 0.06 efeito moderado; n2 = 0.14 efeito grande. Resultados: Das 47 participantes 36 realizaram o acompanhamento completo, 18 no grupo intervenção e 18 no grupo controle. Os grupos foram similares na análise de linha de base (momento da inclusão no estudo) para variáveis de pressão arterial e questionários. A intervenção resultou em redução significativa da pressão arterial diastólica (p* = 0,010), n2 = 0,17; da pressão arterial media (p* = 0,034), n2 = 0,76; da ansiedade (p* = 0,036), n2 = 0,24 e melhoria da qualidade de vida (p* = 0,015), n2 = 0,39. Conclusão: A meditação resultou em redução significativa da pressão arterial diastólica, pressão arterial média, da ansiedade e em melhoria da qualidade de vida, com tamanho de efeito grande podendo ser terapêutica complementar promissora no seguimento destas gestantes

Objective: The primary objective of this study was to evaluate the effect of meditation on diastolic blood pressure in pregnant women with chronic arterial hypertension, in the transition from the second to the third trimester of pregnancy. The secondary objectives were to assess whether systolic and mean blood pressure, as well as indicators of resilience, mindfulness, quality of life and anxiety, were affected by the intervention (meditation) during the same gestational period. Methods: This is a randomized, controlled, blinded clinical trial. Inclusion criteria were: pregnant women aged 21 years or older; with a single pregnancy, between 20 and 24 weeks of gestational age, with uncomplicated chronic arterial hypertension; non-practitioner of meditation; no personal history of depression or psychiatric disorders; no serious heart disease or illicit drug and/or alcohol abuse; with a smartphone available to use the audio guide in the application used in the study. Exclusion criteria were; diagnosis of depression and psychiatric disorders during pregnancy. Non-return for follow-up or the desire to leave the study were also used as discontinuity criteria. Forty-seven participants who agreed to participate in the study and signed an informed consent form were randomized into two groups: intervention group (focused attention meditation and open monitoring) n = 24 and control group (usual prenatal care) n = 23. The participants were instructed to meditate for 10 min twice a day using the audio guides and were invited to participate in the fortnightly meditation sessions, which were conducted individually and face-to-face. Their blood pressure was measured in fortnightly face-to-face meetings. The instruments used were the Resilience Scale, the Mindful Attention Awareness Scale, the World Health Organization Quality of Life Scale , and the Hospital Anxiety and Depression Scale, which were administered at the enrollment and after 8 weeks of follow-up. The one-way ANOVA was used in the statistical analysis to evaluate the interaction between the control and intervention groups versus time for all study variables. When statistical difference was assumed, the Bonferroni multiple comparisons test was applied for assumed equality of variance. The effect size was evaluated by the partial eta squared (n2), with n2 = 0.01 meaning a small effect; n2 = 0.06, a moderate effect; and n2 = 0.14, a large effect. Results: Of the 47 participants, 36 underwent complete follow-up, 18 in the intervention group and 18 in the control group. The groups were similar in the initial analysis of blood pressure variables and scales. The intervention resulted in significantly reduced diastolic blood pressure (p* = 0.010, n2 = 0.17), mean blood pressure (p* = 0.034, n2 = 0.76), and anxiety (p* = 0.036, n2 = 0.24) as well as improved quality of life (p* = 0.015, n2 = 0.39). Conclusion: meditation resulted in significantly reduced diastolic, mean blood pressure and anxiety as well as improved quality of life, with a large effect size corroborating meditation as a promising complementary therapy in the follow-up of hypertensive pregnant women