Muito se sabe sobre os efeitos da vitimização por violência no desenvolvimento de crianças e adolescentes e no desempenho escolar. A vitimização por violência está associada não apenas a comprometimentos na saúde física e mental como também pode agravar o estabelecimento de relações interpessoais e o desenvolvimento psicossocial dos/as adolescentes. A polivitimização por diferentes tipos de violência é um fenômeno ainda pouco estudado na literatura cientifica, mas que apresenta dados de prevalências preocupantes. O estudo sobre fatores e características de ambientes que podem exercer um papel protetor contra a vitimização por violência se apresenta como uma possibilidade para a oferta de programas de prevenção efetivos. A escola, enquanto instituição educativa e promotora do desenvolvimento de crianças e adolescentes, possui potencial para ser um dos ambientes protetivos. Poucos estudos exploraram os possíveis efeitos do clima escolar na vitimização e polivitimização por violência em diferentes contextos. A nossa hipótese é que o clima escolar pode funcionar como um importante fator de proteção para as vitimizações por violência e que, quanto melhor a percepção dos estudantes sobre o clima escolar, menor será a ocorrência de vitimizações, na medida em que a escola é reconhecida como espaço que confere segurança e oportunidade para se estabelecer relações protetoras. Exploramos essas hipóteses em um estudo de corte transversal composto por uma amostra representativa de adolescentes que cursavam o 9º ano do Ensino Fundamental II do município de São Paulo no ano de 2017. O objetivo do estudo foi analisar como a percepção dos estudantes sobre o clima escolar se associa à vitimização por diferentes tipos de violências e a polivitimização. Para análise dos dados foram utilizadas a regressão logística e a regressão logística multinomial brutas e ajustadas. Os resultados apontaram uma associação negativa entre o clima escolar e a vitimização por todos os tipos de violência e a polivitimização. Observamos ainda que o clima escolar bom exerceu um efeito protetor maior do que o clima escolar intermediário em todos os casos, com OR menores do que os encontrados com o clima intermediário (práticas disciplinares parentais violentas: clima escolar bom 0,35; violência grave 0,44; bullying 0,20; violência comunitária média 0,56, e alta 0,26, vitimização por 2 a 3 tipos 0,84; vitimização por 4 a 6 tipos 0,47 e polivitimização 0,17). Os nossos resultados demonstram que climas escolares positivos, dotados de boas percepções sobre segurança, justiça e equidade em relação às normas e regras, apoio às dificuldades escolares, com bons relacionamentos interpessoais dos adolescentes entre si e destes com os professores, podem funcionar como fatores protetores importantes para a vitimização e polivitimização por violência contra adolescentes

Much is known about the effects of violence victimization on children and adolescents' development and school performance. Victimization by violence is associated not only with impairments in physical and mental health, but can also worsen the establishment of interpersonal relationships and the psychosocial development of adolescents. Polyvictimization due to different types of violence is a phenomenon that has not yet been studied in the scientific literature, but which presents worrying prevalence data. The study of factors and characteristics of environments that can play a protective role against victimization by violence presents itself as a possibility for the provision of effective prevention programs. The school, as an educational institution and promoter of the development of children and adolescents, has the potential to be one of the protective environments. Few studies have explored the possible effects of the school climate on victimization and poly-victimization by violence in different contexts. Our hypothesis is that the school climate can function as an important protective factor for victims of violence and that the better the students' perception of the school climate, the lower the occurrence of victimization will be, as the school is recognized. as a space that provides security and an opportunity to establish protective relationships. We explored these hypotheses in a cross-sectional study composed of a representative sample of adolescents who attended the 9th grade of Elementary School II in the city of São Paulo in 2017. The objective of the study was to analyze how students' perception of the school climate is associated with victimization by different types of violence and poly-victimization. For data analysis, crude and adjusted logistic regression and multinomial logistic regression were used. The results showed a negative association between the school climate and victimization by all types of violence and poly-victimization. We also observed that the good school climate exerted a greater protective effect than the intermediate school climate in all cases, with OR lower than those found with the intermediate climate (violent parental disciplinary practices: good school climate 0.35; severe violence 0 .44; bullying 0.20; average community violence 0.56, and high 0.26, victimization by 2 to 3 types 0.84; victimization by 4 to 6 types 0.47 and poly-victimization 0.17). Our results show that positive school climates, endowed with good perceptions about safety, justice and equity in relation to norms and rules, support for school difficulties, with good interpersonal relationships between adolescents and between them and teachers, can work as protective factors. important for victimization and poly-victimization by violence against adolescents