Introdução: O Brasil se tornou um país de migração intensa da população haitiana entre os anos de 2010 e 2018. São poucos os estudos sobre esse tema, sobretudo sobre a saúde dos migrantes haitianos no Brasil, como pode ser verificado em revisão da literatura. . Objetivo: Conhecer o perfil de saúde dos migrantes haitianos no Brasil no período de 2010 a 2018. Métodos: Foi adotada metodologia de revisão de escopo da literatura sobre o perfil dos migrantes haitianos no Brasil no período 2010-2020, com base no protocolo do instituto Joanna Brigg e foram identificadas e analisadas as bases de dados que incluem informações sobre nacionalidade do Ministério da Justiça e de Segurança Pública, da Polícia Federal, do Ministério do Trabalho e do Ministério da Saúde de 2010 até 2018, Resultados: Durante o período analisado a Polícia Federal registrou 116.625 entradas de migrantes haitianos, com concentração das entradas, 73,78%, entre os anos de 2015 a 2017, , sendo a maioria do sexo masculino. A faixa etária dos migrantes que entraram no Brasil se concentra entre as idades de 20 anos até 44 anos, em ambos os sexos. No período 2010 a 2018, o Ministério do Trabalho registrou 48.116 trabalhadore(a)s haitiano(a)s. Os homens representam 76,10% dos registros, enquanto as mulheres representam 23,90%. Observou-se que 42,15% dos trabalhadore(a)s haitiano(a)s referiram ter escolaridade de Ensino Medio Completo e que as trabalhadoras de sexo feminino são mais jovens, em comparação com os de sexo masculino. Em relação aos dados do Ministério da Saúde, encontrou- se que o sistema de Sistema de Internaçãoe Hospitalares/SIH do DATASUS, registrou 3.926 internações de haitiano(a)s, concentradas entre os anos de 2015 a 2018, representando 89,35%. Entre 2010 e 2018, 91% das internações de mulheres corresponderam às idades de de 20 a 39 anos, e tiveram como diagnóstico de internação o parto. O Sistema de Informação de Mortalidade/ SIM do DATASUS registrou 481 óbitos do(a)s migrantes haitiano(a)s, concentrados entre os anos de 2014 a 2018, com 93,98% de registro nesse período. A distribuição proporcional da mortalidade se concentra entre as idades de 20 até 44 anos em ambos os sexos. Conclusão: A variação no fluxo das entradas dos migrantes haitianos no período refletem os políticas adotadas pelo Brasil, mais ou menos favoráveis à migração, e com entradas pela Região Norte, ou pela Região Sudeste. A população migrante é composta de adultos jovens, predominantemente masculina, que declara escolaridade de nível médio e apresenta perfil de internações no SUS compatível com população com essas características. A forma em que as informações são registradas nos sistemas de saúde analisados não permite conhecer o tamanho da população em cada ano e a sua residência final, o que dificulta a interpretação mais aprofundada. Os resultados dessa pesquisa apontam a necessidade de produzir dados mais consistentes e precisos dos fluxos migratórios no Brasil, no sentido de contribuir para uma efetiva integração dos migrantes e refugiados na sociedade brasileira

Introduction: Brazil has become a country of intense migration of the Haitian population between 2010 and 2018. There are few studies on this topic, especially on the health of Haitian migrants in Brazil, as can be seen in a literature review . Objective: To know the health profile of Haitian migrants in Brazil in the period from 2010 to 2018. Methods: The literature review methodology on the profile of Haitian migrants in Brazil in the period 2010-2020 was adopted, based on the protocol of the institute Joanna Brigg and the databases that include nationality information from the Ministry of Justice and Public Security, the Federal Police, the Ministry of Labor and the Ministry of Health from 2010 to 2018 were identified and analyzed. Results: During the period analyzed the The Federal Police recorded 116,625 entries of Haitian migrants, with a concentration of entries, 73.78%, between the years 2015 to 2017, the majority being male. The age group of migrants who entered Brazil is concentrated between the ages of 20 and 44, in both sexes. In the period from 2010 to 2018, the Ministry of Labor registered 48,116 Haitian workers. Men represent 76.10% of the records, while women represent 23.90%. It was observed that 42.15% of Haitian workers reported having completed High School education and that female workers are younger compared to male workers. In relation to data from the Ministry of Health, it was found that the DATASUS Hospitalization System / SIH system registered 3,926 hospitalizations of Haitian (a) s, concentrated between the years 2015 to 2018, representing 89.35%. Between 2010 and 2018, 91% of hospitalizations for women corresponded to the ages of 20 to 39 years, and were diagnosed with hospitalization during childbirth. The DATASUS Mortality Information System / SIM recorded 481 deaths of Haitian migrants, concentrated between the years 2014 to 2018, with 93.98% registered in that period. The proportional distribution of mortality is concentrated between the ages of 20 to 44 years in both sexes. Conclusion: The variation in the flow of inflows of Haitian migrants in the period reflects the policies adopted by Brazil, more or less favorable to migration, and with inflows from the North Region, or the Southeast Region. The migrant population is composed of young adults, predominantly male, who declare high school education and have a profile of admissions in SUS compatible with the population with these characteristics. The way in which the information is recorded in the analyzed health systems does not allow to know the size of the population in each year and its final residence, which hinders the more in-depth interpretation. The results of this research point to the need to produce more consistent and accurate data on migratory flows in Brazil, in order to contribute to an effective integration of migrants and refugees in Brazilian society