Blastocystis sp. é descrito como um protista unicelular que apresenta alta prevalência em amostras fecais de humanos e animais, ainda envolto por aspectos controversos quanto à sua patogenicidade e epidemiologia. No Brasil, existem poucos estudos relacionados com o entendimento de aspectos relevantes deste enigmático organismo. Diante disso, foram propostas diferentes abordagens, como o panorama geral das pesquisas no Brasil nos últimos 20 anos; a ocorrência de Blastocystis sp. no complexo Hospital das Clínicas (HC- FMUSP) no período de 2016-2021; a caracterização molecular de isolados de pacientes com urticária crônica e diabetes, e realizar o cultivo in vitro de isolados humanos. Os dados tanto da revisão da literatura sobre a pesquisa de Blastocystis sp. no Brasil quanto a avaliação da sua positividade no complexo HC-FMUSP reforçam a presença deste organismo em nosso meio e levanta a possibilidade de novos estudos para entender a sua real significância clínica. Em relação a urticária, não foi possível estabelecer uma relação direta com a infecção de Blastocystis sp. Contudo, obteve-se a identificação de grande diversidade intra e inter-subtipos circulantes nesses pacientes. Em relação aos diabéticos, embora este protista tenha sido mais prevalente neste grupo, ainda não se pode estabelecer uma relação entre diabetes e Blastocystis sp. E por fim, os dados sobre a manutenção invitro de isolados humanos permitiram o observar diferentes tempos de cultivo e de formas evolutivas presentes nos diferentes subtipos e alelos. Assim, são necessários mais estudos focados na interação entre Blastocystis sp. e o hospedeiro para o entendimento do impacto deste organismo na saúde pública

Blastocystis sp. is described as a protozoan prevalent in faecal samples from humans and animals, but still involves controversial aspects regarding its pathogenicity and epidemiology. In Brazil, there are few studies related to the understanding of relevant aspects of this enigmatic organism. Therefore, different approaches were proposed, such as the overview of research in Brazil in the last 20 years; the occurrence of Blastocystis sp. in the HC complex (Hospital das Clínicas) in the period of 2016 to 2021; the molecular characterization of isolates from patients with urticaria and diabetes, and perform in vitro cultivation of human isolates. The data of the literature review on the research of Blastocystis sp. in Brazil regarding the evaluation of its positivity in the HC-FMUSP complex reinforce the presence of this organism in our environment and raises the possibility of further studies to understand its real clinical significance. In relation to urticaria, it was not possible to establish a direct relationship with Blastocystis sp. Infection. Yet, it was possible to identify high intra and inter-subtypes diversity circulating in these patients. Regarding diabetics, although this protist was more prevalent in this group, it has not yet been possible to establish a relationship between diabetes and Blastocystis sp. Finally, our findings on the in vitro maintenance of human isolates allowed us to observed different cultivation times and forms present in different subtypes and alleles. Thus, further studies are needed focusing on the interaction between Blastocystis sp. and the host, to understand the impact of this organism on public health