Introdução: A doença arterial coronária (DAC) é a principal causa de mortalidade no mundo, acometendo predominantemente os idosos. O controle dos fatores de risco é de importante para evitar as manifestações clínicas da doença. A prática do exercício físico é uma das principais medidas para prevenir a aterosclerose, proporcionando, entre outros benefícios, o aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL). O impacto do exercício sobre aspectos metabólicos e funcionais da HDL que proporcionam a ação anti-aterogênica dessa lipoproteína tem sido pouco explorado em indivíduos idosos. Objetivo: Investigar em idosos, comparativamente a indivíduos jovens, se a prática de exercício físico pode alterar parâmetros relacionados ao metabolismo e função da HDL, como a transferência de colesterol, subfrações da HDL, atividade da paraoxonase 1 (PON1), atividade antioxidante da HDL e outras proteínas envolvidas nesse metabolismo. Métodos: Foram selecionados para o estudo 111 voluntários de ambos os sexos, jovens (20-35 anos) e idosos (>60 anos). Àqueles que estavam praticando exercício físico há pelo menos um ano, formaram dois grupos: jovens ativos (Jo-Atv, n=40) e idosos ativos (Id-Atv, n=25). Àqueles que reportaram não praticar nenhuma rotina de exercício físico há pelo menos um ano formaram dois outros grupos: jovem inativo (Jo-Inat, n=25) e idoso inativo (Id-Inat, n=21). Além dos hábitos referentes à prática de exercício serem reportados pelos indivíduos e documentados pelo International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), todos foram submetidos ao teste ergoespirométrico para obtenção do consumo de oxigênio de pico (VO2pico). Foi feita a coleta de sangue em jejum para determinação do perfil lipídico e de apolipoproteínas (apo), diâmetro da HDL, atividade da PON1, concentração da proteína de transferência de colesterol esterificado (CETP) e da lecitina- colesterol aciltransferase (LCAT) e a determinação das subfrações de HDL. O ensaio de transferência de colesterol esterificado (CE) e colesterol livre (CL) para a HDL foi realizado por meio da incubação do plasma com uma nanopartícula artificial doadora de CE e CL radioativos. Após a precipitação química, foi feita a contagem de radioatividade. Resultados: O VO2pico e o HDL-C foram maiores nos Id-Atv e nos Jo-Atv do que nos Id-Inat e Jo-Inat, respectivamente. A apo A-I foi maior nos Jo-Atv em comparação aos Jo-Inat, entretanto, não houve diferença de apo A-I entre os Id-Atv e Id-Inat. As transferências de CL para a HDL foram maiores nos Id-Atv do que nos Id-Inat, e maior nos Jo-Atv do que nos Jo-Inat. Entretanto, as transferências de CE para a HDL foram maiores apenas nos Jo- Atv em comparação aos Jo-Inat. As subfrações de HDL intermediárias foram maiores nos Id-Atv do que nos Id-Inat, e as subfrações grandes foram maiores nos Jo-Atv do que nos Jo-Inat. Não houve diferenças nas subfrações pequenas entre os grupos. As concentrações de CETP e LCAT, o diâmetro da HDL, a atividade da PON1 e a atividade anti-oxidante da HDL foram semelhantes entre os grupos Id-Atv e Id-Inat, e entre Jo-Atv e Jo-Inat. Não houve diferença no HDL- C, na apo A-I, nas subfrações de HDL e nas transferências de CE e CL para a HDL entre os grupos Id-Atv e os Jo-Atv. No tocante das lipoproteínas que contém apo B, não houve influência do exercício físico. Conclusão: Idosos que praticam exercício físico tem parâmetros relacionados a HDL melhor em comparação aos não praticantes. Esse resultado se replica para os grupos jovens. Além disso, apesar de terem o VO2pico diminuído, os indivíduos idosos que praticam exercício apresentaram parâmetros do metabolismo da HDL semelhantes aos dos jovens que praticam exercício, o que reforça a importância do treinamento realizado em idosos para melhorar a função anti-aterogênica da HDL. Em contraste, a prática do exercício, tanto em jovens quanto em idosos, não afetou os parâmetros das lipoproteínas que contém apo B

Background: Coronary artery disease (CAD) is the main cause of mortality worldwide, predominantly affecting elderly individuals. Risk factors control is important to avoid clinical disease manifestation. Exercise training is a major tool for atherosclerosis prevention, providing, among other benefits, the increase of high-density lipoprotein (HDL). The impact of exercise training on metabolic and functional aspects of HDL, which furnished anti-atherosclerosis action, is poorly studied in elderly subjects. Purpose: To investigate, in the elderly, compared to young individuals if exercise training may alter parameters related to HDL metabolism and function, such as cholesterol transfer to HDL, HDL subfractions, paraoxonase 1 (PON1) activity, HDL anti-oxidant activity, and other lipoproteins involved in this metabolism. Methods: 111 subjects of both sexes were enrolled in this study. Young (20-35 years) and elderly (>60 years). Who practice exercise training for at least by the last year were enrolled in the physically active group: active young (Act-Yng, n=40) and active elderly (Act-Eld, n=25). Those reported who do not practice any exercise training routines at least in the last year formed a physically inactive group: inactive young (Inact-Yng, n=25) and inactive elderly (Inact-Eld, n=21). Physical activity habits were analyzed by International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Volunteers have undergone to cardiopulmonary test for the peak of oxygen uptake (VO2peak) obtention. Blood samples were collected after overnight fasting for lipid and apolipoprotein profile determination, HDL size, PON1 activity, the concentration of cholesteryl ester transfer protein (CETP), and lecithin-cholesterol acyltransferase (LCAT) and the determination of HDL subfractions. Cholesterol transfer to HDL was performed by incubating plasma with a donor lipoprotein-like nanoparticle containing radioactively labeled unesterified (UC) and esterified cholesterol (EC), followed by chemical precipitation and radioactive count. After chemical precipitation was made radiolabeled count. Results: VO2peak and HDL-C were higher in Act-Eld and Act-Yng than in Inact-Eld and Inact-Yng, respectively. Apo A-I was higher in Act-Yng in comparison to Inact-Yng, without a difference between Act-Eld and Inact-Eld. Transfer of UC to HDL was higher in Act-Eld than Inact Eld and in Act-Yng than in Inact-Yng. However, EC transfer to HDL was higher only in Act-Yng than in Inact-Yng, without a difference between Act-Eld and Inact-Eld. HDL intermediate subfractions were higher in Act-Eld in comparison to Inact-Eld and large HDL subfractions were higher in Act-Yng in comparison to Inact-Yng. There were no differences between groups in small HDL subfractions. CETP and LCAT concentrations, PON1 activity, and HDL size were not different between Act-Eld and Inact-Eld and Act-Yng and Inact-Yng. Interestingly, there were no differences in HDL-C, apo A-I, HDL subfractions, and both cholesterol transfers to HDL between Act-Eld and Act-Yng. In respect of apo B-containing lipoproteins, exercise training does not influence these variables. Conclusion: Elderly who practice exercise training have better HDL parameters than those that not practice. These results are replicated in young groups. Despite lower VO2peak, elderly subjects that practice exercise training show HDL metabolism parameters similar to young subjects that practice exercise, which reinforces the importance of exercise training for the elderly to improve anti-atherosclerosis HDL function. In contrast, exercise training, in young or elderly, does not affect apo B-containing lipoproteins parameters