Tendo em vista que a escola em contexto hospitalar ainda é insuficientemente discutida academicamente, mesmo com recorrentes tensões e lutas pelo direito ao acesso e à permanência do público-alvo da educação especial na escola, o presente trabalho discute como a educação escolar que se desenvolve no ambiente hospitalar é analisada no campo da pedagogia hospitalar, de modo a trazer elementos para os debates sobre o cumprimento desse direito. Em torno do que se define em textos legais sobre a função para a escola no hospital, discute-se nesta pesquisa os papéis que a educação hospitalar vem cumprindo e como eles se relacionam com a função social da escola. Levantou-se, para isso, o que a produção acadêmica sobre a pedagogia hospitalar, entre os anos de 2002 e 2023, afirma que vem sendo garantido como formação escolar às crianças e jovens hospitalizados. O objetivo geral, portanto, foi identificar e discutir as concepções de escola, currículo e conhecimento presentes nesse debate. Partiu-se da hipótese de que a complexidade do ambiente hospitalar e das relações humanas que ali se estabelecem interfere na maneira como a criança é vista dentro do hospital, de forma que, frente à doença, o papel da escola seja ressignificado pelos professores, pelos pais e pelas crianças. Os resultados evidenciam, a partir da análise do léxico que compõe o corpus teórico estudado, a inespecificidade do que se entende como elemento central do ensino e da aprendizagem no contexto hospitalar. Considera-se que esses dados podem ser um indicativo bastante sugestivo da perda de especificidade da escola no hospital e, portanto, de limitações significativas no cumprimento do direito à escolarização de qualidade para crianças e jovens hospitalizados. Ademais, o que se nota no contexto hospitalar e deve ser levado em conta na concepção de orientações legais e de práticas educativas é que as experiências avaliadas como bem sucedidas revelam dois aspectos que perpassam transversalmente todas as narrativas: o estabelecimento do vínculo com a escola de origem e a abordagem do conhecimento escolar nas práticas escolares. Longe de pretender esgotar o assunto, mas visando entrar nesse debate sobre a função da escola, do professor e do conhecimento nas escolas hospitalares, reconhecem-se limites na pesquisa desenvolvida, que podem e devem ser melhor explorados em estudos posteriores.

Considering that the school in a hospital context is still insufficiently discussed academically, despite recurring tensions and struggles for the right to access and retention of the target audience of special education in school, this study discusses how school education developed in the hospital environment is analyzed in the field of hospital pedagogy, in order to contribute to the debates on the fulfillment of this right. This research discusses the roles that hospital education has been fulfilling and how they relate to the social function of school, based on what is defined in legal texts regarding the function of school in the hospital. To do so, the academic production on hospital pedagogy between the years 2002 and 2023 was surveyed to identify what has been guaranteed as school education to hospitalized children and youth. The general objective, therefore, was to identify and discuss the conceptions of school, curriculum, and knowledge present in this debate. The hypothesis was that the complexity of the hospital environment and the human relationships established therein interfere with how the child is perceived within the hospital, so that, faced with illness, the role of the school is redefined by teachers, parents, and children. The results highlight, through the analysis of the lexicon that comprises the studied theoretical corpus, the lack of specificity regarding the central element of teaching and learning in the hospital context. It is considered that these data can be a highly suggestive indicative of the loss of specificity of the school in the hospital and, therefore, significant limitations in fulfilling the right to quality education for hospitalized children and youth. Furthermore, what is observed in the hospital context and must be taken into account in the design of legal guidelines and educational practices is that experiences evaluated as successful reveal two aspects that cut across all narratives: the establishment of a connection with the home school and the approach to school knowledge in educational practices. Far from intending to exhaust the subject, but aiming to engage in this debate about the function of school, the teacher, and knowledge in hospital schools, limitations are recognized in the conducted research, which can and should be further explored in subsequent studies.