Este trabalho foca a Educação Física cultural no contexto da Educação Infantil. Justifica-se pela necessidade da ampliação de estudos sobre essa perspectiva curricular com crianças pequenas, e também pelo interesse de uma Escola Municipal de Educação Infantil paulistana em conhecer e experienciar essa proposta. A pesquisa constituiu-se a partir de uma pluralidade metodológica que englobou premissas, pressupostos e procedimentos gerais da pesquisa pós-crítica em Educação, a pesquisa-ação colaborativo-crítica e a pesquisa nos/dos/com os cotidianos. Teve como objetivos: compartilhar com a comunidade pedagógica de uma instituição de Educação Infantil conhecimentos sobre a perspectiva cultural da Educação Física; produzir com os praticantes do cotidiano da Educação Infantil experiências pedagógicas na perspectiva cultural da Educação Física; descrever e analisar as experiências realizadas, considerando as narrativas dos participantes, docentes e crianças, produzidas durante e/ou a partir das intervenções e, por último, evidenciar pertinências/impertinências, potencialidades e/ou fragilidades de um currículo cultural da Educação Física na Educação Infantil. Entre fevereiro de 2018 e dezembro de 2019 foram realizados 15 encontros de formação com a equipe pedagógica (professoras e gestoras) em horários de Jornada Especial Integral de Formação - JEIF e Projeto Especial de Ação - PEA. No mesmo período, também produziram-se experiências pedagógicas com as práticas corporais nos espaçostempos do currículo destinados à cultura corporal. Descrevemos criticamente os encontros de formação e produzimos imagensnarrativas das tematizações de futebol, brincadeiras africanas, lutas e frevo, com diferentes professoras e turmas/crianças. A partir das redes de saberesfazeres tecidas, defendemos a tese da pertinência e da potência do currículo cultural da Educação Física na/com a Educação Infantil, pois foi possível vislumbrar a produção de experiências formativas, a reescrita do Projeto Político Pedagógico, a diversificação das práticas corporais no currículo, a ressignificação de concepções de infância e criança, e a fabricação de intervenções pedagógicas sensíveis à escuta das crianças e consideração de suas vozes, sem abandonar o interesse ético-político e a luta cultural pelo engendramento de subjetividades solidárias, democráticas, multiculturais, não machistas, não fascistas, não racistas e não autoritárias desde a Educação Infantil.

This work focuses cultural Physical Education in the context of Child Education. It is justified by the need to expand studies covering this curricular perspective with small children and also by the interest of a Public School for children in the city of São Paulo in getting to know and experience the proposal. The research started with a methodological plurality which included the general assumptions, presuppositions, and procedures of post-critical research in Education, the collaborative-critical research-action, and the research in/about/with daily activities. The objectives were: share with the pedagogical community of an institution of Child Education the knowledge of the cultural perspective of Physical Education; produce with the agents of everyday routines in Child Education pedagogical experiences in the cultural perspective of Physical Education; describe and analyze the experiences carried out, considering the narratives of participants, teachers and children, produced during and/or as a result of interventions; establish pertinence/impertinence, potentials and/or weaknesses of a cultural curriculum in Physical Education intended for Child Education. Between February 2018 and December 2019, 15 formative meetings were held with the pedagogical staff (teachers and managers) at the hours of Special Integral Formation Day (known as JEIF) and the Special Action Project (known as PEA) and pedagogical experiences were conducted with the bodily practices in the spacetimes of the curriculum dedicated to corporal culture. The formative meetings were critically described and narrativeimages of thematizations were performed of soccer, African plays, fights and frevo, with different teachers and children/classes. Drawing from the networks of know-how produced, my contention is the pertinence and potency of the cultural curriculum in Physical Education in/with Child Education, as it was possible to envision the production of formative experiences, the re- writing of the Political-Pedagogical Project, the diversification of the bodily practices in the curriculum, the re-signifying of the concepts of child and childhood and the manufacturing of pedagogical interventions sensitive as to listen to what children were saying and taking their voices in consideration, maintaining the ethical-political interest in and the cultural struggle for the making of subjectivities that are supportive, democratic, multicultural, non-sexist, non- fascist, non-racist, and non-authoritarian since the very beginning of Child Education.