A presente investigação tem como objetivo compreender como as experiências educacionais, promovidas no contexto escolar e em outros espaços de educação, contribuíram para a construção dos projetos de vida de adultos emergentes, com idade entre 18 e 25 anos. Buscando identificar, com isso, (i.) os modelos organizadores do pensamento sobre os projetos de vida dos adultos emergentes; (ii.) as implicações das experiências educacionais para os projetos de vida; (iii.) as implicações que as variáveis demográficas e socioeconômicas trazem para a construção dos projetos de vida na adultez emergente. Para tanto, baseou-se no conceito de projeto de vida como um constructo complexo e dinâmico que orienta a vida e que é influenciado, entre outros fatores, pelas experiências educacionais promovidas durante a formação dos sujeitos. Assim como, no fenômeno da adultez emergente, período do desenvolvimento que alterou os marcos de passagem para a vida adulta, possibilitando oportunidades e vivências que agregam maior complexidade para a construção de projetos de vida. Para compreender melhor as contribuições das experiências educacionais para o desenvolvimento dos projetos de vida, foi realizado um estudo exploratório de método misto, com 176 adultos emergentes, que responderam a um questionário online composto por: perfil demográfico, socioeconômico, características e dimensões dos projetos de vida e das experiências educativas. Os dados sobre os projetos de vida foram analisados com base na Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento. Posteriormente, foram feitos cruzamentos estatísticos entre as variáveis demográficas, socioeconômicas e educacionais, de modo a verificar associações com os modelos de projetos de vida. Os resultados referentes aos modelos de projetos de vida dos adultos emergentes (objetivo 1) mostram que 41% dos participantes apresentam projetos de vida focados no presente ou com objetivos altamente idealizados; 38,7% mobilizam projetos de vida focados na realização pessoal e/ou familiar; e 20% apresentam projetos de vida com a preocupação ou necessidade de impactar a sociedade. A análise estatística evidenciou em relação ao segundo objetivo específico que a oportunidade de participar durante o processo de formação de atividades relacionadas à dedicação aos estudos (especificamente, estudar para as provas); ao acesso à informação, à cultura e aos esportes (visitar museus e frequentar exposições, participar e disputar campeonatos esportivos e participar de grupos de artes) e ao engajamento social (envolver-se em associações estudantis, grupos artísticos, grupos religiosos, trabalho voluntário, movimentos identitários e sociais) geraram implicações para a construção de projetos de vida que contemplam a dimensão além de si. Em relação ao terceiro objetivo específico identificou que as variáveis idade e nível de escolaridade tiveram efeito para a construção dos projetos de vida. Assim como, evidenciou associação entre o acesso às experiências educacionais (ler jornais e revistas, ir ao cinema, frequentar exposições e estudar para provas) e classe socioeconômica, com os participantes da classe C2 apresentando menores proporções de participação nestas atividades, em contrapartida os participantes das classes A e B2 foram mais propensos a frequentar atividades culturais, como exposições e cinemas. Diante destes achados, percebe-se que, quanto mais diverso o acesso às experiências educacionais ao longo da vida, maiores as possibilidades de elaboração de projetos de vida que contemplam um alto nível de engajamento com questões sociais, políticas e religiosas, explicitando a dimensão além de si. Assim, verifica-se a necessidade de favorecer, de forma equitativa, a formação integral dos sujeitos, proporcionando acesso a diversas experiências educacionais que possam oportunizar a construção de projetos de vida voltados ao bem-estar pessoal e à atuação cidadã.

The present investigation aims to understand how educational experiences, promoted in the school context and in other educational spaces, contributed to the construction of the life projects of emerging adults, aged between 18 and 25 years. Seeking to identify, with this, (i.) the organizing models of thinking about the life projects of emerging adults; (ii.) the implications of educational experiences for life projects; (iii.) the implications that demographic and socioeconomic variables bring to the construction of purpose in emerging adulthood. To this end, it was based on the concept of purpose as a complex and dynamic construct that guides life and is influenced, among other factors, by the educational experiences promoted during the formation of the subjects. As well as in the phenomenon of emerging adulthood, a period of development that changed the milestones of passage to adulthood, enabling opportunities and experiences that add greater complexity to the construction of purpose. To better understand the contributions of educational experiences to the development of life projects, an exploratory mixed method study was carried out with 176 emerging adults, who responded to an online questionnaire composed of: demographic, socioeconomic profile, characteristics and dimensions of life projects. life and educational experiences. Data on life projects were analyzed based on the Theory of Organizing Models of Thought. Subsequently, statistical cross-checks were made between demographic, socioeconomic and educational variables, in order to verify associations with life project models. The results regarding the life project models of emerging adults (objective 1) show that 41% of participants present life projects focused on the present or with highly idealized objectives; 38.7% mobilize life projects focused on personal and/or family fulfillment; and 20% present life projects with the concern or need to impact society. The statistical analysis showed in relation to the second specific objective that the opportunity to participate during the training process in activities related to dedication to studies (specifically, studying for exams); access to information, culture and sports (visiting museums and attending exhibitions, participating in and competing in sports championships and participating in arts groups) and social engagement (getting involved in student associations, artistic groups, religious groups, voluntary work, identity and social movements) generated implications for the construction of life projects that contemplate the dimension beyond the self. Regarding the third specific objective, it was identified that the variables age and education level had an effect on the construction of life projects. Likewise, it showed an association between access to educational experiences (reading newspapers and magazines, going to the cinema, attending exhibitions and studying for tests) and socioeconomic class, with participants in the C2 class showing lower proportions of participation in these activities, in contrast to participants in the C2 class. of classes A and B2 were more likely to attend cultural activities, such as exhibitions and cinemas. Given these findings, it is clear that the more diverse the access to educational experiences throughout life, the greater the possibilities for developing life projects that include a high level of engagement with social, political and religious issues, explaining the dimension beyond of yourself. Thus, there is a need to promote, in an equitable manner, the integral training of subjects, providing access to diverse educational experiences that can provide opportunities for the construction of life projects focused on personal well-being and civic engagement.