No contexto educativo atual, encontram-se inúmeras ofertas de cursos que se apresentam como ferramentas de formação continuada para professores, afirmando proporcionar aprimoramentos cada vez mais inovadores para o bom e qualificado exercício das práticas docentes. A abundância de modelos, conteúdos e métodos visa garantir prescrições sobre a eficácia e o rendimento do saber e da prática docente. Porém, apesar da crescente proliferação desses cursos, inúmeras queixas seguem sendo formuladas pelos professores e endereçadas às instâncias responsáveis pelas formações, denunciando que nem sua profusão, nem os modelos oferecidos, parecem ser suficientes para atender à demanda enunciada. Esse descompasso levou ao questionamento disparador desta pesquisa com método psicanalítico: o que estaria por trás da queixa dos professores? Para tanto, foram feitas dez entrevistas com professoras e professores atuantes na educação básica e, com base nos referenciais psicanalíticos, foi possível realizar leituras que permitiram problematizar e refletir a respeito da posição dos professores diante das formações, assim como depreender o sentido das queixas docentes. Pois, diante do contexto composto por modelos formativos reparatórios, as entrevistas trouxeram indícios de que as queixas docentes denunciam a insuficiência do modelo formativo hegemônico que, ao pautar-se na racionalidade técnica e no rendimento dos saberes, deixa de fora a dimensão do sujeito do inconsciente. Assim, baseando-se na perspectiva da Psicanálise e Educação, foi possível identificar como os modelos de formação que levam em consideração o sujeito do inconsciente e, portanto, o reconhecimento de seus saberes se apresentam como um caminho fecundo a ser trilhado rumo ao encontro do que quer um professor para além de suas queixas manifestas.

In the current educational context, there are numerous offers of courses that present themselves as continuing education tools for teachers, claiming to provide increasingly innovative improvements for the good and qualified exercise of teaching practices. The abundance of models, contents and methods aims to guarantee prescriptions on the effectiveness and performance of knowledge and teaching practice. However, despite the growing proliferation of these courses, numerous complaints continue to be made by teachers and addressed to those responsible for their training, denouncing that neither the profusion nor the models offered seem to be sufficient to meet the stated demand. This mismatch led to the question that triggered this research with a psychoanalytical method: what would be behind the teachers' complaints? To achieve this goal, ten interviews were conducted with teachers working in basic education and, based on psychoanalytical references, it became possible to carry out readings that allowed problematizing and reflecting on the position of teachers in relation to training, as well as inferring the meaning of their complaints, since, given the context composed of reparatory training models, the interviews brought evidence that the teachers' complaints denounce the insufficiency of the hegemonic training model which, by basing itself on technical rationality and on the yield of knowledge, leaves out the dimension of the subject of unconscious. Thus, based on the perspective of Psychoanalysis and Education, it was possible to identify how the training models that take into account the subject of the unconscious and, therefore, the recognition of their knowledge can be seen as a fruitful path to be trodden towards understanding what a teacher wants beyond his manifest complaints.