Esta dissertação buscou iluminada pelas epistemologias das macumbas estabelecer diálogos entre o pensamento lesbiano, a teoria queer e os estudos foucaultianos em educação para analisar de que modo o espaço institucional da educação superior influenciou os processos de identificação de seis estudantes lésbicas. Em cada relato, é possível verificar de que modo a lesbianidade é vivida e negociada, reconstruída, ressignificada, reivindicada. A instituição universitária é complexificada, permitindo que se reconheçam as múltiplas redes, tempos e espaços sociais que nela coexistem, bem como os significados distintos e até antagônicos que o ambiente acadêmico pode assumir nos processos de subjetivação das estudantes. Por fim, a não-binariedade lésbica, tema recente no Brasil, se impôs ao final desse estudo como uma limitação não prevista, mas também como uma linha de fuga potente diante da circunscrição da lesbianidade ao sentido medicalizado, homonormativo da orientação sexual. Diante disto, sugiro que a abordagem da existência lésbica a partir da não-binariedade ofereceria ferramentas para o manejo das fronteiras identitárias, bem como para a apreensão dos múltiplos processos de pertencimento, acolhimento, reelaboração disputas e politização em torno da identificação lesbiana no espaço universitário.

Under the light of macumbas espistemologies, this master theses aims at establishing a dialog between the lesbian doctrine, the queer theory, and Foucaultian studies on education to assess how the institutional space of higher education influenced the identification processes of six lesbian students. In each history, it is possible to identify how lesbianism is lived and negotiated, reconstructed, reframed, and claimed. The university institution is complexified, allowing for the recognition of multiple coexisting networks and social spaces within, and of different - even antagonistic - roles that the academic environment may play in the students' subjectivation processes. Lesbian non-binary perspectives, a recently emerged topic in Brazil, imposed itself as an unforeseen limitation to this study, but also as a powerful line of flight from the circumscription of lesbianity to the medicalized, homonormative concept of sexual orientation. Therefore, I suggest that approaching lesbian existence from a non-binary perspective would provide powerful tools to handle identity borders and apprehending the multiple processes of belonging, acceptance, reformulation, controversy and politicization around lesbian identification in the academic environment.