Esta proposta de pesquisa tem como objetivo analisar o processo de concepção teórica e estruturação jurídica da Faculdade de Philosophia e Letras fundada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), na década de 1910, no Rio de Janeiro. A Faculdade representa o auge de uma trajetória de trabalhos do IHGB no campo da educação durante o século XX. Inicialmente como Eschola de Altos Estudos (1915), o objetivo era criar uma instituição que oferecesse formação profissional, baseada em conhecimentos técnicos e teóricos, para o setor público, com ênfase nas áreas de diplomacia, administração e finanças. As mudanças para Academia de Altos Estudos (1916), com a criação de um curso de filosofia e letras, redimensionaram o campo de trabalho da instituição, agregando um programa de estudos desinteressados à grade de cursos profissionais que manteve. Desse modo, expandiu sua atuação, visando formar não só uma elite política, mas também uma elite intelectual. Já enquanto Faculdade, este anseio de promover políticas de formação cultural e profissional adentrou ainda mais no campo da educação com a criação do curso Normal Superior, que pretendia formar professores para o magistério secundário e normal primário. Os três momentos analisados em conjunto sustentam a interpretação dessa experiência como uma empreitada educacional do Instituto. A conquista da chancela do Estado para formar profissionais direcionados a áreas políticas e sociais estratégicas, como o funcionalismo público e o círculo intelectual e docente, resgataria a posição de prestígio do IHGB abalada pela instalação da República. Além disso, atrairia para o Instituto um considerável protagonismo sociopolítico no país, sendo um polo de construção de conhecimentos e irradiador de membros para o Estado e para outros meios de poder. Nesse sentido, esta tese visa contribuir para a análise do IHGB como um lugar de poder atuante no campo educacional, inserido nas disputas sociais concernentes a este âmbito no contexto republicano, assim como instância produtora de práticas de ensino e promotora de políticas culturais. Tendo o arcabouço teórico da História Cultural como referencial para a análise dos objetivos políticos e sociais, em disputas na construção de espaços e estruturas de ensino no período localizado, prosseguimos no estudo de fontes como o Regulamento da Faculdade, juntamente com seus programas, documentos administrativos e parlamentares.

This research proposal aims to analyze the process of theoretical conception and juridical structuring of the Faculdade de Philosophia e Letras founded by the Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) in the 1910s, in Rio de Janeiro. The Faculty represents the culmination of a trajectory of work by the IHGB in the field of education during the 20th century. Initially known as the School of Advanced Studies (1915), the goal was to create an institution that would offer professional training, based on technical and theoretical knowledge, for the public sector, with emphasis on diplomacy, administration, and finance. The changes to the Academia de Altos Estudos (1916), with the creation of a course in philosophy and letters, resized the institution's field of work, adding a program of disinterested studies to the grid of professional courses it maintained. In this way, it expanded its activities, aiming to form not only a political elite, but also an intellectual elite. As a College, this desire to promote policies of cultural and professional training entered even further into the field of education with the creation of the Higher Normal course, which aimed to train teachers for secondary and normal primary teaching. The three moments analyzed together support the interpretation of this experience as an educational enterprise of the Institute. The conquest of the State's approval to form professionals directed to strategic political and social areas, such as the civil service and the intellectual and teaching circle, would rescue the prestigious position of the IHGB, shaken by the establishment of the Republic. In addition, it would attract to the Institute a considerable sociopolitical protagonism in the country, being a pole of knowledge construction and irradiator of members for the State and other means of power. In this sense, this thesis aims to contribute to the analysis of the IHGB as a place of power active in the educational field, inserted in the social disputes concerning this field in the republican context, as well as an instance producer of teaching practices and promoter of cultural policies. Having the theoretical framework of Cultural History as a reference for the analysis of political and social objectives in dispute in the construction of spaces and structures of education in the located period, we proceeded to the study of sources such as the Rules of the Faculty, along with its programs, parliamentary administrative documents.