Esta dissertação é fruto de uma investigação sobre o Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, tanto como instituição educativa quanto baseada nos usos praticados pelos visitantes a partir da apropriação do espaço de memória. Voltamo-nos para as relações entre moradores de Jacareí, SP, com um museu localizado neste município e uma escola pública que, durante décadas, ocupou o espaço que hoje sedia a instituição museológica. A casa que virou escola e depois se tornou museu é parte do imaginário social jacareiense, conta a história da escolarização em Jacareí e compõe a identidade coletiva do município. Tendo como arcabouço teórico as análises de Michel de Certeau sobre as artes do fazer, tratamos os usos dados por uma parcela de visitantes do museu, bem como as múltiplas interpretações que são dadas aos seus acervos, tanto por seus gestores quanto por seus visitantes. Sujeitos, ao produzirem discursos e usarem o espaço, a sua maneira, constroem patrimônios culturais e processos educativos. Consideramos, ainda, a importância da preservação do Museu a partir da ideia do direito ao passado como direito de cidadania, na medida em que o MAV, seu acervo e práticas cotidianas representam mais do que um legado material do passado ao tempo presente. A dimensão do direito ao passado envolve fundamentalmente a possibilidade de produção de memórias sociais, um aspecto dinâmico e identitário cuja importância reside mais no sujeito do que no próprio objeto museológico.

This dissertation is the fruit of an investigation about the Museum of Anthropology of Vale do Paraíba (MAV) as an educative institution and the uses of this facility by visitors resulting from the appropriation of this place of memory. I have observed the relations among the residents of Jacareí, SP, Brazil, a museum located in this city and a public school which, over decades, occupied the building where today the museum is installed. The house that became a school and later became a museum is part of the city s social imagery; it tells part of history of schooling in Jacareí and makes up the collective identity of the city. Having as a theoretical framework the analyses by Michel de Certeau about the arts of doing, I have researched the uses given by a portion of the museum s visitors, as well as the multiple interpretations as assigned to the collections by both the managers and the visitors. I have looked at the individuals who, by producing discourses and using the space at their own manner, build cultural heritage and social identities in a process that, as I see it, is educational. I have also taken into consideration the importance of conserving the Museum based on the idea of the right to the past as citizenship right inasmuch as MAV, its collection and everyday practices represent more than a material legacy of the past to the present. The dimension of right to the past involves fundamentally the possibility of producing social memories, a dynamic identity aspect whose importance lies more on the individuals than on the museum objects themselves.